domingo, 25 de dezembro de 2011

Sonata

Meu coração vai expulsando meu sangue para fora de meu corpo nu. Não posso evitar o exilio de alma ao meu corpo. A transformação do próprio satã desfazia-se em frações de piscar de olhos, daqueles tempos jamais passados.
Ei, você! Fique onde está, pensa que beberá goles deste vinho de bela safra sem mim? Onde foi parar meu cálice?
O soar inconfundível do piano invadia o recinto - que eu chamava de corpo -, as notas suaves iam perfurando o que eu chamava de pele, rasgando os músculos como se fosse um animal, triturava meus ossos sem hesitar.
O podre da carnificina - que eu poderia julgar ser da minha carne - adentrava em minhas narinas com função de alucinar minha mente devastada.
Vamos, pare o sangue! Não o deixe colorir a sanidade que pouco me resta. Pelo menos estou bela? Pelo menos estou bela para você? Tomara que a morte me deixe bonita...
O desgaste nítido dos meus olhos passados pelo tempo mostraram um cansaço sobrenatural que atuava como peso para meu corpo quase sem vida.
Perdi minha mente, meu mundo girou, caí em uma sonata desconcertante. Estava escuro, porém não chovia.
Meu corpo implorava por ajuda e suas mãos o tocavam como se fossem socorrer.
Me salve da minha própria escuridão. Costure esses pedaços do meu corpo que insistem em se separar. Limpe as feridas que teimam em marcar meu vulnerável corpo com mentiras.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Capítulo 15 - Tudo parece normal

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Rebeca

                                   A garota fechou o livro de matemática, a aula parecia entediante como sempre. Ela olhou para a sua melhor amiga, como sempre estava babando pelo professor.  Rebeca olhou de volta ao seu caderno, no canto estava escrito: "O que foi que eu fiz?". Tudo ocorreu na sua casa, estavam fazendo um trabalho de casa. Sua dupla era o Bernardo, um garoto novato na escola . Tinha cabelos loiros e um sorriso grande. Talvez, por infortuno do destinos os dois acabaram se beijando. Rebeca por sua vez, já tinha um namorado. Bernardo era melhor amigo dele. A garota rabiscou alguma coisa e fechou o caderno, a aula tinha acabado.
                                  O corredor estava lotado de estudantes. A garota estava com a sua cabeça envolto em pensamentos, mal conseguir distinguir algum som ao seu redor. Uma garota de cabelos curtos e lábios rosados toca em seu braço, Rebeca esta perdida em seus pensamentos. Era ela, sua melhor amiga. Amanda. Novamente ela toca na sua amiga, Rebeca parecia nem notar a sua presença. "Rebeca!", chamou Amanda estalando os dedos na sua face. Aquilo soou como um despertador. A garota voltou por um momento ao mundo real, pode reconhecer os sons ao seu redor, notou que sua melhor amiga a chamava loucamente.

- O que a senhora estava pensando?
- Nada não, é... é essa matéria de matemática, ta me deixando louca. - Não era isso que Rebeca pensava, sua mente pairava naquele beijo com o Bernardo. Ela amava o seu namorado, mas como foi que aquilo aconteceu? Impossível dizer.
- Sei... Você nem presta muita atenção Rebeca, eu sou sua melhor amiga. Pode me contar o que quiser. - Amanda estendia o seu ombro amiga para ela, Rebeca sabia que podia contar com a amiga, mas ainda não estava pronta.
- Não sei se devo, ainda não estou pronta para contar. Sei que você vai em entender. - Sorriu para sua amiga, sabia que Amanda entenderia.
                                  
                                 As garotas chegaram em seus armários, Rebeca colocou alguns livros e pegou algumas roupas de ginastica. Amanda pegou um livro de capa azul intitulado "Historia" . A próxima aula de Rebeca era Educação Física, amanda teria historia no próximo horário. As meninas se despediram e marcaram de almoçarem juntas. Chegando na sala de Educação Física, Rebeca se depara com Bernardo. A garota se esquecera completamente que fazia esse horário com ele. Ela tinha evitado ele por uma semana, esquivando-se ou fugindo dele. Agora não tinha escapatória.

- Rebeca, precisamos conversar. - Sua voz era atraente, ela sabia disso. Porém não poderia ficar fugindo dele para sempre.
- Tudo bem, precisamos mesmo.
                                  
                              Bernardo puxou rebeca para um canto do corredor, onde os dois poderiam conversar a só. Rebeca estava pronta para falar, mas ele a cortou quando a menina abriu a boca.

- Sei que aquilo foi um erro, e não quero que aconteça novamente.
- Mas aconteceu Ber, estou confusa agora.
- Não fique. Finja que nada aconteceu entre nós. Que nunca nós beijamos - Ele disse sussurrando como se alguém pode- se ouvi-los naquele lugar. - Não queria que nada pudesse acabar com a nossa amizade.
- Tudo bem, vou tentar parar de ficar grilada com isso. E me desculpe por ficar evitando você durante esse tempo todo.
- Ah, isso. Nem tinha notado. Mas fica tranquila. Não vai se repetir.
                                
                             Rebeca abraçou ele, parecia que tudo tinha voltado ao normal. A professora pareceu notar a ausência dos dois, entrou no corredor. Ela parecia uma mulher de uns trinta e cinco anos, muito forte com veias em seus braços e com pouca feminilidade. pegou os dois pelo braço e os colocou de volta a uma sala de aula.
                                

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Correio Elegante 5




Este será mais um post mensal
Agora todos os posters dessa continuação serão postados no dia 20.
Caso queiram ler posters anteriores : Correio Elegante 4
Azul será escrito pelo garoto e Rosa pela garota.


Garota mais popular da escola


               Já se passou dois dias que não recebi nenhuma resposta daquele correio elegante. Isso me preocupou um pouco, mas será que era alguém zuando com a minha cara? Se isso for verdade eu acabo com a raça dele. Mas acho que ninguém iria fazer isso comigo, pelo menos é o que eu espero. O meu namorado foi suspenso por três dias por colocar um garoto nerd em seu devido lugar, amanhã ele estará de volta. Peguei um batom na minha bolsa, precisava retocar a minha maquiagem. Precisava ficar perfeita. O melhor amigo do capitão de futebol, tocou o meu braço. Olhei para ele, nas mãos tinha um bilhete. Ele me pergunta se eu estaria livre hoje a noite. Perguntei o porquê no papel e retornei para ele. Alguns minutinhos depois ele me respondeu. Disse que estaria sozinho em casa e queria fazer uma festinha, somente nós dois. Nem precisei responder, olhei para traz e lhe mostrei um sorriso malicioso. Ele entendeu, iriamos ter uma festinha particular hoje a noite.
               Anoitecendo, arrumei-me e sai de casa antes do meus pais chegassem. Estava pronta para a festinha na casa dele. Ele me esperava de carro na porta da minha casa, estava lindo. Liguei o som e coloquei no volume máximo enquanto ele dirigia ate a sua casa. Uma ou duas músicas depois já tínhamos chegado. A casa dele era magnifica, tinha objetos de cristal por toda ela, nas paredes quadros de artistas consagrados do século vinte e um. Móveis de ultima linha. Fomos direto para o quarto dele, ele me agarrou pelas costas e começamos à nós beijar da escada mesmo. Rapidamente estávamos na cama dele, ele tirou a sua blusa. Eu tentava retirar a minha, as mãos dele moviam-se velozmente no botão da minha blusa. Ele tava muito euforico, parecia que esperava por aquilo durante anos. Joguei a minha blusa no chão, enquanto beijava a sua boca.

                   "Sempre estarei pensando em você"
                                         
              Fiquei imóvel, isso não poderia ser pior. Essa frase percorria a minha mente e eu me sentia suja beijando ele. Sentia-me como uma verdadeira vadia, aquelas sem escrúpulos. Não que nós ja fizemos isso antes, mas parecia errado agora. Fiquei quieta, ele percebeu. Levantei-me da cama, ele perguntava o que tinha acontecido. Como ele era grosso, como ele era insensível. Não era aquilo que eu queria na minha vida. Peguei as minhas roupas e tudo o que eu queria era ir embora. Ele segurou o meu braço, não queria me deixar ir embora. Disse que eu tava ali para fazer e era o que eu ia fazer. Dei um tapa na cara dele, soltei o meu braço e corri escada abaixo. Sai da sua casa o mais rápido possível, as lagrimas na minha face escorriam manchando a minha blusa com maquiagem. Senti-me suja, precisava de alguém apenas para me confortar. Voltei andando para casa. precisava de um banho , precisava de dignidade.
               A manhã seguinte poderia não ter sido pior, o meu namorado "espancador" tinha voltado da sua suspensão. Ele e o seu melhor amigo, o cara que me chamou para a festinha ontem estavam grudados a manhã inteira. E isso não era o que mais me fazia me sentir péssima, era o fato de eu ter me tornado uma menina vulgar e sem ninguém em quem eu possa confiar. Uma garota fez um sinal com a mão para mim e veio na minha direção. Era a menina do correio elegante, isso me fez soltar um sorriso sincero. Era um novo cartão, nele tinha uma unica frase:

                             " Eu confio em você".

                  Pode parecer loucura, mas isso mexeu comigo.

Correio Elegante 4


Este será mais um post mensal
Agora todos os posters dessa continuação serão postados no dia 20.
Caso queiram ler posters anteriores : Correio Elegante 3
Azul será escrito pelo garoto e Rosa pela garota.


Garoto Nerd

                      Tudo o que eu pensava naquele momento era que a minha vida iria ser tirada tão rapidamente que eu nem conseguiria dizer : "Senhor, me ajude!". O capitão do time de futebol cerrou os punhos, ele acertou o meu olho direito com apenas um golpe. Meus óculos caíram no chão despedaçados, seus comparsas continuaram a me espancar. Por mais que eu apanhasse eu não soltaria aquele papel. Sabia que tudo iria se perder se aquilo fosse descoberto por ele, que é principalmente a única pessoa que não deveria saber. Gotas de sangue escorria do meu nariz, pingando no chão e manchando toda a minha roupa. Cai no chão, minha mãos abraçavam a minha bariga. Ele riam de mim, eles achava que aquilo que faziam por diversão era uma coisa natural. Que não iria resultar em nada. Por um instante minha visão ficou turva, tentava focar em algum ponto na minha frente, mas parecia meio que impossível. Sentia gosto de sangue na boca, respirava com dificuldade e a minha visão ainda estava turva. Parecia que agora era o fim para mim.
                         Acordei na enfermaria, com a enfermeira limpando o sangue do meu rosto. Ainda usava as minhas roupas que não estavam em condições apropriadas. Olhei em seu rosto, eu precisava dos meus óculos. Ela era loira, com batom meio rosado nos lábios, isso era o que eu podia identificar sem os óculos. Ela pegou em minhas mãos e me entregou os óculos reserva, coloquei-os e enxergava normal de novo. Perguntava-me como ela conseguiria aqueles óculos, percebi que as minhas coisas estavam em uma cadeira ao meu lado. O bolso da lateral estava aberto e algumas coisas fora do lugar. Tentei me levantar, mas tudo doía. Era inútil tentar fazer algum esforço físico. Até que percebi que ainda na minha mão, porém muito amassado o correio ainda estava lá. A enfermeira disse-me que eu tinha permanecido com a minha mão fechada mesmo quando estava inconsciente e que aquilo era estranho para um garoto como eu. Ela limpou todo o sangue do meu rosto, levantou e foi pegar algumas roupas limpas. Não que teria um estoque de roupas minhas limpas na enfermaria, para todas vezes que eu apanhava. Eram roupas do achados e perdidos, roupas que alunos esqueceram na escola ou mesmo deixaram ali de proposito. Ela voltou com uma camiseta limpa com um desenho infantil. senti-me um otário por ter que vestir aquilo.
                       Fiquei na enfermaria por no mínimo uns três horários, tinha curativos no meu nariz e o meu olho estava roxo. Quando ela estava distraída, peguei as minhas coisas e dei o fora dali. Não queria que ninguém cuidasse de mim, não por ser orgulhoso. Mas por ser eu mesmo. Sempre resolvia os meus problemas sozinho e esse era um deles. O cartão do correio elegante estava tão danificado que talvez eu não pudesse recupera-lo. Eu sabia de uma coisa, ela era a menina mais linda que tinha conhecido na minha vida e aquilo de mexer com ela, eu iria lembrar para sempre. A escola não era lá essas coisas, nem ao menos avisaram os meus pais. Não gostavam de problemas que mancha-se o nome da escola. Por isso nem se deram ao trabalho de fazerem um ligação. Eu precisava achar a garota do correio elegante, comprar um novo e entregar a garota mais popular da escola.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Refúgio 8

                                       Falando alto ate parece meio loucura, mas era o que eu queria fazer. Peguei o papel, onde tudo que tinha planejado estava escrito. Estava na hora de pôr o plano em prática. Na minha mochila, um pequeno frasco com uma quantidade significativa de pó estava guardado, somente esperando para entrar em ação. Aquele pó, era puro laxante. Faltava uns quinze minutos, para "visitar" a secretaria do diretor. Precisava contar com a sorte para que tudo corrá como o planejado, que nada pudesse interferir. Agora estava tendo aula de filosofia, olhei novamente o relógio. Estava na hora.
                                       Levantei-me da minha carteira e pedi autorização para poder sair de sala. Coloquei no meu bolso, o frasco de laxante. Andei o mais rápido que podia, não poderia demorar tanto para colocar o laxante na água da secretária e voltar para a sala de aula. Quando cheguei a mesa da secretaria, poderia jurar que tudo o que tinha planejado tinha ido por aguá abaixo. Não tinha nenhuma garrafa com água, ou algo que poderia me ajudar naquela hora. Nenhuma garrafa com café, suco ou alguma coisa do gênero. "Droga, o que eu faço agora?" A secretaria olhou para minha, sua expressão não era nada agradável. Ela tinha uma aparência de uma senhora de aproximadamente uns 59 anos , com rugas e cabelos grisalhos. Coloquei a mão dentro do bolso da calça, apertava inconscientemente frasco do mal.
                                      Não conseguia pensar em nada, aquele sentimento de fracasso preenchia o meu peito. Simplesmente acenei para ela e retirei-me daquele local. A sala de aula estava muito bizarra, nem poderia dizer se aquilo poderia ser uma sala de aula. Os alunos tacaram papel higiênico no teto, alguns ficavam pregados e outros caiam na cabeça dos alunos. Aquilo era nojento, onde estaria o professor nessas horas? Virei o meu rosto. Não poderia dizer que aquilo me surpreenderia, mas surpreendeu. Ele estava na sua cadeira, sentado e bem acordado. Sua boca estava envolta de algo, não sei bem o que era. Parecia ser uma corda, olhando bem, era um cinto. Ele estava completamente amarrado, da cabeça aos pés. Até agora, aquilo era normal. O que me surpreendeu era que na sua testa, em letras cursivas um bilhete estava colado. Nele estava escrito: " Refúgio ".
                                         Uma linha de raciocínio percorreu a minha mente por completo, eu sabia o que aquele bilhete queria dizer, porém ninguém foi capaz de me dizer quem havia colocado ele ali.Como alguém em santa consciência poderia colar um bilhete na testa do professor e ninguém ter visto? TUM. E esse foi o som a ficha caindo. Desviei-me dos papeis molhados ultra nojentos que caindo do teto e retirei o cinto da boca do professor. Perguntei para ele quem tinha colocado aquilo na testa dele, porém sua voz saiu um pouco desnorteada. Um tupor de álcool invadiu o meu sistema respiratório e me fez querer vomitar. ele estava completamente bêbado. Não iria me ajudar em nada, mas como ela conseguir?
                                         Corri para aquele banheiro, onde ninguém iria. Aquele que por um tempo foi o meu "Refúgio". A porta estava entre aberta, o chão e as paredes ainda estavam escritos com canetão de cor verde, a mesma do bilhete. Porém, nem tudo continuava do mesmo jeito. Da lâmpada uma linha de cor esverdeada descia até pairar em uma pequena chave dourada, nela uma tirinha de papel descrevia o seu destino. Arranquei e li o que estava escrito. No papel estava: " Depósito da escola"
                                         A minha maior pergunta da minha vida não seria : "Quem é essa garota?". Mas sim, em : "Como ela consegui fazer esses tipo de coisas?"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E.T.A.P.S

                             Sala de aula, dia ensolarado do lado de fora. Era aula de filosofia, a maioria dos alunos estava dormindo ou babando em suas carteiras com olhos de zumbis. Eu poderia jogar álcool em volta deles e tacar fogo e ninguém iria mover um simples músculo. Iriam assar como frangos em uma churrasqueira. Acho que eu era o único prestando atenção. No quadro tinha algumas anotações sobre Platão e outras sobre Sócrates, um dos maiores filósofos do mundo. Pelo menos era o que eu pensava. No canto do quadro tinha algumas letras, eram E.T.A.P.S. Ninguém nunca notara aquelas letras ou ao menos davam importância. Eu sim, sabia o que realmente significava. Elas eram para mim.
                              O professor tinha cabelos negros como a noite, olhos castanhos como chocolate. Sua boca era pequena com lábios carnudos. Suas sobrancelhas realçava a beleza dos seus lindos olhos. Seu corpo era malhado, tinha braços enormes e um grande peitoral. Porém usava roupas velhas e com um numero maior do que o seu, isso lhe dava a aparência de uma pessoa mais velha. Elas não realçava o seu corpo, nem os óculos em sua face.
                              No meu caderno, as mesmas letras estavam escritas no rodapé. E.T.A.P.S. Significavam Eu Te Amo Para Sempre. Adora aquele lance, de ninguém saber que eu namorava o professor de filosofia, sendo apenas um aluno do segundo ano do ensino médio. A porta da sala abriu, o coordenador da escola entrou. Isso foi mas eficiente que um relógio com alarme. Todos voltaram ao posicionamento correto de se sentar nas carteiras, alguns limpavam rapidamente a baba do rosto, outro nem ao menos se incomodaram de limpa-las.

- Senhor Charles Carvalho - Disse o Senhor coordenador.
- Sim. - Respondi  enquanto ergui minha mão.
- O Senhor precisa comparecer a sala do Diretor imediatamente.

                             O coordenador retirou da sala, fechando a porta quando saiu. Os outros alunos voltaram as suas posições de antigamente, parecendo que nada tivesse acontecido. Levantei-me e retirei-me de sala. Não tinha a minima ideia do que aconteceria comigo daqui para frente, tentava puxar pela minha memoria qualquer coisa que fizesse eu sentir culpa, ao algo do tipo. Porém nada, simplesmente nada. Não tinha nenhum motivo de ficar com um certo medo de ir para a sala do diretor. Atras de mim, poderia ouvir alguém correndo. Não me importava quem era, sempre era alguém que eu não conhecia ou alguém que nunca tinha visto naquela escola. de repente essa pessoa me pegou pelo braço, virei-me para ver quem era. Era o meu professor de filosofia. No meu ouvido ele sussurrou:" Vem comigo".
                            Estávamos dentro do armário do zelador, era uma salinha pequena que ele guardava os seus objetos de trabalho. O professor me beijou e depois me abraçou, o mais forte possível. Sei que aqui não é o lugar perfeito, mas era onde nós nós encontrava durante os dias de aulas. Ele encostou seu ouvido em minha orelha e sussurrou.

- Quer se casar comigo?


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Você decidi o final....

              

                   Fico meio abobalhado ao ver as covinhas em suas bochechas, meio sem jeito ao olhar em seus olhos. Isso tudo parece até aqueles filmes românticos onde os dois apaixonados sempre ficam juntos no final, porém isso tudo me parece meio que impossível. Não que eu não acredite nesses lances de filmes, mas é que você é o meu melhor amigo. E por isso vou tentar sufocar esse sentimento.
               As vezes, fico lembrando o porquê que me apaixonei por você. Você me protegeu desde de criança, sempre esteve ao meu lado e sempre pude contar com você. Mas tem coisas que acontecem e não tem como evitar. Você tem algo de diferente entre todos os homens que eu conheci. Você é especial, de vez em quando tenho a sensação que você exala uma especie de magia, que me envolveu tão profundamente, que tenho medo que um dia essa magia acabe.
              Um toque no meu ombro fez-me cair na realidade, me deparei no seu quarto. Suas roupas suadas do time de futebol estavam jogadas ao chão. Sua cama estava bagunçada ainda, eu tinha a sensação que aquilo nunca foi arrumado. Estou sentado na cama dele, enquanto esperava ele terminar o banho.
            
- Lucas, o que aconteceu com você cara? - Ele tocou outra vez no meu ombro.
- Nada, to viajando! - Falei impulsivamente, era como uma autodefesa da minha mente quando estava em um daqueles transes.
                               
                Olhei em seus olhos, era azuis como o próprio oceano atlântico. Seus cabelos estavam molhados, o seu corpo estava molhado. Na cintura segura a sua tolha de banho, o único pedaço de pano que envolvia o seu corpo. Ele sentou ao meu lado na cama. Deitou-se ao meu lado, do mesmo jeito que havia sentado. O seus pés balançavam e os seus olhos olhavam o teto.

- Lucas, sabe aquela garota do terceiro ano?
- Qual? - Eu sabia quem era, era a menina que sempre dava em cima dele todas as manhãs, mas fingi que nunca tinha notado.
- A Erica. Loira, um pouco mais baixa que eu. Aquela que você quase derrubou da escada da escola?
- Ah sim, sei. O que tem ela?
- O que você acharia se eu ficasse com ela?

                Será que eu realmente devo responder essa pergunta? Ou será que fico na minha e tento sufocar esse sentimento?

- Eu não sei, se você gostar mesmo dela...
- Você sabe que eu não gosto dela, mas pegaria só por pegar.

                 Poderia dizer que fui salvo pelo gongo. Quando iria responder a sua pergunta, sua mãe bateu na porta. 

- Meninos, o almoço já esta na mesa. Desçam agora!

                 Sempre aos sábados almoçava na casa do Will, era praticamente como se fosse parte da família. Ele se levantou da cama, respondeu alguma coisa para sua mãe e foi para o guarda-roupa. Ele abriu todas as gavetas, parecia que nada o agradava, nada ficaria bom. Ele me pediu para procurar uma blusa verde que ele tinha, uma com estampa de raios. Aquele quarto realmente precisava de uma limpeza. Enquanto eu procurava em baixo da cama ele procurava no outro lado do quarto.
                  Levantei-me, distraído por sinal, não notei que ele estava bem atrás de mim. Virei-me e ficamos cara a cara. Minha respiração bloqueou quase instantaneamente, minhas pernas ficaram um pouco bambas. Aqueles olhos azuis, eu olhava diretamente para eles. Eu senti aquele lance outra vez, aquela magia que ele parecia exalar. Envolveu-me completamente. Eu não tinha noção do que estava acontecendo, impulsivamente beijei-lhe. Eu ainda olhava aqueles olhos e ele olhava os meus. Ele não recuou, mas também não retribuiu. Meus lábios apenas tocaram os dele, mas para mim aquilo pareceu muito mais tempo do que aparentava. Eu me afastei dele. Estava em choque. Ele ainda olhava para mim, de relance pude ver os seus lábios mexerem.

- O que você fez...?

                                                     ....................................

Izadora

Pior do que se tornar um Scott é se tornar, eventualmente, um Noel.

E se existe uma Ramona para um Scott, então existe uma Izadora para um Noel.

O medo da primavera chegar anda me deixando louca. Estou abraçando o frio e a neve como se fossem filhos, como se tornassem parte de mim, não quero que acabe. Não quero que você acabe se tornando minha Izadora. Quero você como Ramona, mas não importa o que eu faça, não consigo de deixar de lhe ver como Izadora.

Destino cruel, encruzilhada maldita.

Por favor, me perdoe. Eu nunca quis te magoar, nunca quis te deixar de lado... não que você se importe muito com isso, estou começando a pensar que você também tem uma viagem ao Acre. Acho que você não entenderá nada dessa minha conversa. Não sei se eu acho bom ou se acho ruim.

Mas não pense que irei te esquecer, não pense que eu nunca te amei... eu fiz isso demais, fiz isso como nunca tinha feito antes. E ainda estou lutando para isso continuar vivo. Continuar assim, do jeito que eu gosto, desse conforto louco.

Talvez seja só umas bobagens, talvez seja só instinto. Talvez. Talvez. Talvez.

Eu sei que preciso acha-la, sei que eu preciso encontra-la de novo.

Não importa o que aconteça, preciso senti-la novamente.

então por favor, me perdoe. Me perdoe mas quem sou eu para lutar contra o temporal? quem sou para mandar nas estações?

Estou com medo, estou com muito medo. Da neve desaparecer, de fazer calor, de você sumir de mim.

Estou com medo, estou com muito medo. Mas não consigo falar isso para você, não consigo me confortar pois é você que me conforta.

Eu estou me matando por dentro.

Estou rezando para você me encontrar, antes que ela me encontre.

Então por favor, não ignore isso. Não ignore o 'nós'.

Me impeça antes que eu faça alguma loucura.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Elixir.


Você disse para mim que sempre que eu quisesse poderia escrever uma carta para ti, aqui estou com uma caneta e um papel na mesa, olhando para o dia passar diante de meus olhos. A xícara de café permanecer imóvel durante horas. Eu não conseguia escrever. Sempre que começava, tornava a chorar diante do espelho, sendo minha própria mártir. E agora, estou prestes a perder o controle, que eu já não tinha muito.

Eu te decepcionei. Prometi que jamais faria isso novamente, mas tornei a fazer quando você saiu de perto de mim. Sim, eu andei me cortando. Eu precisava disso, eu sei que talvez você não entenda, eu sei que talvez você brigue. Mas não me importo, tive meus motivos para fazê-lo. A verdade é que ainda me acho doente demais para ser poeta. Ainda me acho sensível demais para viver nesse mundo. Eu preciso disso. Preciso da dor que você não dá. O quão mais fundo eu for, melhor vai ser, quanto mais sangue brotar, quanto mais me afligir, quanto mais chorar, melhor ficará.

Eu não espero nada de você, como também não espero nada de mim. Estou começando a me odiar e minha existência começa irritar. Sei que você não tem nada a ver com meus dramas pessoais, mas precisava desabafar, não que eu realmente te mande essa carta, provavelmente eu simplesmente a queime e deixe passar.

Lembra de como a gente disputava para ver quem chegava mais perto do fundo do poço? era uma brincadeira engraçada e amargurada. E agora tenho certeza absoluta que passei do fundo há muito tempo e estou esperando alguém me dizer para parar de cavar por que já nao tenho mais dedos.

Sinceridade? estou vivendo nesse mundo à base de remédios, por que já não consigo aguentar a consciência me alertando do mal que faço à mim mesma. Talvez eu seja um perigo, talvez eu não deva pertencer nesse mundo.

Eu perdi meu controle e não estou esperando que você venha aqui tentar retomá-lo, na verdade, estou começando a gostar de ter essa insanidade. Ó ,querida Sanidade, quisera eu me importar com você, já não ligo mais em te perder para ter mais uma lembrança dela em mim, não me importo de lhe matar friamente se eu puder tê-la em meus sonhos novamente.

Sim, eu perdi o controle. Mas eu não me importo.

Enquanto você andava pelo mundo, vivendo suas aventuras, vivendo seus momentos, vivendo. Eu passei a maior parte do tempo sem conseguir distinguir a realidade da ilusão, meus sonhos de minhas lembranças, acho que estou doente. Acho que estou doente de amor. Mas não se preocupe, já fiz uma roupa que me cai bem, já fiz uma máscara carnavalesca para esconder a feiura, a dor, atrás de mim.

E minha alma está embriagada com o cheiro da morte. Até a natureza de mim se afastou. Já não sei quem sou, já não sei quem era. Pretendo ser o produto final do ser vivo, pretendo ser mais uma carne putrefaz alimentando o chão com seus nutrientes suicidas.

Observo no espelho minha fisionomia, não me reconheço, cabelos sujos e bagunçados, olhos vazios, palidez. Sanidade, ó querida Sanidade, fui lhe abandonando aos poucos para que tu pudesse me deixar viver no torpor que tanto acolho como filho, tanto acolho como droga.

Estou escrevendo esta carta à você, não para que me ajude a voltar a ser como era, não que me ajude a sair desse fim. Estou escrevendo para que você pare de insistir nessa história sem volta, para que pare de tentar lutar por uma luta vencida. Pela desistência.

Por mim, por favor, pare de me mandar falsos amores, pare de tentar me fazer feliz, acho que isso não é mais possível para alguém como eu.

Você sabia que quando alguém morre, seu ultimo pensamento fica gravado no corpo?

Eu só queria ter escolhido bem minhas últimas palavras, eu só queria ter escolhido bem meus últimos pensamentos.

O máximo que consegui dizer, pensar, falar ou escrever, antes de tomar aquele café frio.
Antes de me apunhalar bebendo minha morte, antes de tomar o suicidio em forma de grãos.

Aos meus últimos pensamentos você faz parte.
À minha ultima escrita você faz parte.
À minha ultima trajetória, meu último passo, você faz parte.
E aos meus últimos suspiros, você tbm o faz.

Vamos brindar, com as ultimas palavras.

Vamos brindar.

Vamos brindar ao Amor.

Que assim pelo menos em meu corpo fique gravado a essência do meu existir.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Recordações

E dizer o seu nome é a coisa que mais sinto saudades. Dizer ao pé de ouvido, esperando suas reações, sua vermelhidão, a falta de jeito. Saudades de dizer de forma lenta, de forma apaixonada, de forma instável. Sinto falta de me tremer toda ao escuta-lo, de ficar louca pensando no seu nome junto ao meu.

Outro dia desses, eu estava desenterrando algumas roupas velhas do meu armário e achei um casaco meu e o melhor dele não foram as recordações que eu tinha, e sim, o seu cheiro. Sim, ainda existia traços do seu cheiro, acho que ele ficou marcado. E aquele casaco nao era mais meu, era seu, era parte do nosso.
Das outras tantas coisas que aconteceram, das tantas outras lembranças boas que tenho de ti... A que mais me conforta era o seu cheiro, sim, seu cheiro me reconfortava. Em qualquer das ocasiões, até quando brigávamos, até quando comemorávamos, até o final de tudo, que eu me sentia solitária. As vezes eu só precisava sentir seu cheiro para eu me sentir segura, entende? é como se ele me trouxesse para a realidade.

E das lembranças mais intensas que eu tenho, aquelas mais nítidas, aquelas que ainda fazem meu coração acelerar, aquelas que rondam meus sonhos... São as lembranças de seus olhos. Sim, seus olhos. Não que eles tivessem algo de especial, eram castanhos. Eu sou fascinada neles pelo o que transmitem. Sabia que dá para te ler só com o olhar? Sim, você é um livro tão aberto. Seus olhos me hipnotizavam. E ainda tem esse poder.


Camila, me diga se você não tem essas lembranças, essas saudades que eu tenho de nós. Então me diga, que você não estremece quando uma recordação aperta, então fale, que elas as vezes não passam por sua mente. Eu sei que passam. Por mais que você diga que não.

Por que amor é assim, Camila. Você pode ter deixado de me amar, mas sempre haverá uma lembrança minha, uma mania, um jeito meu que fará você estremecer, fará você lembrar, mesmo que seja por uma fração de segundos, que o nosso amor um dia foi único, um dia foi vivo e intenso. Eu só quero que você admita isso e eu posso lhe deixar em paz, posso parar de te procurar, e sabe por que? por que eu sei, que bem no fundo, você ainda tem um pedaço meu, assim como eu tenho um seu.

E assim, eu poderei me agarrar na esperança que tudo isso um dia foi real, tanto os sentimentos, tanto o começo, tanto você quanto o final.

E eu quero ter certeza disso. Entende? eu quero ter certeza, para que eu jamais me esqueça que essa foi a melhor parte da minha vida.

Encho os pulmões para agradecer a você, agradecer por você ter me mostrado o amor, mesmo que sem querer. E foi por culpa desse ato de me mostrar algo novo, que eu acabei aqui. Querendo de novo. Querendo amor. Querendo você.

Sei que isso já não é mais possível. Por mais que eu queira. Então boa sorte com seus novos amores. E jamais se esqueça do nosso.