sábado, 16 de agosto de 2014

Toque do destino

       Não sei nem como reagir, ele parado aqui na minha frente e na minha mente uma onda devastadora de lembranças sugava toda a minha razão. Inconfundível, esse sorriso meio torto nos lábios, esses olhos que a muito tempo não os viam. Ele estendeu sua mão, lentamente, como se fosse um filme de câmera lenta, eu erguia a minha para tocar aqueles dedos. Poderia dizer que o toque dos meus dedos com os dele foi um despertar para uma outra época, uma outra viagem ao meu mundo de lembranças que a muito tempo não a fazia.

       Voltei exatamente no momento em que te vi pela primeira vez, estava sentado em baixa da minha árvore favorita, uma macieira. Escrevendo uma de minhas histórias, algo relacionado com feiticeiros e dragões alados que salvavam o mundo dos humanos. Lembro exatamente dessa história, pois foi quando você apareceu. Seus cabelos não eram tão curtos como agora ou ao menos grisalhos. Porém os seus olhos ainda continuam os mesmos. Os mesmos olhos azuis de quando tinha os seus quinze anos. Sua barba por fazer te dava uma aparência totalmente desleixada, como se não importasse com o futuro. Vendo você agora, me parece que ainda continua com esse mesmo ar de desleixo, com sua barba ainda por fazer. Você apenas sentou-se o meu lado, sem falar uma única palavra ou ao menos olhar para mim. Eu sentia-me como nós nos tivéssemos nos conhecido desde de crianças. Sentia-me seguro.

       Outrora essa lembrança dava espaço para outra e de repente tudo parecia ter mudado. Estávamos em pé, um de frente para o outro. Ele era um pouco mais alto que eu , questão de centímetros e ainda falava como se fossem metros e mais metros. Ele usava uma camiseta com o desenho do Batman e calças jeans. Eu estava apenas com uma calça moletom. Era tarde da noite e estávamos no meu quarto. Era dia do meu aniversário quando ele tocou as minhas mão e ainda olhando para os meus olhos me deu o meu primeiro beijo. Sua barba por fazer tocava no meu rosto, suas mãos seguravam a minha e meu peito quase se rasgava de tanta felicidade.

       As paredes pintadas do meu quartos se esvaiam em fumaça, e assim aquele momento também mudava. Era o dia em que ele tinha ido embora, era frio e gotejava naquela tarde. Meu coração ruía de dor ao saber que não estaria mas perto dele, mas era preciso. Ele entrava no ônibus, iria fazer faculdade em outro estado e poderia melhorar de vida lá, porem eu não tinha condições de acompanha-lo. Não tinha certeza que nossas vidas estariam ligadas pela obra do destino e que ele voltaria para me encontrar. Enquanto tentava ser forte naquela parada de ônibus, meu coração ia junto com ele. E esse foi o ultimo dia que o tinha visto ou ouvido sua voz.

       
As lembranças dava lugar para a realidade, ele ainda tocava meus dedos e sorria com aquele sorriso meio torto que me fascinavam por todos aqueles anos. Ele me abraço forte, sua respiração parecia ofegante e ao pé do meu ouvido ele dizia: "Eu voltei por você". Cada silaba fazia o meu peito tremer, cada letra fazia as minhas pernas amolecerem, acada segundo que ele ainda estava a me abraçar fazia eu ter certeza que aquilo tinha o toque do destino.




domingo, 10 de agosto de 2014

Conversas de Whatsapp

Meus olhos se abriam todas as manhãs e minhas mãos deslizavam automaticamente para o meu celular como se aquilo fosse algo natural para qualquer ser humano da face da Terra. Não esperava ao menos lavar o rosto para lhe mandar uma mensagem de bom dia, ou saber como foi a sua noite. Apenas ficava emocionada ao saber que você estava lá para me responder.

Meu coração palpitava esperando a sua resposta e eu já sabia o que iria responder, todos os dias respondia a mesma coisa: "Dormir como um bebê". E la´estava a sua resposta, exatamente como eu esperava. Conversávamos todos os dias, de todos os assuntos e de todas as formas. Não apenas sentia que tínhamos uma conexão além do normal como qualquer pessoa teria com alguém especial, mas sentia que eu era importante para ele, sentia que realmente alguém se preocupava comigo. E assim era todos os dias desde do dia que nos conhecemos. 

Em uma manhã fria e nublada, algo incomum nos meses quentes de Brasília. Meus olhos se abriram e minhas mãos deslizaram automaticamente para o meu celular, ainda deitada ergui-o o suficiente para vê-lo e ainda continuar com a cabeça no travesseiro. Desfiz o bloqueio de tela, olhei a nossa conversa mas não mandei nada para ele essa manhã.

As horas passaram e meu coração palpitava freneticamente esperando ouvir aquele som de uma mensagem chegando, meus dedos deslizavam loucamente sobre meu celular esperando que ali estivesse alguma noticia sua. Porém ele não me respondeu. Anoitecia quando a ficha caiu, tinha me tocado que eu era a única que sentia alguma coisa, minhas lagrimas cobriam meu rosto e uma dor sufocante no meu peito tentava me fazer gritar. Porém, tentava acreditar que fosse alguma coisa e imaginava inúmeras situações que ele poderia estar passando ao invés de aceitar que ele não iria me procurar.

Os dias passaram, um apos outro, tentava acreditar que alguma coisa tivesse acontecido e não aceitar que eu mesma me iludia. Talvez meu erro foi acreditar demais.