domingo, 25 de dezembro de 2011

Sonata

Meu coração vai expulsando meu sangue para fora de meu corpo nu. Não posso evitar o exilio de alma ao meu corpo. A transformação do próprio satã desfazia-se em frações de piscar de olhos, daqueles tempos jamais passados.
Ei, você! Fique onde está, pensa que beberá goles deste vinho de bela safra sem mim? Onde foi parar meu cálice?
O soar inconfundível do piano invadia o recinto - que eu chamava de corpo -, as notas suaves iam perfurando o que eu chamava de pele, rasgando os músculos como se fosse um animal, triturava meus ossos sem hesitar.
O podre da carnificina - que eu poderia julgar ser da minha carne - adentrava em minhas narinas com função de alucinar minha mente devastada.
Vamos, pare o sangue! Não o deixe colorir a sanidade que pouco me resta. Pelo menos estou bela? Pelo menos estou bela para você? Tomara que a morte me deixe bonita...
O desgaste nítido dos meus olhos passados pelo tempo mostraram um cansaço sobrenatural que atuava como peso para meu corpo quase sem vida.
Perdi minha mente, meu mundo girou, caí em uma sonata desconcertante. Estava escuro, porém não chovia.
Meu corpo implorava por ajuda e suas mãos o tocavam como se fossem socorrer.
Me salve da minha própria escuridão. Costure esses pedaços do meu corpo que insistem em se separar. Limpe as feridas que teimam em marcar meu vulnerável corpo com mentiras.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Capítulo 15 - Tudo parece normal

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Rebeca

                                   A garota fechou o livro de matemática, a aula parecia entediante como sempre. Ela olhou para a sua melhor amiga, como sempre estava babando pelo professor.  Rebeca olhou de volta ao seu caderno, no canto estava escrito: "O que foi que eu fiz?". Tudo ocorreu na sua casa, estavam fazendo um trabalho de casa. Sua dupla era o Bernardo, um garoto novato na escola . Tinha cabelos loiros e um sorriso grande. Talvez, por infortuno do destinos os dois acabaram se beijando. Rebeca por sua vez, já tinha um namorado. Bernardo era melhor amigo dele. A garota rabiscou alguma coisa e fechou o caderno, a aula tinha acabado.
                                  O corredor estava lotado de estudantes. A garota estava com a sua cabeça envolto em pensamentos, mal conseguir distinguir algum som ao seu redor. Uma garota de cabelos curtos e lábios rosados toca em seu braço, Rebeca esta perdida em seus pensamentos. Era ela, sua melhor amiga. Amanda. Novamente ela toca na sua amiga, Rebeca parecia nem notar a sua presença. "Rebeca!", chamou Amanda estalando os dedos na sua face. Aquilo soou como um despertador. A garota voltou por um momento ao mundo real, pode reconhecer os sons ao seu redor, notou que sua melhor amiga a chamava loucamente.

- O que a senhora estava pensando?
- Nada não, é... é essa matéria de matemática, ta me deixando louca. - Não era isso que Rebeca pensava, sua mente pairava naquele beijo com o Bernardo. Ela amava o seu namorado, mas como foi que aquilo aconteceu? Impossível dizer.
- Sei... Você nem presta muita atenção Rebeca, eu sou sua melhor amiga. Pode me contar o que quiser. - Amanda estendia o seu ombro amiga para ela, Rebeca sabia que podia contar com a amiga, mas ainda não estava pronta.
- Não sei se devo, ainda não estou pronta para contar. Sei que você vai em entender. - Sorriu para sua amiga, sabia que Amanda entenderia.
                                  
                                 As garotas chegaram em seus armários, Rebeca colocou alguns livros e pegou algumas roupas de ginastica. Amanda pegou um livro de capa azul intitulado "Historia" . A próxima aula de Rebeca era Educação Física, amanda teria historia no próximo horário. As meninas se despediram e marcaram de almoçarem juntas. Chegando na sala de Educação Física, Rebeca se depara com Bernardo. A garota se esquecera completamente que fazia esse horário com ele. Ela tinha evitado ele por uma semana, esquivando-se ou fugindo dele. Agora não tinha escapatória.

- Rebeca, precisamos conversar. - Sua voz era atraente, ela sabia disso. Porém não poderia ficar fugindo dele para sempre.
- Tudo bem, precisamos mesmo.
                                  
                              Bernardo puxou rebeca para um canto do corredor, onde os dois poderiam conversar a só. Rebeca estava pronta para falar, mas ele a cortou quando a menina abriu a boca.

- Sei que aquilo foi um erro, e não quero que aconteça novamente.
- Mas aconteceu Ber, estou confusa agora.
- Não fique. Finja que nada aconteceu entre nós. Que nunca nós beijamos - Ele disse sussurrando como se alguém pode- se ouvi-los naquele lugar. - Não queria que nada pudesse acabar com a nossa amizade.
- Tudo bem, vou tentar parar de ficar grilada com isso. E me desculpe por ficar evitando você durante esse tempo todo.
- Ah, isso. Nem tinha notado. Mas fica tranquila. Não vai se repetir.
                                
                             Rebeca abraçou ele, parecia que tudo tinha voltado ao normal. A professora pareceu notar a ausência dos dois, entrou no corredor. Ela parecia uma mulher de uns trinta e cinco anos, muito forte com veias em seus braços e com pouca feminilidade. pegou os dois pelo braço e os colocou de volta a uma sala de aula.
                                

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Correio Elegante 5




Este será mais um post mensal
Agora todos os posters dessa continuação serão postados no dia 20.
Caso queiram ler posters anteriores : Correio Elegante 4
Azul será escrito pelo garoto e Rosa pela garota.


Garota mais popular da escola


               Já se passou dois dias que não recebi nenhuma resposta daquele correio elegante. Isso me preocupou um pouco, mas será que era alguém zuando com a minha cara? Se isso for verdade eu acabo com a raça dele. Mas acho que ninguém iria fazer isso comigo, pelo menos é o que eu espero. O meu namorado foi suspenso por três dias por colocar um garoto nerd em seu devido lugar, amanhã ele estará de volta. Peguei um batom na minha bolsa, precisava retocar a minha maquiagem. Precisava ficar perfeita. O melhor amigo do capitão de futebol, tocou o meu braço. Olhei para ele, nas mãos tinha um bilhete. Ele me pergunta se eu estaria livre hoje a noite. Perguntei o porquê no papel e retornei para ele. Alguns minutinhos depois ele me respondeu. Disse que estaria sozinho em casa e queria fazer uma festinha, somente nós dois. Nem precisei responder, olhei para traz e lhe mostrei um sorriso malicioso. Ele entendeu, iriamos ter uma festinha particular hoje a noite.
               Anoitecendo, arrumei-me e sai de casa antes do meus pais chegassem. Estava pronta para a festinha na casa dele. Ele me esperava de carro na porta da minha casa, estava lindo. Liguei o som e coloquei no volume máximo enquanto ele dirigia ate a sua casa. Uma ou duas músicas depois já tínhamos chegado. A casa dele era magnifica, tinha objetos de cristal por toda ela, nas paredes quadros de artistas consagrados do século vinte e um. Móveis de ultima linha. Fomos direto para o quarto dele, ele me agarrou pelas costas e começamos à nós beijar da escada mesmo. Rapidamente estávamos na cama dele, ele tirou a sua blusa. Eu tentava retirar a minha, as mãos dele moviam-se velozmente no botão da minha blusa. Ele tava muito euforico, parecia que esperava por aquilo durante anos. Joguei a minha blusa no chão, enquanto beijava a sua boca.

                   "Sempre estarei pensando em você"
                                         
              Fiquei imóvel, isso não poderia ser pior. Essa frase percorria a minha mente e eu me sentia suja beijando ele. Sentia-me como uma verdadeira vadia, aquelas sem escrúpulos. Não que nós ja fizemos isso antes, mas parecia errado agora. Fiquei quieta, ele percebeu. Levantei-me da cama, ele perguntava o que tinha acontecido. Como ele era grosso, como ele era insensível. Não era aquilo que eu queria na minha vida. Peguei as minhas roupas e tudo o que eu queria era ir embora. Ele segurou o meu braço, não queria me deixar ir embora. Disse que eu tava ali para fazer e era o que eu ia fazer. Dei um tapa na cara dele, soltei o meu braço e corri escada abaixo. Sai da sua casa o mais rápido possível, as lagrimas na minha face escorriam manchando a minha blusa com maquiagem. Senti-me suja, precisava de alguém apenas para me confortar. Voltei andando para casa. precisava de um banho , precisava de dignidade.
               A manhã seguinte poderia não ter sido pior, o meu namorado "espancador" tinha voltado da sua suspensão. Ele e o seu melhor amigo, o cara que me chamou para a festinha ontem estavam grudados a manhã inteira. E isso não era o que mais me fazia me sentir péssima, era o fato de eu ter me tornado uma menina vulgar e sem ninguém em quem eu possa confiar. Uma garota fez um sinal com a mão para mim e veio na minha direção. Era a menina do correio elegante, isso me fez soltar um sorriso sincero. Era um novo cartão, nele tinha uma unica frase:

                             " Eu confio em você".

                  Pode parecer loucura, mas isso mexeu comigo.

Correio Elegante 4


Este será mais um post mensal
Agora todos os posters dessa continuação serão postados no dia 20.
Caso queiram ler posters anteriores : Correio Elegante 3
Azul será escrito pelo garoto e Rosa pela garota.


Garoto Nerd

                      Tudo o que eu pensava naquele momento era que a minha vida iria ser tirada tão rapidamente que eu nem conseguiria dizer : "Senhor, me ajude!". O capitão do time de futebol cerrou os punhos, ele acertou o meu olho direito com apenas um golpe. Meus óculos caíram no chão despedaçados, seus comparsas continuaram a me espancar. Por mais que eu apanhasse eu não soltaria aquele papel. Sabia que tudo iria se perder se aquilo fosse descoberto por ele, que é principalmente a única pessoa que não deveria saber. Gotas de sangue escorria do meu nariz, pingando no chão e manchando toda a minha roupa. Cai no chão, minha mãos abraçavam a minha bariga. Ele riam de mim, eles achava que aquilo que faziam por diversão era uma coisa natural. Que não iria resultar em nada. Por um instante minha visão ficou turva, tentava focar em algum ponto na minha frente, mas parecia meio que impossível. Sentia gosto de sangue na boca, respirava com dificuldade e a minha visão ainda estava turva. Parecia que agora era o fim para mim.
                         Acordei na enfermaria, com a enfermeira limpando o sangue do meu rosto. Ainda usava as minhas roupas que não estavam em condições apropriadas. Olhei em seu rosto, eu precisava dos meus óculos. Ela era loira, com batom meio rosado nos lábios, isso era o que eu podia identificar sem os óculos. Ela pegou em minhas mãos e me entregou os óculos reserva, coloquei-os e enxergava normal de novo. Perguntava-me como ela conseguiria aqueles óculos, percebi que as minhas coisas estavam em uma cadeira ao meu lado. O bolso da lateral estava aberto e algumas coisas fora do lugar. Tentei me levantar, mas tudo doía. Era inútil tentar fazer algum esforço físico. Até que percebi que ainda na minha mão, porém muito amassado o correio ainda estava lá. A enfermeira disse-me que eu tinha permanecido com a minha mão fechada mesmo quando estava inconsciente e que aquilo era estranho para um garoto como eu. Ela limpou todo o sangue do meu rosto, levantou e foi pegar algumas roupas limpas. Não que teria um estoque de roupas minhas limpas na enfermaria, para todas vezes que eu apanhava. Eram roupas do achados e perdidos, roupas que alunos esqueceram na escola ou mesmo deixaram ali de proposito. Ela voltou com uma camiseta limpa com um desenho infantil. senti-me um otário por ter que vestir aquilo.
                       Fiquei na enfermaria por no mínimo uns três horários, tinha curativos no meu nariz e o meu olho estava roxo. Quando ela estava distraída, peguei as minhas coisas e dei o fora dali. Não queria que ninguém cuidasse de mim, não por ser orgulhoso. Mas por ser eu mesmo. Sempre resolvia os meus problemas sozinho e esse era um deles. O cartão do correio elegante estava tão danificado que talvez eu não pudesse recupera-lo. Eu sabia de uma coisa, ela era a menina mais linda que tinha conhecido na minha vida e aquilo de mexer com ela, eu iria lembrar para sempre. A escola não era lá essas coisas, nem ao menos avisaram os meus pais. Não gostavam de problemas que mancha-se o nome da escola. Por isso nem se deram ao trabalho de fazerem um ligação. Eu precisava achar a garota do correio elegante, comprar um novo e entregar a garota mais popular da escola.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Refúgio 8

                                       Falando alto ate parece meio loucura, mas era o que eu queria fazer. Peguei o papel, onde tudo que tinha planejado estava escrito. Estava na hora de pôr o plano em prática. Na minha mochila, um pequeno frasco com uma quantidade significativa de pó estava guardado, somente esperando para entrar em ação. Aquele pó, era puro laxante. Faltava uns quinze minutos, para "visitar" a secretaria do diretor. Precisava contar com a sorte para que tudo corrá como o planejado, que nada pudesse interferir. Agora estava tendo aula de filosofia, olhei novamente o relógio. Estava na hora.
                                       Levantei-me da minha carteira e pedi autorização para poder sair de sala. Coloquei no meu bolso, o frasco de laxante. Andei o mais rápido que podia, não poderia demorar tanto para colocar o laxante na água da secretária e voltar para a sala de aula. Quando cheguei a mesa da secretaria, poderia jurar que tudo o que tinha planejado tinha ido por aguá abaixo. Não tinha nenhuma garrafa com água, ou algo que poderia me ajudar naquela hora. Nenhuma garrafa com café, suco ou alguma coisa do gênero. "Droga, o que eu faço agora?" A secretaria olhou para minha, sua expressão não era nada agradável. Ela tinha uma aparência de uma senhora de aproximadamente uns 59 anos , com rugas e cabelos grisalhos. Coloquei a mão dentro do bolso da calça, apertava inconscientemente frasco do mal.
                                      Não conseguia pensar em nada, aquele sentimento de fracasso preenchia o meu peito. Simplesmente acenei para ela e retirei-me daquele local. A sala de aula estava muito bizarra, nem poderia dizer se aquilo poderia ser uma sala de aula. Os alunos tacaram papel higiênico no teto, alguns ficavam pregados e outros caiam na cabeça dos alunos. Aquilo era nojento, onde estaria o professor nessas horas? Virei o meu rosto. Não poderia dizer que aquilo me surpreenderia, mas surpreendeu. Ele estava na sua cadeira, sentado e bem acordado. Sua boca estava envolta de algo, não sei bem o que era. Parecia ser uma corda, olhando bem, era um cinto. Ele estava completamente amarrado, da cabeça aos pés. Até agora, aquilo era normal. O que me surpreendeu era que na sua testa, em letras cursivas um bilhete estava colado. Nele estava escrito: " Refúgio ".
                                         Uma linha de raciocínio percorreu a minha mente por completo, eu sabia o que aquele bilhete queria dizer, porém ninguém foi capaz de me dizer quem havia colocado ele ali.Como alguém em santa consciência poderia colar um bilhete na testa do professor e ninguém ter visto? TUM. E esse foi o som a ficha caindo. Desviei-me dos papeis molhados ultra nojentos que caindo do teto e retirei o cinto da boca do professor. Perguntei para ele quem tinha colocado aquilo na testa dele, porém sua voz saiu um pouco desnorteada. Um tupor de álcool invadiu o meu sistema respiratório e me fez querer vomitar. ele estava completamente bêbado. Não iria me ajudar em nada, mas como ela conseguir?
                                         Corri para aquele banheiro, onde ninguém iria. Aquele que por um tempo foi o meu "Refúgio". A porta estava entre aberta, o chão e as paredes ainda estavam escritos com canetão de cor verde, a mesma do bilhete. Porém, nem tudo continuava do mesmo jeito. Da lâmpada uma linha de cor esverdeada descia até pairar em uma pequena chave dourada, nela uma tirinha de papel descrevia o seu destino. Arranquei e li o que estava escrito. No papel estava: " Depósito da escola"
                                         A minha maior pergunta da minha vida não seria : "Quem é essa garota?". Mas sim, em : "Como ela consegui fazer esses tipo de coisas?"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E.T.A.P.S

                             Sala de aula, dia ensolarado do lado de fora. Era aula de filosofia, a maioria dos alunos estava dormindo ou babando em suas carteiras com olhos de zumbis. Eu poderia jogar álcool em volta deles e tacar fogo e ninguém iria mover um simples músculo. Iriam assar como frangos em uma churrasqueira. Acho que eu era o único prestando atenção. No quadro tinha algumas anotações sobre Platão e outras sobre Sócrates, um dos maiores filósofos do mundo. Pelo menos era o que eu pensava. No canto do quadro tinha algumas letras, eram E.T.A.P.S. Ninguém nunca notara aquelas letras ou ao menos davam importância. Eu sim, sabia o que realmente significava. Elas eram para mim.
                              O professor tinha cabelos negros como a noite, olhos castanhos como chocolate. Sua boca era pequena com lábios carnudos. Suas sobrancelhas realçava a beleza dos seus lindos olhos. Seu corpo era malhado, tinha braços enormes e um grande peitoral. Porém usava roupas velhas e com um numero maior do que o seu, isso lhe dava a aparência de uma pessoa mais velha. Elas não realçava o seu corpo, nem os óculos em sua face.
                              No meu caderno, as mesmas letras estavam escritas no rodapé. E.T.A.P.S. Significavam Eu Te Amo Para Sempre. Adora aquele lance, de ninguém saber que eu namorava o professor de filosofia, sendo apenas um aluno do segundo ano do ensino médio. A porta da sala abriu, o coordenador da escola entrou. Isso foi mas eficiente que um relógio com alarme. Todos voltaram ao posicionamento correto de se sentar nas carteiras, alguns limpavam rapidamente a baba do rosto, outro nem ao menos se incomodaram de limpa-las.

- Senhor Charles Carvalho - Disse o Senhor coordenador.
- Sim. - Respondi  enquanto ergui minha mão.
- O Senhor precisa comparecer a sala do Diretor imediatamente.

                             O coordenador retirou da sala, fechando a porta quando saiu. Os outros alunos voltaram as suas posições de antigamente, parecendo que nada tivesse acontecido. Levantei-me e retirei-me de sala. Não tinha a minima ideia do que aconteceria comigo daqui para frente, tentava puxar pela minha memoria qualquer coisa que fizesse eu sentir culpa, ao algo do tipo. Porém nada, simplesmente nada. Não tinha nenhum motivo de ficar com um certo medo de ir para a sala do diretor. Atras de mim, poderia ouvir alguém correndo. Não me importava quem era, sempre era alguém que eu não conhecia ou alguém que nunca tinha visto naquela escola. de repente essa pessoa me pegou pelo braço, virei-me para ver quem era. Era o meu professor de filosofia. No meu ouvido ele sussurrou:" Vem comigo".
                            Estávamos dentro do armário do zelador, era uma salinha pequena que ele guardava os seus objetos de trabalho. O professor me beijou e depois me abraçou, o mais forte possível. Sei que aqui não é o lugar perfeito, mas era onde nós nós encontrava durante os dias de aulas. Ele encostou seu ouvido em minha orelha e sussurrou.

- Quer se casar comigo?


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Você decidi o final....

              

                   Fico meio abobalhado ao ver as covinhas em suas bochechas, meio sem jeito ao olhar em seus olhos. Isso tudo parece até aqueles filmes românticos onde os dois apaixonados sempre ficam juntos no final, porém isso tudo me parece meio que impossível. Não que eu não acredite nesses lances de filmes, mas é que você é o meu melhor amigo. E por isso vou tentar sufocar esse sentimento.
               As vezes, fico lembrando o porquê que me apaixonei por você. Você me protegeu desde de criança, sempre esteve ao meu lado e sempre pude contar com você. Mas tem coisas que acontecem e não tem como evitar. Você tem algo de diferente entre todos os homens que eu conheci. Você é especial, de vez em quando tenho a sensação que você exala uma especie de magia, que me envolveu tão profundamente, que tenho medo que um dia essa magia acabe.
              Um toque no meu ombro fez-me cair na realidade, me deparei no seu quarto. Suas roupas suadas do time de futebol estavam jogadas ao chão. Sua cama estava bagunçada ainda, eu tinha a sensação que aquilo nunca foi arrumado. Estou sentado na cama dele, enquanto esperava ele terminar o banho.
            
- Lucas, o que aconteceu com você cara? - Ele tocou outra vez no meu ombro.
- Nada, to viajando! - Falei impulsivamente, era como uma autodefesa da minha mente quando estava em um daqueles transes.
                               
                Olhei em seus olhos, era azuis como o próprio oceano atlântico. Seus cabelos estavam molhados, o seu corpo estava molhado. Na cintura segura a sua tolha de banho, o único pedaço de pano que envolvia o seu corpo. Ele sentou ao meu lado na cama. Deitou-se ao meu lado, do mesmo jeito que havia sentado. O seus pés balançavam e os seus olhos olhavam o teto.

- Lucas, sabe aquela garota do terceiro ano?
- Qual? - Eu sabia quem era, era a menina que sempre dava em cima dele todas as manhãs, mas fingi que nunca tinha notado.
- A Erica. Loira, um pouco mais baixa que eu. Aquela que você quase derrubou da escada da escola?
- Ah sim, sei. O que tem ela?
- O que você acharia se eu ficasse com ela?

                Será que eu realmente devo responder essa pergunta? Ou será que fico na minha e tento sufocar esse sentimento?

- Eu não sei, se você gostar mesmo dela...
- Você sabe que eu não gosto dela, mas pegaria só por pegar.

                 Poderia dizer que fui salvo pelo gongo. Quando iria responder a sua pergunta, sua mãe bateu na porta. 

- Meninos, o almoço já esta na mesa. Desçam agora!

                 Sempre aos sábados almoçava na casa do Will, era praticamente como se fosse parte da família. Ele se levantou da cama, respondeu alguma coisa para sua mãe e foi para o guarda-roupa. Ele abriu todas as gavetas, parecia que nada o agradava, nada ficaria bom. Ele me pediu para procurar uma blusa verde que ele tinha, uma com estampa de raios. Aquele quarto realmente precisava de uma limpeza. Enquanto eu procurava em baixo da cama ele procurava no outro lado do quarto.
                  Levantei-me, distraído por sinal, não notei que ele estava bem atrás de mim. Virei-me e ficamos cara a cara. Minha respiração bloqueou quase instantaneamente, minhas pernas ficaram um pouco bambas. Aqueles olhos azuis, eu olhava diretamente para eles. Eu senti aquele lance outra vez, aquela magia que ele parecia exalar. Envolveu-me completamente. Eu não tinha noção do que estava acontecendo, impulsivamente beijei-lhe. Eu ainda olhava aqueles olhos e ele olhava os meus. Ele não recuou, mas também não retribuiu. Meus lábios apenas tocaram os dele, mas para mim aquilo pareceu muito mais tempo do que aparentava. Eu me afastei dele. Estava em choque. Ele ainda olhava para mim, de relance pude ver os seus lábios mexerem.

- O que você fez...?

                                                     ....................................

Izadora

Pior do que se tornar um Scott é se tornar, eventualmente, um Noel.

E se existe uma Ramona para um Scott, então existe uma Izadora para um Noel.

O medo da primavera chegar anda me deixando louca. Estou abraçando o frio e a neve como se fossem filhos, como se tornassem parte de mim, não quero que acabe. Não quero que você acabe se tornando minha Izadora. Quero você como Ramona, mas não importa o que eu faça, não consigo de deixar de lhe ver como Izadora.

Destino cruel, encruzilhada maldita.

Por favor, me perdoe. Eu nunca quis te magoar, nunca quis te deixar de lado... não que você se importe muito com isso, estou começando a pensar que você também tem uma viagem ao Acre. Acho que você não entenderá nada dessa minha conversa. Não sei se eu acho bom ou se acho ruim.

Mas não pense que irei te esquecer, não pense que eu nunca te amei... eu fiz isso demais, fiz isso como nunca tinha feito antes. E ainda estou lutando para isso continuar vivo. Continuar assim, do jeito que eu gosto, desse conforto louco.

Talvez seja só umas bobagens, talvez seja só instinto. Talvez. Talvez. Talvez.

Eu sei que preciso acha-la, sei que eu preciso encontra-la de novo.

Não importa o que aconteça, preciso senti-la novamente.

então por favor, me perdoe. Me perdoe mas quem sou eu para lutar contra o temporal? quem sou para mandar nas estações?

Estou com medo, estou com muito medo. Da neve desaparecer, de fazer calor, de você sumir de mim.

Estou com medo, estou com muito medo. Mas não consigo falar isso para você, não consigo me confortar pois é você que me conforta.

Eu estou me matando por dentro.

Estou rezando para você me encontrar, antes que ela me encontre.

Então por favor, não ignore isso. Não ignore o 'nós'.

Me impeça antes que eu faça alguma loucura.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Elixir.


Você disse para mim que sempre que eu quisesse poderia escrever uma carta para ti, aqui estou com uma caneta e um papel na mesa, olhando para o dia passar diante de meus olhos. A xícara de café permanecer imóvel durante horas. Eu não conseguia escrever. Sempre que começava, tornava a chorar diante do espelho, sendo minha própria mártir. E agora, estou prestes a perder o controle, que eu já não tinha muito.

Eu te decepcionei. Prometi que jamais faria isso novamente, mas tornei a fazer quando você saiu de perto de mim. Sim, eu andei me cortando. Eu precisava disso, eu sei que talvez você não entenda, eu sei que talvez você brigue. Mas não me importo, tive meus motivos para fazê-lo. A verdade é que ainda me acho doente demais para ser poeta. Ainda me acho sensível demais para viver nesse mundo. Eu preciso disso. Preciso da dor que você não dá. O quão mais fundo eu for, melhor vai ser, quanto mais sangue brotar, quanto mais me afligir, quanto mais chorar, melhor ficará.

Eu não espero nada de você, como também não espero nada de mim. Estou começando a me odiar e minha existência começa irritar. Sei que você não tem nada a ver com meus dramas pessoais, mas precisava desabafar, não que eu realmente te mande essa carta, provavelmente eu simplesmente a queime e deixe passar.

Lembra de como a gente disputava para ver quem chegava mais perto do fundo do poço? era uma brincadeira engraçada e amargurada. E agora tenho certeza absoluta que passei do fundo há muito tempo e estou esperando alguém me dizer para parar de cavar por que já nao tenho mais dedos.

Sinceridade? estou vivendo nesse mundo à base de remédios, por que já não consigo aguentar a consciência me alertando do mal que faço à mim mesma. Talvez eu seja um perigo, talvez eu não deva pertencer nesse mundo.

Eu perdi meu controle e não estou esperando que você venha aqui tentar retomá-lo, na verdade, estou começando a gostar de ter essa insanidade. Ó ,querida Sanidade, quisera eu me importar com você, já não ligo mais em te perder para ter mais uma lembrança dela em mim, não me importo de lhe matar friamente se eu puder tê-la em meus sonhos novamente.

Sim, eu perdi o controle. Mas eu não me importo.

Enquanto você andava pelo mundo, vivendo suas aventuras, vivendo seus momentos, vivendo. Eu passei a maior parte do tempo sem conseguir distinguir a realidade da ilusão, meus sonhos de minhas lembranças, acho que estou doente. Acho que estou doente de amor. Mas não se preocupe, já fiz uma roupa que me cai bem, já fiz uma máscara carnavalesca para esconder a feiura, a dor, atrás de mim.

E minha alma está embriagada com o cheiro da morte. Até a natureza de mim se afastou. Já não sei quem sou, já não sei quem era. Pretendo ser o produto final do ser vivo, pretendo ser mais uma carne putrefaz alimentando o chão com seus nutrientes suicidas.

Observo no espelho minha fisionomia, não me reconheço, cabelos sujos e bagunçados, olhos vazios, palidez. Sanidade, ó querida Sanidade, fui lhe abandonando aos poucos para que tu pudesse me deixar viver no torpor que tanto acolho como filho, tanto acolho como droga.

Estou escrevendo esta carta à você, não para que me ajude a voltar a ser como era, não que me ajude a sair desse fim. Estou escrevendo para que você pare de insistir nessa história sem volta, para que pare de tentar lutar por uma luta vencida. Pela desistência.

Por mim, por favor, pare de me mandar falsos amores, pare de tentar me fazer feliz, acho que isso não é mais possível para alguém como eu.

Você sabia que quando alguém morre, seu ultimo pensamento fica gravado no corpo?

Eu só queria ter escolhido bem minhas últimas palavras, eu só queria ter escolhido bem meus últimos pensamentos.

O máximo que consegui dizer, pensar, falar ou escrever, antes de tomar aquele café frio.
Antes de me apunhalar bebendo minha morte, antes de tomar o suicidio em forma de grãos.

Aos meus últimos pensamentos você faz parte.
À minha ultima escrita você faz parte.
À minha ultima trajetória, meu último passo, você faz parte.
E aos meus últimos suspiros, você tbm o faz.

Vamos brindar, com as ultimas palavras.

Vamos brindar.

Vamos brindar ao Amor.

Que assim pelo menos em meu corpo fique gravado a essência do meu existir.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Recordações

E dizer o seu nome é a coisa que mais sinto saudades. Dizer ao pé de ouvido, esperando suas reações, sua vermelhidão, a falta de jeito. Saudades de dizer de forma lenta, de forma apaixonada, de forma instável. Sinto falta de me tremer toda ao escuta-lo, de ficar louca pensando no seu nome junto ao meu.

Outro dia desses, eu estava desenterrando algumas roupas velhas do meu armário e achei um casaco meu e o melhor dele não foram as recordações que eu tinha, e sim, o seu cheiro. Sim, ainda existia traços do seu cheiro, acho que ele ficou marcado. E aquele casaco nao era mais meu, era seu, era parte do nosso.
Das outras tantas coisas que aconteceram, das tantas outras lembranças boas que tenho de ti... A que mais me conforta era o seu cheiro, sim, seu cheiro me reconfortava. Em qualquer das ocasiões, até quando brigávamos, até quando comemorávamos, até o final de tudo, que eu me sentia solitária. As vezes eu só precisava sentir seu cheiro para eu me sentir segura, entende? é como se ele me trouxesse para a realidade.

E das lembranças mais intensas que eu tenho, aquelas mais nítidas, aquelas que ainda fazem meu coração acelerar, aquelas que rondam meus sonhos... São as lembranças de seus olhos. Sim, seus olhos. Não que eles tivessem algo de especial, eram castanhos. Eu sou fascinada neles pelo o que transmitem. Sabia que dá para te ler só com o olhar? Sim, você é um livro tão aberto. Seus olhos me hipnotizavam. E ainda tem esse poder.


Camila, me diga se você não tem essas lembranças, essas saudades que eu tenho de nós. Então me diga, que você não estremece quando uma recordação aperta, então fale, que elas as vezes não passam por sua mente. Eu sei que passam. Por mais que você diga que não.

Por que amor é assim, Camila. Você pode ter deixado de me amar, mas sempre haverá uma lembrança minha, uma mania, um jeito meu que fará você estremecer, fará você lembrar, mesmo que seja por uma fração de segundos, que o nosso amor um dia foi único, um dia foi vivo e intenso. Eu só quero que você admita isso e eu posso lhe deixar em paz, posso parar de te procurar, e sabe por que? por que eu sei, que bem no fundo, você ainda tem um pedaço meu, assim como eu tenho um seu.

E assim, eu poderei me agarrar na esperança que tudo isso um dia foi real, tanto os sentimentos, tanto o começo, tanto você quanto o final.

E eu quero ter certeza disso. Entende? eu quero ter certeza, para que eu jamais me esqueça que essa foi a melhor parte da minha vida.

Encho os pulmões para agradecer a você, agradecer por você ter me mostrado o amor, mesmo que sem querer. E foi por culpa desse ato de me mostrar algo novo, que eu acabei aqui. Querendo de novo. Querendo amor. Querendo você.

Sei que isso já não é mais possível. Por mais que eu queira. Então boa sorte com seus novos amores. E jamais se esqueça do nosso.

domingo, 20 de novembro de 2011

G.

Sabe quando você quer escrever algo mas não acha palavras para descrever? Pior ainda é quando se trata dos seus próprios sentimentos e não de personagens ficticios. Quisera eu, ser apenas mais um dos meus personagens inventados para que as palavras pudessem escorrer tão facilmente em minhas entranhas e sair tão leves quanto o bater de asas de uma borboleta.

Mas é dificil, sabe? Não são só meus sentimentos envolvidos nessa dança, você está nela também e aí é que tudo começa a ficar mais complexo por que nenhuma de nós guia esses passos. Ainda não sei quem ou oquê guie, a minha certeza é que embalei nesse agito, nessas canções e estou esperando que a música não acabe nunca.

Poderia ser fácil as pessoas se expressarem, e quando eu digo pessoas, digo eu, eu poderia ser uma pessoa fácil, quando tá feliz; pula, quando tá triste, chora. Mas não tem essa né? Nascemos assim.

Então estou aqui, nesse dia de chuva, tentando lhe dizer uma coisa da qual não tem um inicio próprio ou sentimento definido, talvez eu não perceba isso tudo, as vezes me cego tanto.

E é engraçado essas coisas de amar alguém né? Sempre achei. Nunca consegui compreender. Verdade é que eu nem tento. Para mim, as coisas vão se encaixando como devem, não devemos forçar esse tipo de coisa, ou tentar entender. Enfim, a partir do momento que notei que eu te amava, sabia que isso teria um troco e é mais ou menos assim, eu fico mil vezes mais vulnerável, você não sabe o quanto.Mas só com você também. E isso me irrita as vezes, não queria ser assim, tão sensível. Mas contigo eu sou. Por que diabos você me provoca essas reações?

Garota, você faz meu mundo girar de uma forma engraçada. E todas as vezes que você não gosta de alguma atitude minha ou fica mal, eu fico mal também, tipo, muito mal. Quase pular no penhasco da tristeza indo em direção aos álbuns de Legião Urbana e esperar que a tristeza tome conta de cada célula e que os pensamentos bonitos fiquem encolhidos em algum canto obscuro e que, por favor, eu não os ache de maneira nenhuma.

Exagero? Pode ser. Mas ainda assim não muda como me sinto, caramba, será que você não vê que eu te amo mesmo e foda-se todas as outras? E foda-se a distância e foda-se tudo, foda-se o mundo.

Eu só te quero, só quero ser feliz contigo, guria. Você tem meu coração, você é que faz meu mundo girar, você é que muda meu humor, então, por favor, cuida dele direito.

gire o mundo da maneira que você sabe girar, vamos dançar essa música como se fosse a primeira, vamos dançar essa música como se fosse a ultima.


sábado, 12 de novembro de 2011

Carta-resposta

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2011.
Cara Izadora,

Em primeiro lugar, peço desculpas pela invasão, sei que não foi certo tê-la deixado em seu quarto, aliás, não era certo nem tê-la entregado,nem feito, nem gastado a tinta da minha caneta ou ter enfrentado meus maiores medos. E digo isso, por que, você sabe tão bem quanto eu que a maior das minhas qualidades nunca foi a bravura, mas os sonhos. E ter tido a oportunidade única de ter enfrentado meus sentimentos para dizer esta carta à você foi como ter uma visão de mundo maior.

Em segundo lugar, peço desculpas, novamente, pelo cunho arrogante que dei à carta, pela insensibilidade, pela frieza, não queria aparentar tudo isso e o fato é que, esta carta, me mostrou algo que eu não tinha conhecimento, ainda sou um mero mortal, ainda amo, ainda sinto medo, ainda sinto frio, ainda sinto angústias, e fui tomado por tudo isso ao escrever a primeira carta. Eu só não consegui me expressar (talvez eu não tinha coragem para tal).

Sinto que nosso relacionamento poderia ter sido sim, melhor. Eu poderia ter melhorado, eu poderia ter prestado atenção nessas coisas sutis que deixava passar. O que sempre apreciei em nosso relacionamento não foi a intensidade dele, e sim a sinceridade, o explícito, o dito. Acontece que me enrosquei no meu próprio nó e não consegui fazer com que a confusão da minha mente pudesse ter sido resolvida. Eu não fui sincero com você e esse deve ser um dos meus maiores arrependimentos em vida. De tantas vezes que pedi sinceridade (e recebi em troca) não pude ser sincero na parte crucial, na peça fundamental de nós.

Izadora, talvez eu tenha me precipitado. Sim, talvez eu o tenha. Talvez no futuro caía a ficha e eu posso ver que tipo de babaquice eu fiz, mas o destino - coincidência, ou o carma - disse que não era para ser. Não para agora. Peço que você pare de pensar no "e se..." e comece a pensar no seu futuro, nos outros homens, nos seus outros amores, na sua nova vida, por que já estou pensando na minha. Parece cruel pedir algo assim, e talvez realmente seja, mas essa é uma das melhores coisas que eu posso lhe dizer no momento.

Uma das suas maiores qualidades, Izadora, é o questionamento, é este certo ceticismo que não consigo explicar, essa chuva de perguntas que inunda o pensamento de qualquer pessoa que por acaso seja vitima. E eu fui pego pelo temporal. Eu não tenho todas as respostas para as suas perguntas, eu não tenho nem ideias para dizer, nem suposições ou hipóteses, pois eu, como mortal que admito ser, não posso lhe dar afirmações de algo que seja do interior, de algo que seja do coração.

É verdade, porém, que as vezes penso "onde nós fomos parar?" por que sim, tínhamos tudo para dar certo, mas assim como romances fora de época, uma hora surge uma primavera precoce para se lançar sobre o inverno.

O que acontece comigo, Izadora, é que eu fui atingido por uma primavera fora de época. E o ar gélido (porém confortável e seguro) do inverno deu lugar ao calor da primavera. E foi nisso, nesse tiro acertado que eu pude ver a diferença clara entre o amor e a paixão. Entre o amor e a amizade, eu amei você.

E repito, eu amei você.

Mas todos nós somos capazes de amar mais de uma vez, seja lá quem ou oquê comande nossas vidas, ele deu a dádiva de amar e amar e amar tantas vezes. E que cada vez é como se fosse uma vida ou uma estação do ano. Não peço que me entenda. Mas você sempre me compreendeu tão bem que eu acho que você já sabe o que quero dizer, mesmo vindo com mais perguntas para respostas que ainda não dei.

Você me pediu dosagens de sinceridade, me pediu coragem, e você poderia ter exigido isso por que era de seu direito tê-las. Mas, como pessoa doce e gentil que sempre foi, pediu. E nesse ato de pedi-las que me fez repensar em meus atos. Me fez repensar em nós.

Izadora de Melo, eu fui,eu sou e serei seu amigo. Sempre terei um carinho, que não conseguirei explicar jamais, por você. E peço que das memórias que tu tenhas de nós, fique com as boas, e que lembremos de nossa história como algo bom, como realmente fora, e não com esse final sem contexto que chegou. Está na hora de partir e encontrar sua própria primavera, que suas estações mudem e que você consiga encarar o frio como algo bom.

Desculpas e votos de arrependimento não farão você se sentir melhor, é verdade, apesar de querer que fosse assim, então cabe à você, livrar-se desse fardo. Eu sei que alguém ainda aparecerá e será sua primavera.

Abraços,

Noel.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Inveja.

Foi ela não foi? Ela foi a primeira e única pessoa a perceber que você estava machucada não foi? Por que vocês tem esse negócio, que jamais consegui explicar - nem com ajuda de drogas - ... Vocês tem aquilo, aquele sentimento que transcende o corpo e a alma. Algo que estou percebendo agora...

Era como se elas se conhecessem tão bem quanto elas próprias, uma conseguia ver o que se passava por dentro da outra. Nunca soube o que era ou como funcionava, mas sabia que acontecia. As vezes eu tinha a impressão que elas conseguiam conversar só pelo olhar e brigar através de sorrisos. Parecia que elas estavam conectadas além do corpo, além dos hormonios do amor, além de tudo o que eu poderia imaginar. E eu chegava a invejar isso. Por que era uma coisa que dificilmente acontecia, mas com elas parecia acontecer tão espontaneamente que parece que foram destinadas para isso. Ou talvez realmente estivessem.

O fato é que elas não são um casal, digo, não são namoradas, nem são amigas, nem são peguetes, nem são nada, talvez elas sejam tudo, mas é dificil conseguir rotular.
As vezes elas ficavam juntas, as vezes se separavam e ficavam anos sem se ver. Mas sempre tiveram aquela mágica, desde o dia que se encontraram, e era por isso que quando Mariana chegou à mim contando este segredo eu sabia que ela já tinha conhecimento do ocorrido.

E era verdade. Letícia esteve no apartamento de Mariana uma semana depois que ela se feriu, e mais uma vez trocaram olhares que pareciam eternidades, que estavam cheios de saudades e palavras não ditas, porém sentidas. E mais uma vez elas se uniram na cama, e tomaram o café juntas e passaram dias como se fossem amigas ( ou namoradas) inseparaveis com aquele belo e inexplicável relacionamento.

Até o dia, é claro, que Letícia voltasse para mais uma das suas viagens e Mariana voltasse a mais uma das suas aventuras. Não trocavam novidades, não conversavam sobre o futuro, nem sobre trabalhos, nem sobre mulheres, nem sobre a nova linha de maquiagem. Conversavam do que sentiam, conversavam sobre o universo e todas as coisas. Talvez seja isso que as torne especiais, quando estão juntas o mundo some e surge um só delas.

E então, antes eram aqueles olhares de encharcados de saudade agora dão lugar ao sorriso da despedida, mas não a despedida ruim, aquela que nunca terá volta, aquela dolorida de não querer partir, mas sim, aquela que diz "um dia voltaremos aqui e continuaremos" , aquela que sabe que voltará e sabe que será tão bom ( ou talvez melhor) do que a anterior.

E então, naquele momento em que Mariana fechou a porta deixando Letícia voltar ao mundo e voltando ao próprio mundo, ela sabia que estava curada.

E eu sabia, desde o principio que eu não precisaria cuidar das feridas da Mari, sabia que não precisaria abraçá-la ou chorar ao seu lado. Por que ela já havia curado.

... Mas Mariana fez questão de sorrir aquele típico sorriso bobo, sabe aquele? que torna o coração vivo, que transforma o ambiente inteiro, por dentro e por fora, sabe aquele? que chamamos de amor? então.

... Mas Mariana fez questão de me fazer sentir pequeno, de me fazer sentir mortal, de me fazer sentir inveja.

Me aguarde, um dia eu revido.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

para vc.

e chega um determinado ponto em que preciso ficar só,preciso pensar,preciso conhecer.Viver outras paisagens,outras pessoas,outros lugares e ares. Sinto muito,mas talvez eu não sinta. Nunca fui presa à lugar algum,à pessoa alguma,talvez nem à mim mesma. É necessário e de extrema urgência que eu aprenda algumas coisas,que eu posso me recriar aos poucos. Ando fazendo isso há um tempo,mas não dá para se recriar vivendo no mesmo mundo,com as mesmas dores,mesmas pessoas... entenda,eu preciso disso. Eu preciso aprender algumas coisas e esses pensamentos burgueses não vão me ajudar em nada,só atrapalhar, entenda que eu preciso ser punida e só assim chegarei onde quero chegar. Eu volto,eu prometo à você que volto. Enquanto isso,peço um favor,não conte à ninguém sobre minha fuga. Confio demais em você,assim como eu acho que você confia em mim. Não se chateie. Eu preciso disso por agora.

sábado, 22 de outubro de 2011

Capítulo 6

NOTAS BAIXAS
AMANDA

Ele era lindo, realmente muito bonito. Suas covinhas nas bochechas me fascinavam, tinha cabelos pretos em um corte tipo social. Belos olhos azuis e uma barba por fazer. Não tinha como alguém parecer tão bonito quanto ele. Apesar dele ser um pouco mais velho do que eu , tiria por volta de uns vinte e sete ou vinte e oito anos. Sem perceber desenhava alguns corações no emu caderno de gramática, quando percebi apague todos. Não poderia parecer uma garota infantil que ainda desenha corações no caderno. Tomara que nenhuma das minhas amigas tenham notado isso. Sua voz me envolvia e entrava em meus ouvido como uma sinfonia inebriante. Era grossa e muito masculina. Seu nome? Era Roberto. Eu normalmente o chamava de professor.


O sinal do termino da aula tinha tocado, todos os alunos começaram a arrumar as suas coisas e saérem para a próxima aula. Antes de eu sair , ele veio ate a minha carteira. Uma forte sensação percorreu meu corpo. Sentia-me inebriada com o seu perfume que poderia sentir por ele estar tão proximo de mim. Porém esse estado foi quebrado por sua voz grossa e ao mesmo tempo macia. Ele disse que caso não tire melhores notas poderia ter que repetir o ano inteiro. Fiquei um pouco pasma, não poderia reprovar. O que ele iria achar de mim? Antes de sair ele deixou um bilhete, peguei e guardei-o em as folhas do meu caderno.

Não era para isso que tinha pegado aquela cueca do Matheus, mas ele iria me ajudar a estudar para a proxima prova. Todos os dias depois dos treinos dele de futebol, ele passava na minha casa e estudavamos um pouco. Eu queria passar de ano e ao mesmo tempo impressiona-lo.Em uma desse nosso encontreo de estudo, se é assim que posso chama-lo, estava mexendo em um de meus cadeernos e um pequeno papel caiu. Matheus tinha recolhido do chão, mas retirei de suas mão mais rápido do que ele podia imaginar. Tinha esquecido completamente daquele pedaço de papel. Matheus insistia que queria ler, eu  protegia-o como uma muralha impenetravel. Ele sorriu um pouco e começou a fazer pequenas suposições. Tinha certeza que era de um dos meninos da nossa sala. Estava ficando tarde, Matheus despediu-se e me fez prometer que contaria todo para ele amanhã. Olhei o bilhete e não podia acreditar, estava escrito apenas alguns numero. Demorei um pouco para descobrir que era o seu telefone. Não poderia ficar mais feliz.

sábado, 15 de outubro de 2011

Capítulo 5

FINAL DE SEMANA
REBECA

Esse foi o primeiro final de semana que meus pais brigaram e pelo jeito não teria volta, não tinha ideia de quanto tempo aquilo poderia durar. Aquela briga toda parecia que nunca teria um fim. Perguntava-me o que teria acontecido com eles, onde eles tinham errado, quando o amor começou a virar odio. Talvez nem tanto odio, porém não era amor. Discutiam por qualquer coisa, mas depois de um tempo aquilo nem parecia que tinha acontecido, mas essa briga foi diferente. Eles não estam se falando. Meu irmãozinho chorava muito toda vez que eles começavam a brigar, eu tentava acalma-lo passando a mão em sua cabeça e dizendo que aquilo iria ter um fim. Meu coração começava a duvidar dessa certeza.

Tentava ser forte na frente do meu irmão, mas por dentro estava chorando como uma condenada. Naquela noite não podia conter o choro, precisava de um abraço ou algo parecido. Peguei o celular e digitei qualquer número, apertei o botão que realiza ligações e coloquei-o no ouvido. Uma voz atendeu, era de homem e pelo jeito estava dormindo. Podia sentir pelo tom de voz. Comecei a falar, parecia que minha voz não saia. Quando ela saia, sia ao galopes. Nem eu mesma entendia direito o queria dizer. Ele me dizia para me acalmar, mas não conseguia. Respirei fundo, e de uma só vez disse o que estava acontecendo. Ele fez silêncio por alguns minutos. E disse apenas para me encotrar em uma pracinha que ficava perto da minha casa.

Estava frio, muito frio. Tinha pegado apenas uma blusa e saido escondida de casa. Tinha amarrado meu cabelos loiros encarracolados antes de sair. Tinha certeza que era o Bernardo ao telefone. Sentei em um balanço enquanto esperava por ele. Meus pensamentos voavam de forma aleatoria, porém apenas esses rodeavam uma unica fonte que se chamava separação. Não podia imaginar isso acontencendo e que apos nos mudarmos para uma nova cidade teriamos uma nova vida, uma mais feliz pelo menos. Fui despertada do meu ciclo de pensamento com um toque em meu ombro. Virei e deparei com um rapaz. Não era o Bernardo, apesar de se tão bonito quanto. Seu nome era Matheus, tinhamos nós conhecido na visita em sua casa quando a mãe dele chamou eu e Amanda para uma visita. Depois daquele dia tinhamos conversado mais vez, porém não lembra quando tinha anotado o telefone dele em meu celular ou como havia decorado. Meus olhos enxeram-se de lágrimas quando olharam os dele. Ele não me disse nada, apenas me abraçou. Em meio aos soluços tive uma estranha sensação de proteção. Podia ouvir claramente o que ele dizia: 

" Vai ficar tudo bem"

sábado, 8 de outubro de 2011

Capítulo 4


COMPRAS
MATHEUS

Odeio quando as minhas tardes são com a minha mãe, normalmente costumamos sair para fazer compras. São horas e horas de puro tédio, onde fico horas à fio esperando ela escolher o que vai levar pra casa. Fomos em uma loja no centro da cidade, era uma loja exclusivamente para mulheres e portanto não tinha nada que me interessava por lá. Mamãe pegou algumas roupas, pelo jeito era roupas de uma senhora de uns cinquenta anos. Ela tinha essa mania de tentar ter um gosto de uma mulher muito mais velha que ela. Foi para fora da loja, esperaria por lá.

Parecia que o tempo não passava, horas e horas e nada de minha mãe sair.Foi quando eu à vi do outro lado da rua. Impossivel não reconhece-la. Seus cabelos loiros e encaracolados brilhavam a luz do sol da tarde, eram lindos. Rebeca não estava só, estava com uma amiga (pelo menos é o que acho). Ela era bonita também, porém nem tanto quanto Rebeca. A garota usava seus cabelos negros e lisos amarrados como um rabo de cavalo e um ar de simpatia.Era Amanda. Pareciam verdadeiras amigas. Entrei na loja, tentei me camuflar entre as roupas femininas quando percebi que estavam atravessando a rua. Não podeia ser visto aqui fazendo compras com minha mãe, fazendo coisas de mulheres.

Elas escolheram algumas peças de roupa, tentava o máximo ouvi sua converça. Queria saber o que estavam conversando. Parecia algo muito engraçado, Rebeca dava algumas risadas e enrubrecia o rosto enquato Amanda falfa sem parar. Fiquei um tempo tentando entender desde quando elas saiam juntas ou ao menos tinham se conhecido.Por tras de cada arara de roupas, tentava me esconder delas. Tinha sorte por ser uma loja grande, se não estaria em calças justas. Rebeca pegou umas blusas e se dirigiu ao provador, Amanda porém sentou em uma das poltronas que ficavam em frente aos provadores para acompanhantes. Em poucos segundos Rebeca estava de volta, cada vez mais linda que a outra. Amanda resmungava alguma coisa e ela voltava com outra peça de roupa. Um pequeno surto veio em minha frente, minha mãe acabava de sair de um dos provadores e ficou de cara com Amanda. O que poderia ser pior?

- Amanda querida, você esta linda hoje! - Elogiou minha mãe, tipico dela.

- Bom dia, a senhora também. Como sempre! - Respondeu Amanda à altura. Minha mãe ficou um pouco envergonhada, porém se refez em segundos.

- Comprando alguma coisinha??
- Vim com uma amiga, ver algumas coisas para ela. - Rebeca sai do provador, linda como sempre.

Amanda apresentou Rebeca a minha mãe, falou que estava encantada conhecer uma garota tão bonita quanto. Não poderia ficar pior quando minha mãe se deu conta da minha ausencia, virou a cabeça tentando me encontrar mas não me achou. Eu estava completamente escondido. Ouvi ela convidando as meninas para passarem mais tarde na minha casa. Disse que eu adoraria conhece-la. Rebeca sorriu e Amanda confirmou o convite. O que eu vou fazer?

sábado, 1 de outubro de 2011

Capítulo 3

MAGIA

BERNARDO


Ela era engraçada apesar de tudo, seus cabelos loiros e encaracolados eram mesmo bonitos sob o sol da tarde. Estavamos voltando para casa, eu e Rebeca meio que viramos amigos depois que descobri que ela também fazia aulas de música ápos a escola. Na nossa cidade não tinham muitas escolas onde poderiamos aprender música, apenas uma. Chamava-se Escola de cantoria da Senhorita Carmem. Não era um nome que eu colocaria em escola, porém era a única que tinhamos. Voltamos juntos para casa, pois moravamos um pouco perto um do outro. Praticamente uns três quadras de distancia. Não tinhamos muita coisa em comum, apesar dessa amizade ser um pedido do Matheus no começo mas parece que esta se tornando algo bem maior. Conversavamos de quase tudo, contei que nunca tinha tido um animal de estimação e ela contou que não sabia nadar apesar de morar proximo da praia.

Tinhamos aula durante as terças e quintas, com apenas duas horas de duração. Eu estava aprendendo a tocar guitarra, e ela violino. Não era isntrumentos parecidos, mas faziam música. em uma de nossa voltas para casa, uma coisa ainda ficava em minha mente. Rebeca havia dito que nunca tinha beijo ninguém. Fiquei dias imaginando o porque uma garota como ela nunca tinha dado o seu primeiro beijo, ate fiz algumas suposições porém nenhuma que fosse coerente. Hoje parecia um bom dia para tentar voltarmos a falar sobre aquele beijo que nunca tinha ocorrido.

-Sabe, fiquei tentando imaginar o porque uma garota como você ainda não ter dado o seu primeiro beijo. - Disse com um tom pensativo.

- Uma garota como eu? - Pensando bem, a minha pergunta tinha sido meio com um duplo sentido. precisava esclarecer, deu para perceber o rubro em sua face.

- Uma garota bonita, como você.
- Obrigada, mas estava querendo achar a pessoa certa.
-Como assim?
-Achar aquela pessoa que faça a magia acontecer. Dizem que você escuta sinos batendo e consegue ver fogos de artificios quando os seus labios toca naqueles da pessoa que você gosta.

Fiquei em silencio por um tempo, uma coisa tinha me ocorrido. Nunca tinha tido esse tipo de magia, de todas as garotas que tinha beijado nunca tinha ouvido sinos ou ter visto fogos. Parecia que ela tinha alguma razão. Sorri para ela, afinal eu também queria sentir essa magia.

sábado, 24 de setembro de 2011

Capítulo 2



NOITE DA RAPAZIADA

AMANDA

Amarrei o meu cabelo pretos e lisos em forma de rabo de cavalo, suspirei fundo e devagar abri a porta. Estava dentro da despensa da casa do Matheus, um dos caras mais gatos da escola. Os pais dele estavam viajando, acho que por trabalho e ele estava dando uma daquelas festas de rapazes. Pelo menos uma vez por mês, seus pais viajavam e ele dava uma festa dessas. Era uma festa bem privada, onde apenas alguns amigos selecionados por ele estavam. Uma observação, todos eram homens que fazem coisas de homens e falam de coisas de homens. Nenhuma garota. Tinha percebido tinha alguns dias que eles estavam marcando.


A porta abriu sem fazer algum ruído. Estava na cozinha, era grande e com movéis modernos. A casa era preenchida com um som alto e gritos de alguns meninos. Eu tinha um objetivo, queria tirar uma foto do Matheus, precisava daquilo para algo mais tarde. Precisava da ajuda dele e ele não iria fazer por bem. Com uma camera fotografica em mãos andei ate onde seria a porta para a sala de estar, olhei sorrateiramente por ela. tinha muita sujeira, muitas bebidas e alguns meninos estavam no chão desacordados. Nenhum que conhecia ou que fosse bonito, pareciam se do clube de futebol que Matheus frequentava. Andei até a base da escada, onde provavelmente daria para o quarto dele. desviei de uns copos e subi rápida e silenciosamente. No andar de cima tinha apenas três portas, a porta do quarto dele foi fácil de descobrir. Não estava destrancada e a outra era um banheiro. Entrei, subtamente comecei a mexer nas coisas dele.

Abri seu guarda roupa, tinha muitas roupas. Abri suas gavetas, uma por uma. Eram três, a primeira era de blusas, a segunda de shorts ou bermudas e a terceira era de cuecas. Peguei uma. Era grande e de formato box, tirei algumas fotos do quarto dele, de repente escuto barrulhos na escada. Estava subindo alguém, e agora?

Ouvi vozes, uma eu reconhcia a distancia e a outra nunca tinha ouvido. Podia ver dois pares de pés mexerem na minha frente, um calçava uma havaiana branca e o outro estava descalço. Eles falavam algo sobre jogos, festas e a escola. Não conseguia ouvir direito, a música estava abafando algumas partes da conversa. Matheus sentou na cama, podia sentir o peso dele porque era dificil se esconder ai embaixo. O outro rapaz fechou a porta, o som da música tinha quase sumido apenas uma triha sonora de música de fundo parecia ter ficado. Ele falaram de uma garota, uma novata. Rapidamente me lembrei do dia que ela tinha entrado na nossa sala. Seu nome era Rebeca, a garota de cabelos loiros caracolados. Por meio da conversa, descobrir que Matheus tinha achado ela muito bonita e parecia estar afim dela. Por fim, descobrir também que o nome do outro garoto era Bernardo. Olhei rápidamente, ele era bonito. Tinhas os cabelos lisos loiros e com corte meio oval. Era alto e tinha um grande sorriso.

Eles haviam descido, sai debaixo daquela cama. Peguei aquela cueca e precisava sair dali. Não tinha uma foto dele comprometedora, porém tinha uma cueca dele e tinha como provar que era dele, Agora estava completa a fase um do meu plano.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Isso parece um pouco estranho,

É meio que engraçado, falando uma coisas dessas. Porém, é a mais pura verdade. Você não tem os belos olhos azuis que me fascinam, não tem o corpo que me impressionam, mas tem algo que me deixa louco. Não sei o que que é, mas parece que o coleccionador de corações achou alguém que o faça ser uma vítima. Que o faça de bobo ao pensar em você.

Não quero parecer meio que ansioso ou aparentar um desespero, só quero ser aquele que um dia tocou os seus lábios de forma tão natural que faz parecer aquelas histórias de romances reais ao invés de meras fantasias impressas em livretos.

Só quero te ver de novo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Minha familia sempre foi nomade e no fundo, no fundo eu sempre soube que eu era itinerante. Sempre atrás de novas imagens,nova cores,novos sabores,novos olhares e toques. Sempre atrás do novo, do desconhecido. Minha alma não se limita em cheiros, sabores, cores, lugares, pessoas, destinos, amores ou morte. Sempre mais, sempre inovar, sempre conhecer. Estou falando de mim mesma, pela primeira vez, com sinceridade e com a certeza de que a fala é certa. Me perdoe, você, que sempre esteve ao meu lado. Me perdoe, você, que me criou ou que puxou para cima quando eu estava perto do fundo. Talvez vocês todos não me vejam mais - falando de carne e ossos - sempre estarei com vocês, assim como carrego cada um no meu coração. Jamais esquecerei de cada um, por que,cada ser que eu conheci fez parte para se tornar o que eu sou. E talvez isso nao seja muito para o leitor, mas para mim, isso significa tudo. Desde minha respiração até o maior de meus sonhos.
Não estou planejando tudo isso para agora, mas estou avisando com devida antecedencia que uma hora pegarei minha bagagem e me mudarei para nada mais,nada menos, que meu lar.
E conhecerei cada detalhe de meu país. me aguardem.

sábado, 17 de setembro de 2011

Capítulo 1

NOVOS AMIGOS

REBECA

Retirei a minha ultima mala de dentro do carro, parecia que tudo ia ser diferente dessa vez. Poderia sentir um aroma de mudança no ar. O vento sacudiu os meus cabelos loiros cacheados, passava a mão tentado acalma-los mas pareciam se rebelarem no ritmo das correntes de  ar gélidos daquela cidade. Não parecia muito movimentada, tipica de uma cidade de interior onde a maioria dos cidadões se conheciam porém não tão pequena. Nós mudamos para o interior do país, moravamos no litoral. Meus pais e meu irmão mais novo. A nossa nova casa era muito maior do que a anterior, tinhamos quartos separados e uma escada em espiral. Moravamos em uma kitnet no surburbio que ficava uns trinta minutos da praia, agora demora mais ou menos umas três horas daqui para a praia. Não ligava muito para praia ou clima veraneio que durava todo o ano, estava tão euforica que não conseguia segurar. Agora teria um quarto só meu.

Desfazemos todas as coisas e estavamos exausto, a casa era grande e parecia que nossos moveis não preenchiam complemente. Tinhamos que fazer compras.

Na manhã seguinte fomos fazer a minha matricula e a do meu irmão na nossa nova escola, o coordernador acompanhou eu e minha mãe por um tour na escola, meu irmão mais novo tinha ficado em casa com o papai. Tinham quadra de basquete coberta com arquibancadas, quarda de futebol e uma pista de atletismo. Tinham um enorme laboratorio, sala de video e uma sala para as aulas de gastronomia. Tinham ate o seu proprio jprnal escolar. Era a escola dos sonhos. Ele nos acompanhou também para a sala onde eu estudaria. Entrou, falou alguma coisa com o professor e fez um sinal para entrar. Disse em voz aula o meu nome, todos me saudaram com um grande boas vindas. Algumas meninas um pouco mais animadas que as outras, outras menos. Até que me deparei com uma delas, apenas uma. Tinha incriveis cabelos negros, olhos castanhos e uma beleza fenomenal. Sentia que ela era diferente das outras, dava para ver nos seus olhos. Precisava saber o seu nome. 

Mamãe estacionou perto da escola, estava frio naquela manhã de terça. Dei um beijo no rosto da minha mãe e desci com meu irmão. Não esperava a hora de conhecer novos amigos e saber mais sobre aquela garota. Coloquei mais um tic tac na boca, esse era de sabor laranja. Peguei na mão dele e estava pronta para a nova escola.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A.

E eu,tola e ingenua, tinha pensado que fechei tua porta. Boba,entrei novamente naquele amontoado de pessoas sem sequer esperar coisa alguma. Ou será, que bem no fundo, eu esperava te encontrar? E que desde o principio, quando topei ir em um lugar como esse,eu já esperava encontrar teu sorriso dentre os milhares que tinha daquela passeata?E na espera inconsciente de te encontrar acabo percebendo naquela minha consciencia meio bamba,meio louca de que o sentimento não lapidado ainda estava em mim.

Encontrei você sem querer, assim como a primeira vez que nos vimos, você não é a pessoa mais bonita que já vi. E nao sei nada a seu respeito. Mas você tem algo que me chama muita atenção. Talvez seja pelo arrependimento de nao ter te dado a chance que merecia, talvez seja por que você seja tudo aquilo mesmo. nunca saberei nao é mesmo? Nunca tivemos tempo para conversar,eu também nunca dei essa brecha para você.

Só queria descobrir que feitiço é esse que me lançou que agora meu coração palpita e me instiga a ir em lugares que pouco gosto só para te ver,mesmo que de relance.

Sou boba,uma tola,ingenua e ainda imatura.
Eu sinto muito. Talvez você nao sinta. Mas as vezes penso em nós. Será que quando você me vê ,mesmo que por alguns segundos,também pensa?

E quando te vi,naquela desordem de pessoas bebadas,eu tive o nostalgico sabor do teu beijo sem ao menos ter te tocado,somente com o olhar. E quando você me cumprimentou como quem não quer nada, me senti um lixo. Coração doído. dói,dói muito. E eu nao sabia o quanto.

Tola e ingenua,achava que tinha,milagrosamente, arrumado minhas coisas e fechado tua porta,dizendo um adeus silencioso. E aqui me vejo, no meio da chuva olhando para a silhueta daquele portal retangular que dá para o seu lar. para você.

E aqui me encontro,bebada e perdida. Beijando meninas que me lembram você só para a dor ser menor,só para eu fingir por um instante que te tenho.
só para fingir.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Confesso.

Tenho que te confessar algo,
Os dias não são mais os mesmos sem você, e ficam tristes quando não acordo com seu sorriso. A primavera não tem mais graça, o verão não é tão quente e o inverno nunca foi tão frio.
É muito difícil deitar em minha cama e não ter a quem abraçar, as vezes passo noites em claro esperando alguma mensagem sua, algum telefonema, algo, por mais sutil que seja.
Me apaixonei por seu sorriso, por seu cheiro, por seus cabelos, por seu corpo, sua voz, sua risada, seu mau-humor... Me apaixonei por cada milimetro do seu corpo, cada célula, cada átomo, de sua pele até sua alma.
E sim, eu sei que isso parece cliché ou exagerado demais... E também sei dos riscos que corro após essa minha fala... Não tenho medo. Não tenho medo do sofrimento, não tenho medo do 'não', eu sou uma louca, uma tola. Talvez tenha que me internar.
É, eu estou apaixonada. Loucamente apaixonada por você.
E se quiser agora se desfazer desse abraço, nunca mais me beijar, você pode.
Eu entenderia. Ou talvez não, mas tentaria.

Se transformou no meu mundo. E não consigo me concentrar direito. Não consigo mais ver as coisas da mesma forma, nem usar minhas drogas.
Todas as viagens são suas. Todos os momentos são seus.

Eu tinha que dizer, alguma hora meu orgulho tinha que me deixar dizer tudo isso a você.
então eu repito,
se não quiser me ver nunca mais, nem me abraçar, nem me beijar.
Eu tentarei entender.
mas eu tinha que confessar, eu sabia que estava apaixonada desde a primeira vez que te vi, sentada naquele banco do parque, escrevendo coisas que jamais pude ler à espera do por-do-sol. E também tive conhecimento de que você se transformou em todos os meus pensamentos e sonhos a partir daquela festa, a partir do nosso primeiro beijo e todas as coisas que aconteceram depois.
Então afirmo, sou uma tola, uma louca.
E pergunto sem medo, com as pernas bambas, com o coração acelerado : você compartilha da mesma loucura?

E se isso for um sim,
Namora comigo e seremos felizes em nosso tempo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Quando olho para o nada... 3

- Descobri um jeito de abrir os cadeados -

Segurei o cadeado, ele era muito grande. Normalmente os cadeados são envolvidos pela minha mão, mas esses eram muito maiores. Esse era o primeiro cadeado, joguei o feixe de luz da lanterna sobre o cadeado que estava na minha mão. Na sua superfície, em alto relevo, tinha uma figura que a muito tempo não tinha visto. Não sou aquela pessoa que lembra das coisas na mesma hora, mas essa era diferente. Era a figura de uma bailarina, sua roupa era preta e em sua cabeça, uma coroa lhe dava um toque de sofisticação. Era a mesma bailarina que eu tinha ganhado de um amigo, quando ainda era criança. De repente surgiu uma linha de raciocínio, uma ideia talvez meio absurda, talvez meio obvia. Soltei aquele cadeado e comecei a correr por aquele corredor. Acho que descobrir um jeito de abrir os cadeados.


Finalmente achei o que eu estava procurando, estou parada em frente a uma das minhas portas de lembranças. Essa porta era uma das que eu mais visitava enquanto estava no meu subconsciente, "Ganhei um presente" era o que estava escrito na sua identificação. Guardei a lanterna desligada no bolso da minha calça jeans. Girei a maçaneta e entrei. Meus pés ralavam no piso de madeira, o vento que saia da janela batia na minha face fazendo os meus cabeços voarem um pouco. Fechei a porta, olhei ao meu redor. Estou no meu antigo quarto de criança, as paredes eram rosa, onde as prateleiras eram cheias de bichinhos de pelúcia. Tinha uma garotinha sentada na minha cama, as cobertas cobrindo o seu corpo ate a sua cintura. Suas costas estavam encostadas contra a cabeceira da cama. Ela tinha nas mão uma pequena bailarina de roupa preta e uma coroa na cabeça, a mesma que tinha naquele cadeado. Seus olhos estavam focados na bailarina, parecia que aquilo era o que movia a vida dessa garota. Dei alguns passos em direção dela, não podia ver a sua face. Ela era tão delicada, tão encantadora olhando aquele pequeno objeto de porcelana. É meio estranho achar que não a conhecia, mas aquela garota sentada na cama, era eu.


- Fernanda... - Sussurrei. A garota retirou os olhos da boneca de porcelana, seus olhos eram simplesmente puros, de uma criança ingenua.
- Sim... Mas quem é você? - Sua voz era doce e delicada.
- Eu ? Sou você um pouco mais velha.
- É claro, isso é apenas uma lembrança. O que você quer de mim?
- Eu ainda não sei ao certo, mas tem alguma coisa em relação a essa bailarina.
- A minha pequena Alice?
- É, a nossa pequena Alice. Acho que ela é a chave para abrir um dos cadeados.
- A chave? Cadeados?
- Uma das portas esta cheia de correntes e cadeados, preciso abri-la. Preciso da nossa pequena Alice.
- Não sei o porque de "essa" porta esta cheia de correntes e cadeados,mas eu  não acho que não vou poder ajuda-la muito.
- Não vai? Mas eu pensei que você...
- Você sabe que não posso ajuda-la, sou apenas uma lembrança sua e se eu passar esta porta e entrar naquele corredor, vou acabar desaparecendo para sempre. 
- Quero muito abrir aquela porta, preciso que você me entregue a Alice.
- Eu amo muito ela, ela é tudo o que eu tenho agora. Eu não posso fazer isso.
- Confie em mim, - uma lagrima caiu do rosto dela - Ajude-me.
Acho que a única ajuda que posso lhe oferecer e lhe entregando a pequena Alice. - As suas mãozinhas apertaram a boneca de porcelana.
- Juro que vou traze-la de volta. Eu prometo. - Lhe dei um sorriso de confiança.
- Obrigada, muito obrigada. - Suas mãos estavam esticadas com a boneca, peguei a bailarina.


Um pouco antes de sair daquela lembrança, a garota me chamou. Ela me entregou um pedaço de papel e a caixinha onde tinha vindo a bailarina. Agora falta pouco para abrir o primeiro cadeado.



sexta-feira, 24 de junho de 2011

Quando olho para o nada... 2

- O retorno -

Ouvia o som do relogio a noite inteira, eu não conseguia pregar os olhos. Quero muito saber, quero muito mesmo saber. Quem é aquele garoto? Porque tantas correntes? Me revirei na cama, olhei o relogio na cabeceira . Ainda era três horas da manhã. Acho que eu não conseguirei dormir mesmo. Abri a gaveta do criado mudo, retirei o meu mp3 com os fones de ouvido. Liguei-o e coloquei em um volume alto. tentei fazer a magia acontecer, aquele lance de olhar para o nada, de entrar no meu subconsciente.


Droga, não consigo. Me levantei  da cama, puxei o meu edredon e caminhei ate a varanda do meu quarto. A noite estava muito linda, era noite de lua cheia. O vento balançava as folhas da árvore do meu quintal, me sentei em uma cadeira de balanço que ficava na minha varanda e me enrolei no edredon. A lua estava realmente linda, poderia olha-la a noite inteira. Olhava fixamente para a luz da lua, quando dei por mim a luz da lua tinha se tornado a luz de uma lampada elétrica. Eu estava novamente naquele corredor. O corredor das minhas lembranças.


Hoje eu estava preparada, caso eu encontra-se aquela porta outra vez eu saberia o que fazer. Andei pelo corredor por algum tempo, ontem não parecia ser tão grande. A luz começou a falhar, parecia que eu estava chegando perto. Mais alguns passos e ela logo se apagou, parei . Olhei para os lados, tinha duas portas. Uma de cada lado do meu corpo. A porta da direita estava identificada como "A praia", a porta da esquerda "Acampamento". Me virei para a porta da esquerda e abri-a.


Essa porta dava no meio de uma floresta, era noite e poderia ouvir algumas canções que são cantadas em volta da fogueira. Fechei a porta e comecei a andar em direção das cantigas. A luz da fogueira facilitava a minha caminhada. Fiquei atras de um arbusto onde poderia ver as crianças em volta da fogueira cantando cantigas e  um adulto que tocava um violão. Eu era a garotinha que tinha um lenço branco com pequenos corações vermelhos em volta do pescoço, isso foi porque naquele acampamento peguei uma maldita alergia. Não participei da maioria das atividade do acampamento e todos me evitavam.Essa não foi uma boa lembrança. Devagar andei em direção a uma das barracas, não queria ser vista por ninguém. Vocês podem achar que é loucura minha, mas sim, podemos interferir em algumas lembranças quando nos envolvemos com ela. Por isso quero que "essa" lembrança permaneça neste estado. habilmente entrei dentro de uma das barracas e roubei uma lanterna. Agora preciso voltar para o corredor e achar aquela porta. 


As luzes começaram a falhar e finalmente apagaram-se, liguei a minha lanterna. Andei ate encontrar aquela porta. Era era a única porta diferente das outras. Ela não era pintada, os entalhes era feitos por um ferro quente onde as marcas escuras ainda estavam nítidas. Dei uma pequena olhada nas correntes. Todas as sete estavam com enormes cadeados. Um em cada corrente. Porém estes cadeados não comuns,  neles tinham um desenho diferente em cada. Eu não faço ideia de como vou abrir esses cadeados.


Preciso achar um meio de abri-los.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Catarse

Ainda estou em processo de recuperação.
fazia quatro semanas que eu tinha me separado dela.
estava em um bar qualquer,em uma avenida qualquer de um bairro qualquer.
não importava de fato onde eu estava.A única mesa em que sentia-se o medo de solidão.
Foi um processo muito dificil para esquecê-la,e eu sabia que aquelas quatro semanas não eram o suficiente para me esquecer de você,nem do seu cheiro,nem do seu riso.Aquelas semanas não fariam meu espirito livre como eu queria.Isso iria demorar muito e enquanto isso ia me desabando,caindo do voo que comecei sozinha.feridas não cicatrizam tão rápido,infelizmente.
E doía quando ela passava por mim na escola,e doía quando ela pegava o mesmo onibus,nem comentarei da dor que arranhava minha alma e me arrancava gritos e lágrimas afundadas no travesseiro quando ela falava comigo ou flertava com outra menina.Não,vocês não entenderiam isso.Era parecido com uma explosão muito forte no meu peito,sempre imaginei essa cena,não pergunte o porquê.
eu estava presa aquele sentimento,estava presa a ela e não sabia como eu poderia me libertar.
Eu não fazia a menor ideia do que fazer.E a angustia que eu sentia quando eu me pegava pensando nela ou nos lugares e coisas que poderíamos ter feito e não fizemos.
Por que o tempo - ou o destino ou sei lá o que for isso que planeja nossas vidas - não esperou um pouco mais para nos separar?
então passou mais uns 7 meses,não sei,perdi a conta conforme o mundo mudava,conforme eu mudava.
E me descobri pensando em você de novo.De uma forma diferente.Não mais raiva,não mais remorso,culpa ou angustia.nada de medo.Mas mesmo assim é algo que não sei explicar.
Me deprime,não me faz bem o que estou sentindo por você,mas eu acho,eu penso...não,não é um pensar....é mais como um viver,é necessário.Isso,que eu não tenho a menor ideia do que seja é necessário.É como um tornado ou uma ventania menos agressiva mas com a mesma intensidade cruzou o meu caminho,uma alegria veio me invadindo,e é como se eu entendesse toda a teoria das portas e lições que eu,mal-criada e teimosa,não quis aprender,me ceguei e vivi no escuro para não notar o que estava mais do que claro.E mesmo assim,sem poder explicar o que é,fico feliz que de alguma forma você me ajudou a ser quem eu sou.E querendo ou não eu tenho uma parte de você em mim e você,querendo ou não,tem uma parte minha.
Foi tudo aprendido pelo inconsciente,pelo coração,pelo cérebro,pelo corpo.absorvendo tudo isso,uma energia maior se preferir.
E em meio a esse tornardo,ou ventania,me libertei das amarras que tinha,me libertei sem querer,e assim eu pude realizar o que eu queria realizar desde o principio,quando nos conhecemos,posso,assim dizer que vivi uma experiencia que jamais experimentei,uma droga que jamais utilizei,algo que eu nem sabia da existência,experimentei em você,no sentimento que tive por você ,mas que demorou a vir, e o conjunto de toda a obra se transformou em uma catarse.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quando olho para o nada...

-O corredor das minhas lembranças-


Me encontro encostada na parede do meu quarto, abraçando os meus joelhos novamente. Estava com os fones de ouvido no volume maxímo, a janela estava aberta e o meu olhar vagava pelo nada. Era assim que eu entrava no meu subconsciente, assim que faço para achar as mais loucas historias ou os mais loucos contos.


Esse é o único lugar, onde a minha mente vaga sem limites. Onde eu vou quando estou neste estado? Vago insanamente em um corredor cheio de portas, suas paredes são de tijolos a vista. Não da cor normal, mas um pouco sujos com o tempo. Suas portas são todas de madeiras, da cor branca. Todas elas tem uma identificação. Onde posso abri-las e ver as minhas lembranças ou simplesmente criar novas. Porém esse corredor do meu subconsciente é mal iluminado. Li uma vez que isso significa as incertezas da minha mente. Não tenho a convicção que seja verdadeiro, mas acredito que seja verdade. Porque isso faz um pouco de sentido na minha vida.


Me aproximei da primeira porta, na identificação tinha escrito em letras cursivas negras :" 11 meses". Toquei na maçaneta fria e girei-a devagar. O click da porta se abrindo era bem audível, empurrei-a. Nesse instante poderia ver  exatamente um quarto de criança. Uma mulher jovem de boca avermelhada sentada em uma poltrona aninhando uma criança de colo, ela tinha o sorriso mais lindo que eu tinha visto na minha vida, ele exalava  felicidade. Não sei ao certo, mas meu coração batia mais forte, eu sabia que era ela. Ela olhava para aquele rostinho pequenino, me parecia que nada poderia abalar aquele sorriso, era pura felicidade. Eu estava encostada no portal da porta, ela nem sentia a minha presença. Eu era invisível aos seus olhos. Nada do que eu fizesse poderia distrai-la. Surgiu um grande sorriso na minha face, por um instante me toquei que aquela era minha mãe e aquela criança era eu. Acho essa a perfeita recordação que eu terei dela.


Fechei essa porta, segui adiante no corredor, andei por um tempo. Dava para perceber a lógica das identificações nas portas. Parecia estar em ordem decrescente. Abri outra porta, instantaneamente foi sugada pela porta. Me agarrei com tudo no portal da porta. Droga, porque eu não li o que estava escrito na porta? A minha visão estava sendo bloqueada por uma especie de neblina, calma ai, as minhas roupas levemente tornavam-se molhadas. Não era uma simples neblina, na verdade olhando direito, estou a mais de sete mil metros de altura. Meu Deus, como isso é possível? Onde estou tudo é possível, é a minha mente, o meu subconsciente. Ah lembrei, esta porta é a do meu primeiro pulo de paraquedas. Forcei um pouco para tentar voltar para o corredor, um vulto preto cortou  a nuvem caindo a uma velocidade surpreendente. Levei um susto, mas sabia que era eu. Forcei um pouco mais, pude voltar para o corredor e fechar a porta.


Nunca tinha andado tanto por esse corredor, a luz na minha frente começou a falhar, um pouco depois apagou completante. Continuei a andar, minhas mãos contra a parede.O corredor parecia ter acabado, esbarrei em uma porta. Mas o que me surpreendeu não foi o que estava escrito nela, não poderia ver nada, foi o som de correntes que a envolvia. Tate-ei a porta, pude contar no minimo sete corrente com enormes cadeados. Essa não era uma porta comum, tinha um relevo diferente, um aroma diferente, uma identificação diferente. Deslizei meus dedos sobre a porta, senti uns sulcos nelas, como entalhes. Segui o formato dele, era um formato de coração, mas não era todo. Era somente as bordas. Dentro tinha umas letras, onde deveria ser  a sua identificação. Contornei os entalhes dentro do coração, formava um letra. A primeira letra era o  "J". Depois a letra "U". E assim "L". "I". E finalmente a ultima letra"O".


Eu sussurrava enquanto contornava as letras - "J" "U" "L" "I" "O". Julio? Mas eu não lembro de ninguém que se chama Julio. Ou será...


TUM... A escuridão rapidamente foi se clareando, o som das corrente foi se tornando o som que saia dos meus fones de ouvidos, em um piscar de olhos eu estava novamente encostada na parede abraçando os meus joelhos e com algumas perguntas na minha cabeça. Quem será esse "Julio"? Porque todas as correntes? Quando vou te conhecer?


Eu preciso saber mais.