segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Antes de ir,
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
diferenças
Eu sempre fui uma pessoa que se interessava por festas. 23 anos. Loira. Estatura média. Cabelos curtos. Tatuagens? Sim. Piercings? Também. Podemos dizer que eu gostava de sentir a dor... Se eu acreditava em Deus? Não. No amor? Muito menos. Minha alma pertence ao mundo. Me considero livre na medida do possivel. Flexivel.
Mas essa não é a minha história. Não é sobre mim. Alias, não é SÓ sobre mim. Tem uma outra personagem principal. Uma que provavelmente, vocês leitores, vão gostar mais do que de mim. E digo isso por que eu gostaria mais dela do que de mim se eu fosse uma terceira pessoa. E sabem por que? Por que ela é uma pessoa apaixonante. Dos pés a cabeça, das moléculas à alma. E isso, e isso, meus caros... Me deixava cada vez mais louca por essa mulher.
Sempre uma pessoa caseira. 21 anos. Negra. Um pouco mais alta que a media. Cabelos cacheados. Meu corpo não tinha tatuagens ou piercings, não precisava disso. Se acreditava em Deus? Não. Se eu acreditava no amor? Com toda e absoluta certeza. Gosto das viagens mais loucas. Da natureza e era escrava de meus sonhos.
Eu não saberia dizer por que fui a balada nesse dia, acho que estava ficando um pouco cansada da solidão caseira. Quero dizer, se eu tivesse alguma companheira, a história seria outra. Perda de emprego, longe da familia, tava dificil de me sustentar emocionalmente para qualquer coisa. Eu precisava ficar bebada. Descontrolada. Louca. Também não sei por que fui nessa especificamente, tive um pressentimento que era essa que eu queria. Comecei tomando uns pileques até conseguir me soltar, me tornar selvagem dentro daquela floresta urbana. Música eletronica, mulheres bonitas. No começo dançava timidamente mas, depois que o alcool foi entrando, me senti liberta. Fui mesoltando aos poucos, deixando minha cabeça leve, curtindo a música, tomei umas cantadas aqui-e-acolá, mas nada que me interessasse muito. Eu não precisava de alguem para agora, precisava de alguem para o momento. Me julguem. Uma das minhas frases preferidas. Foi descrito por uma amiga minha. E ela seria mais ou menos assim “o gostar estar para o agora, como a paixão está para o momento e o amor está para o sempre”. Então, eu precisava de alguem para ser o meu momento ou talvez, o sempre. Mas isso não me impedia de tomar uns xavecos e dar uma paquerada.
Começo da noite. Bebi tudo o que tinha para beber. Me animei. Fui até a pista de dança e comecei a me desprender do mundo, fazia muito tempo que eu não ia nesse lugar, mas pelo visto, nada mudou. Mesmas pessoas, mesmo papo, mesma pegaçao, blá blá blá. Fui ao banheiro e quando voltei tinha uma garota nova -e digo nova por que ela era carne fresca naquela balada – tomando conta da pista de dança, me interessei. Mas antes de voltar, vou pegar logo essa menina que está me dando mole. Beijos, amassos, carinhos, numero de telefone – que eu por acaso nunca ligarei –. Corri para a pista para ver se a garota ainda estava por lá. Dei sorte. Entrei na pista dando tudo de mim, cheguei a ficar cara-a-cara com ela. Dançamos juntas algumas músicas, troca de olhares. Eu tava começando a fazer o jogo dela. E meu deus, como ela sabia seduzir uma mulher. Pela primeira vez na vida me ocorreu algo, eu estava com medo. Acho que os belos olhos apaixonantes da moça me deixava intimidada. Aquelas encaradas. Aquilo tudo me encantava. Eu precisava daquela mulher para mim.
Entrou uma mulher na pista de dança, era branca, de cabelos curtos, tatuagem e piercing, ela era linda. Não fazia meu tipo, mas era linda. Dançava frente-a-frente, me provocando... E como provocava bem! Mas esse jogo dava para duas, e guria, eu sou uma boa jogadora. Música indo e vindo, parecia que estavamos só nós duas na balada. Eu não sabia qual era a dela, mas estava me divertindo muitissimo, depois tenho que agradecer a moça por isso tudo. Dançamos juntas. Sorrimos. Trocamos olhares. Esse jogo tava ficando rotineiro sem nos tocarmos, vou dar uma sacudida.
Corpo dela junto ao meu. Peito com peito. Pernas perdendo o sentido por um instante. Que o seu Deus me ajude, mas nunca me senti assim antes! Não pude aguentar, tive que passar a mão nos braços dela. Pele macia. Passei os dedos pelos ombros, pelas curvas de seu corpo – até onde o respeito deixava –, passei a mão pelos cabelos dela. Pela face. Não existia mais ninguem na balada. Aquele jogo de erotismo estava me deixando nas alturas. Ela passou a mão pelo meu corpo também. Mexeu em meus cabelos, deu mais um belo sorriso, e em um ato ousado eu a beijei.
Fui me deixando levar pela situação, meu peito bateu mais forte e parecia que ia ser arrebentado para fora de meu corpo, ela me beijou, lábios finos. De repente nem música mais havia no ambiente, senti o coração dela acelerar. Passei a mão nela. Acabou o beijo, estava na hora de ir. Estava cansada, estava feliz. Perguntei seu nome, lhe disse o meu. Conversamos um pouco.
E ela me agradeceu por te-la feito feliz essa noite. Eu também estava, mas fingi que não. Não perguntei sua idade, nem onde morava, nem o telefone. PUTA QUE PARIU, COMO SOU BURRA!
Sonhei com ela.
Não consegui dormir pensando nela.
Não sei direito o que aconteceu ali.
Mas de uma coisa eu tenho certeza...
… Eu preciso encontra-la.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
mudanças
Toco nas paredes do quarto como se eles envelhecessem com o tempo, como se eles fossem ficando pequeno.
Talvez meu ninho esteja ficando pequeno mesmo para mim. Mas para onde irei? Não tenho casa, não tenho ninguém. Nada.
Malas arrumadas para um lugar que eu não saberia dizer. Passagens aereas para lugares que eu não conhecia. Será que estou indo acompanhada? Voo marcado como sentença de morte, por que parecia tudo tão triste?
Mudanças. Mudanças. Mudanças. Não gosto de mudanças. Parece que é assim, esse soneto de despedida clara mesmo que ainda não tão óbvia.
Cheguei ao aeroporto não sabia onde ir, não sabia para que ir. Estava desnorteada. Sem pressa, subi aos poucos no avião. Passageiros se arrumando em seus devidos assentos, crianças não sabendo o porquê de tudo isso. E o meu medo de voar ainda continuava intacto. Se eu tinha tanto medo assim de um lugar fora do chão, então por que eu comprei essa maldita passagem?
A chuva de perguntas não parecia cessar. O avião decolou. Dei uma cochilada rápida o suficiente para a aeromoça já me perguntar se eu queria água ou refrigerante. Mas minha senhora, será que não percebe o estado que eu cheguei? Será que não percebe que eu nem sei o que estou fazendo aqui? Era o que eu queria perguntar mas teimava em engolir. Aceitei uma água a contra-gosto.
Uma hora, duas horas... duas horas e meia de voo, e enfim desembarquei. Pessoas novas viajando para lugares com destinos feitos, familias, casais, amigos. Todos juntos. Desconhecidos que se entrelaçavam através de voos similares para lugares identicos, eu parecia sozinha, parecia perdida.
Esperei pela minha mala mesmo não querendo faze-lo, minha vontade era largar tudo e voltar para a minha casa, se é que eu ainda tinha uma casa, pelo tamanho da mala parecia que eu realmente iria me mudar.
Sai pelo portão de desembarque como se estivessem me abrindo um novo mundo.Tudo parecia tão novo... tão vivo. Tão...
Então a vi, ali, parada no meio da multidão, me aguardando ansiosamente. Foi ali que me lembrei para onde estava indo, a tristeza foi embora e um sorriso ia se abrindo aos poucos, meu novo lar, minha nova casa. Agora não parecia tudo tão solitário assim. Nos encaramos por um instante como se estivessemos tentando contruir nossa casa ali mesmo, era ela o meu lar. Me fiz em abraços apertados. Larguei minhas malas pelo chão frio do aeroporto, não queria larga-la.
Eu estava pronta para mudar.