segunda-feira, 4 de julho de 2016

Caro Eduardo

     Foram exatamente cinco dias, cada um melhor que o outro. Apesar de serem apenas cinco dias, para mim era como se fossem uma eternidade que nunca acabaria. Sabe aquela sensação que fomos feitos para ficarmo juntos? Pois bem, me apaixonei desde quando te vi. PERDIDAMENTE !!

     Porém, nem tudo na vida é como deveria ser. Nossas conversas foram ficando escassas e apesar do máximo de esforço diário tentar chamar sua atenção, era como tentar construir um castelo de areia na praia e o mar vir e desmancha-lo a todo momento. O tempo foi passando, o dias um atras do outro, e nós nos distanciamos. Estou escrevendo esta carta, apenas para dizer que não pretendo ama-lo outra vez. Não pretendo correr atrás de um amor que não é meu. Quem sabe um dia podemos nós vermos outra vez, Quem sabe? Apenas deixarei o tempo dizer.

     Só espero que não seja tarde demais...

sábado, 16 de agosto de 2014

Toque do destino

       Não sei nem como reagir, ele parado aqui na minha frente e na minha mente uma onda devastadora de lembranças sugava toda a minha razão. Inconfundível, esse sorriso meio torto nos lábios, esses olhos que a muito tempo não os viam. Ele estendeu sua mão, lentamente, como se fosse um filme de câmera lenta, eu erguia a minha para tocar aqueles dedos. Poderia dizer que o toque dos meus dedos com os dele foi um despertar para uma outra época, uma outra viagem ao meu mundo de lembranças que a muito tempo não a fazia.

       Voltei exatamente no momento em que te vi pela primeira vez, estava sentado em baixa da minha árvore favorita, uma macieira. Escrevendo uma de minhas histórias, algo relacionado com feiticeiros e dragões alados que salvavam o mundo dos humanos. Lembro exatamente dessa história, pois foi quando você apareceu. Seus cabelos não eram tão curtos como agora ou ao menos grisalhos. Porém os seus olhos ainda continuam os mesmos. Os mesmos olhos azuis de quando tinha os seus quinze anos. Sua barba por fazer te dava uma aparência totalmente desleixada, como se não importasse com o futuro. Vendo você agora, me parece que ainda continua com esse mesmo ar de desleixo, com sua barba ainda por fazer. Você apenas sentou-se o meu lado, sem falar uma única palavra ou ao menos olhar para mim. Eu sentia-me como nós nos tivéssemos nos conhecido desde de crianças. Sentia-me seguro.

       Outrora essa lembrança dava espaço para outra e de repente tudo parecia ter mudado. Estávamos em pé, um de frente para o outro. Ele era um pouco mais alto que eu , questão de centímetros e ainda falava como se fossem metros e mais metros. Ele usava uma camiseta com o desenho do Batman e calças jeans. Eu estava apenas com uma calça moletom. Era tarde da noite e estávamos no meu quarto. Era dia do meu aniversário quando ele tocou as minhas mão e ainda olhando para os meus olhos me deu o meu primeiro beijo. Sua barba por fazer tocava no meu rosto, suas mãos seguravam a minha e meu peito quase se rasgava de tanta felicidade.

       As paredes pintadas do meu quartos se esvaiam em fumaça, e assim aquele momento também mudava. Era o dia em que ele tinha ido embora, era frio e gotejava naquela tarde. Meu coração ruía de dor ao saber que não estaria mas perto dele, mas era preciso. Ele entrava no ônibus, iria fazer faculdade em outro estado e poderia melhorar de vida lá, porem eu não tinha condições de acompanha-lo. Não tinha certeza que nossas vidas estariam ligadas pela obra do destino e que ele voltaria para me encontrar. Enquanto tentava ser forte naquela parada de ônibus, meu coração ia junto com ele. E esse foi o ultimo dia que o tinha visto ou ouvido sua voz.

       
As lembranças dava lugar para a realidade, ele ainda tocava meus dedos e sorria com aquele sorriso meio torto que me fascinavam por todos aqueles anos. Ele me abraço forte, sua respiração parecia ofegante e ao pé do meu ouvido ele dizia: "Eu voltei por você". Cada silaba fazia o meu peito tremer, cada letra fazia as minhas pernas amolecerem, acada segundo que ele ainda estava a me abraçar fazia eu ter certeza que aquilo tinha o toque do destino.