FELIPE
Ansioso? Desesperado? Confuso? Não sei ao certo. Tentava por muitas vezes cancelar esse encontro, que parecia ser uma vingança do destino. Mas tudo foi em vão. Ele estava mais do que todos afim de ir. Parecia uma criança quando vê um pote enorme de sorvete e que pretende morre ali tomando. Parecia que estava na hora. Arrumei a camisa, penteiei o cabelo e passei um pouco mais de perfume. Nunca tinha exporto a minha sexualidade, nem ao menos dava a impressão que era gay. Minha consciência era clara. Sou homem e nada vai mudar isso. Desci as escadas e ele estava na sala com meus pais. Estava muito bonito, cabelos lisos e castanhos penteados e não desalinhados como sempre. Usava uma camiseta preta com algumas letras em outro idioma que não entendia muito bem, parecia ser alemão. Não sei ao certo. Calça jeans e tennis. No pescoço usava corrente de prata com um anel qualquer, também usava um. Usavamos sempre, desde de criança. Poderia ficar meio abobalhado com aquilo, mas para ele tinha outro significado. Significava melhores amigos. Juntei-me a eles, nos despedimos dos meus pais e saimos de casa.
Ela estava bonita, sim muito bonita. Não queria magoa-la, queria que fosse um bom encontro para ela. Seu nome era Flavia, tinha belos cabelos negros encaracolados e uma pela bonita como a noite. Uma negra encantadora, porém um pouco insegura. Sentia a sua insegurança em sua fala, no modo de se movimentar e no seu olhar. Esperava que esse encontro fosse muito pior do que poderia imaginar, mas depois de alguns minutos ao lado e bons papos com ela queria que fosse um bom encontro. Fomos ao cinema, todos os quatros. Eu com a Flávia e ele e seu par. No começo fiquei receioso com aquilo, ver ele se divertindo com ela. Parei e pensei um pouco, bloquiei ele da minha mente. Queria me divertir depois de tudo o que passei recentemente. Assim por acaso compramos ingressos para o mesmo filme. Não acreditava que era o mesmo filme que tinha visto na tv, porém uma versão mais recente. Tinha melhores efeitos visuais e sonoros e um elenco bem melhor. Compramos pipocas e refrigerantes. Estavamos pronto para o filme.
Não sei o porque mas acabamos um fileira atrás deles. Ficava um pouco incomodado vendo ele sussurrar no ouvido dela toda vez que o personagem principal falava uma frase impactante. Coloquei a mão no balde de pipoca quando senti a dela. As mãos de Flávia eram macias, fiquei sem graça e rapidamente recuei a mão. Como se fosse por reflexo olhei para ela. Minhas espectativas de diversão nesse encontro foi um pouco subestimada. Para uma garota insegura como ela nunca tinha pensado que ela me beijaria. Um beijo rápido, porém inesperado por mim. Recuei impulsivamente. Levantei o mais rápido possivel e sai da sala do cinema.