domingo, 26 de maio de 2013

Explicações de uma nota

fiquei, fiquei com ela...a beijei, a toquei, a abracei, mas de alguma forma tudo já não era mais o mesmo.

O sorriso não era tão bom
O beijo não era mais o mesmo
O toque tambem nao gostei
O cheiro nao me agradou
As piadas nao me fizeram rir
A vontade não foi de abraçar.

E fiquei um bocado de tempo tentando entender o porquê das coisas não serem mais as mesmas...

Até perceber (e tarde) que todas as lembranças que eu tinha não eram delas as que eu mais gostava.

Não era dela as melhores memórias do sorriso
Não era dela o sabores daqueles beijos
Não era dela a lembrança da pele que eu tinha
O cheiro nao passava nem perto...
Tambem não era dela as piadas que me faziam rir
A vontade de abraçar que eu tinha era de um outro alguem...


Alguem como você.

É dificil para mim, e realmente é, porque eu gosto de você e cada vez descubro que gosto mais.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A boneca de trapos de Maria

Que com tanto orgulho foi remendando com poemas, aflições e pequenos sonhos junto com um punhado de tecido. Costurava com maior atenção e com um amor que só alguém que se constrói a partir do próprio sofrimento poderia fazer. Amor próprio, diriam aqueles. Para ela se tratava apenas de amor.
(Re) fazer o seu próprio corpo não era uma tarefa fácil, mas era preciso. Afinal de contas todo tecido fica velho, sofrido e cansado. Era preciso um cuidado especial para enfeita-lo com novas cores, novos botões e experiencias jamais comprovadas. Alfinetou-se uma, duas, tres vezes até conseguir costurar o lugar certo e tapar o buraco que cada vez ficava mais profundo.

Para alguns, os velhos trapos, costurar-se a si mesmo era um ato desesperado, quase obsceno, entretanto de coragem, acima de tudo. Não é fácil ser outra boneca. O tempo passa, os tecidos não são mais da mesma cor, do mesmo agrado, da mesma mesmice. As vezes é preciso um jogo de cores diferentes, preto, branco, amarelo, com tons e texturas totalmente novas transformava a vida que tinha naquela boneca com um pouco mais de respeito, de alegria, de novas loucuras e sentimentos distintos. (Re) fazer-se era o ato de apaixonar-se, é amar acima de tudo, aquela que mais precisa ser amada. É como se morressemos aos poucos e revivessemos a cada novo conjunto de remendos.

Maria, poderia não ser uma boneca de fato. Maria poderia ser apenas mais uma criança brincando. Ou nem ter existido. Maria poderia ser eu, poderia ser você, poderia ser ninguem. Porém, a boneca de Maria somos todos nós que nos recompomos, nos (re) construimos, que morremos, e ainda vivos a cada dia. Então lembre-se, as vezes é preciso poemas, aflições e pequenos sonhos junto de um punhado de tecido (de preferencia novo) para que possamos amar, acima de tudo, nós mesmas.