domingo, 24 de fevereiro de 2013

DDeGG 4


FELIPE

Ansioso? Desesperado? Confuso? Não sei ao certo. Tentava por muitas vezes cancelar esse encontro, que parecia ser uma vingança do destino. Mas tudo foi em vão. Ele estava mais do que todos afim de ir. Parecia uma criança quando vê um pote enorme de sorvete e que pretende morre ali tomando. Parecia que estava na hora. Arrumei a camisa, penteiei o cabelo e passei um pouco mais de perfume. Nunca tinha exporto a minha sexualidade, nem ao menos dava a impressão que era gay. Minha consciência era clara. Sou homem e nada vai mudar isso. Desci as escadas e ele estava na sala com meus pais. Estava muito bonito, cabelos lisos e castanhos penteados e não desalinhados como sempre. Usava uma camiseta preta com algumas letras em outro idioma que não entendia muito bem, parecia ser alemão. Não sei ao certo. Calça jeans e tennis. No pescoço usava corrente de prata com um anel qualquer, também usava um. Usavamos sempre, desde de criança. Poderia ficar meio abobalhado com aquilo, mas para ele tinha outro significado. Significava melhores amigos. Juntei-me a eles, nos despedimos dos meus pais e saimos de casa.

Ela estava bonita, sim muito bonita. Não queria magoa-la, queria que fosse um bom encontro para ela. Seu nome era Flavia, tinha belos cabelos negros encaracolados e uma pela bonita como a noite. Uma negra encantadora, porém um pouco insegura. Sentia a sua insegurança em sua fala, no modo de se movimentar e no seu olhar. Esperava que esse encontro fosse muito pior do que poderia imaginar, mas depois de alguns minutos ao lado e bons papos com ela queria que fosse um bom encontro. Fomos ao cinema, todos os quatros. Eu com a Flávia e ele e seu par. No começo fiquei receioso com aquilo, ver ele se divertindo com ela. Parei e pensei um pouco, bloquiei ele da minha mente. Queria me divertir depois de tudo o que passei recentemente. Assim por acaso compramos ingressos para o mesmo filme. Não acreditava que era o mesmo filme que tinha visto na tv, porém uma versão mais recente. Tinha melhores efeitos visuais e sonoros e um elenco bem melhor. Compramos pipocas e refrigerantes. Estavamos pronto para o filme.

Não sei o porque mas acabamos um fileira atrás deles. Ficava um pouco incomodado vendo ele sussurrar no ouvido dela toda vez que o personagem principal falava uma frase impactante. Coloquei a mão no balde de pipoca quando senti a dela. As mãos de Flávia eram macias, fiquei sem graça e rapidamente recuei a mão. Como se fosse por reflexo olhei para ela. Minhas espectativas de diversão nesse encontro foi um pouco subestimada. Para uma garota insegura como ela nunca tinha pensado que ela me beijaria. Um beijo rápido, porém inesperado por mim. Recuei impulsivamente. Levantei o mais rápido possivel e sai da sala do cinema.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

DDeGG 3


FELIPE

Guardei todas as minhas coisas de acampamento e olhei-me no espelho. Estava sujo e parecia que tinha chorado a noite inteira, ainda tinha marcas de lágrimas em minha face que estavam contornadas por uma camada fina de sujeira. Precisava de um banho. Fui ao banheiro , tirei a roupa e liguei o chuveiro. A água caía em meus ombros, não estava gelada nem quente, esfreguei o meu corpo com muito sabão para ver se tirava toda aquela poeira. 

Secava meu cabelo com a toalha, estava com um apenas um short de cor azul marinho. Podia sentir o cheiro do sabonete ainda fresco em minha pele, sente na cama quando escutei a campainha. Desci as escadas e abri a porta. Era ele. Fiquei totalmente surpreso. Não esperava ver ele aqui e assim tão cedo.

Coloquei um pouco mais de refrigerante no copo dele, não tinhamos falado nada do que tinha acontecido. Apenas tinha feito aquelas gentilezas quando uma visita vem em sua casa. Ele  deu uns goles antes de começar a falar.


- O que aconteceu ontem com você?-Disse assim, na lata. Demorei um pouco antes de pensar no que responder, porém nem tive essa oportunidade.


- Te liguei varias vezes, por que não me atendeu? Sabe que pode me contar o que quiser, somos melhores amigos.-Ele disse. Tinha certeza que aquilo era pior do que inimigos, "melhores amigos".

-Desculpe, não estava com o meu celular. Então o que aconteceu ontem?-Foi a melhor desculpa que pode inventar.

-Cara, tinho muita coisa pra contar. Sabe aquela garota que estavamos olhando tinha um tempo? Então, ontem estava com ela.



Aquela sensação tinha voltado, aquela dor no peito em sabe que o cara que eu gostava estava afim de outra pessoa, sentia que queria por tudo pra fora. Que tinha que dizer o que eu realmente sentia sobre ele e tudo, mas não podia. Enquanto ele falava da noite maravilhosa que tinha tido com aquela garota eu ficava calado, apenas tentando não estragar tudo. Pensava que tinha que seguir em frente, sou mais forte pra resistir a dor que a maioria das pessoas ( pelo menos na frente das pessoas, me negava mostrar fraqueza em frente delas). Bebericava o meu refrigerante, quando ele disse que mais tarde teriamos um encontro. Encontro duplo na realidade, Não pude me conter, deixei escapar boa parte do liquido que ainda não tinha engolido na parede. Como assim encontro duplo?

domingo, 10 de fevereiro de 2013

DDeGG 2


FELIPE

Acordei meio diferente, não era uma sensação normal depois de tudo o que tinha passado e ainda estava passando. Parecia uma grande onda de emoções que submergia meu coração, porém nenhuma dessas emoções era de tristeza. Fiquei pensando em como aquilo teria acontecido e como não pude perceber. Parecia que não queria enxergar que apesar de tudo, ele era apenas um amigo e que em minha cabecinha oca ele era mais do que isso. Esta manhã estava linda, sem nuvens e um grande azul celeste acima das árvores. Com os braços cruzados atrás da minha cabeça, ouvia mo som da natureza e refletia deitado no meu colchonete.

Senti uma pequena vibração em meio as cobertas, era meu celular. Era meu pai, finalmente alguém sentiu a minha falta naquela manhã. Atendi, tentando disfarçar o maximo a voz de sono naquela manhã de sábado. Ele perguntava onde estaria suas coisas de tecnico, afinal ele era tecnico do time de futebol da minha escola. Isso pode parecer muito estranho ter seu pai na sua escola, porém tinha alguns beneficios. Não fazia ideia onde ele tinha colocados seus objetos de treino, e assim rapidamente desligou. Doce ilusão, realmente parecia que alguém teria sentido a minha falta em casa. Não estava triste por isso, tinha me acostumado com a ausencia dos meus pais desde os meus nove anos. Leventei, ao meu redor apenas as cinzas da fogueira fazia companhia entre as árvores. Estava na hora de desfazer acampamento e voltar a encarar a verdade. Apenas com uma única coisa em mente,e eu repetia varias vezes. EU PRECISO SEGUIR EM FRENTE.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

DDeGG 1

FELIPE


        Suas chamas dançavam freneticamente naquela noite, onde a luz do luar despertava uma sensação singular. Coloquei mais uma salsicha espetada em um graveto em meio as chamas, enquanto me ajeitava sobre o meu colchonete. Não tinha mais ninguém, apenas eu. Poderia dizer que estava tudo bem, porem não estava. Sentia-me sozinho, complemente despedaçado.

        Lágrimas escorriam pela minha face, soluços vinham com enorme facilidade. Sentia uma dor no peito, com se ele estivesse aberto e insetos circulassem dentro dele. Lembrar do que aconteceu apenas fazia a dor aumentar. Tive uma ideia nessa manhã. Peguei um colchonete, algumas tralhas de acampamento e entrei no meio da floresta. Precisava de um lugar onde ninguém pudesse me ver chorrando ou ao menos nessas condições. Agora, quando a noite estaria no seu ápice  a luz da fogueira banhava a minha tristeza eu poderia dizer que o tempo ajeitaria as coisas se acalmarem, mas não tinha certeza.

        Um aroma? Talvez, na verdade um cheiro de queimado entrava por minhas narinas fazendo o rio de lagrimas pararem quase que instantaneamente. Minha salsicha virou carvão, retirei o graveto de perto do fogo e joguei o mais longe possível. Os soluços pareciam ter sumido, uma luz em meio as cobertas do meu colchonete chamavam a minha atenção. Era o meu celular, ele estava no silencioso. Era outra ligação. Não era da minha família ou de nenhum dos meus amigos. Era ele. Aquele que um dia me fez tão feliz e que hoje faz o meu peito doer todas as vezes que tento respirar. Rejeitei. Com essa ligação, eram no total de quarenta e duas. Coloquei-o de lado, deitei e sem perceber estava dormindo.