segunda-feira, 18 de março de 2013

A história da consciencia que sonhava com astros

Andava meio triste como se visse o mundo com apenas uma cor cinza. Andava pelas esquinas atras do novo e tudo o que encontrava era concreto. Em busca do abstrato sentir, cruzava a cidade todas as noites mas tudo o que encontrava eram definições tortas e firmes no chão.
  Um dia, cansado de tanta depeção e numeros frios, perambulou se rastejando na cidade onde não havia som nem poesia. Até dar de cara com um cachorro preto, branco e laranja. Surpreso por encontrar outro ser naquela cidade assombrada, primeiro temeu e depois, foi ao seu encontro. O cachorro apenas latiu e saiu correndo, foi seguindo por entre os becos, prédios e faixas de ciclistas. Correu e nao percebeu o coração batendo forte, correu sem sentir o cansaço das pernas, a noite virando dia. O cachorro latia, latia e quanto mais alto latia, mais parecia estar chegando onde queria. Foi entao que avistou um muro. Muro grande onde nao dava para ver o céu do outro lado, um muro concreto, frio onde se guardava as frustrações dos futuros suicidas. O cachorro parou em frente a uma porta grande que dizia "nao entre". Hesitante, ficou um tempo observando aquela rude companhia. Empurrou a porta com toda força do seu frágil ser. E foi entao que viu, se sentiu completo com tantas cores, com tantos passaros, com o ar fresco que ali passava, naquela floresta podíamos ouvir Drummond, Vinicius de moraes e Martha medeiros, podia ver paisagens de Frida Kahlo e Van Gogh, sentia, como se sentia ao terminar de ler uma poesia. Parecia que estava livre, tirou do peito aquele fio de prata que o prendia aquela cidade quadrada, correu até o céu e atravessou o mar feliz.

No plano terreno, uma pessoa morreu feliz por enxergar além do concreto frio.

domingo, 17 de março de 2013

DDeGG 7

FELIPE

Sentei em um banco da arquibancada, onde o sol não podia me ver naquele dia de calor. Tinha ido ver um dos treinos do meu pai com seu time. Aparentemente poderia dizer que estavam indo muito bem, porém não tinha muito experiência em futebol para julga-los. Papai gritava ordens, ficava vermelho e até dava alguns pulinhos enquanto movimentava os braços loucamente. Dei algumas risadas, ver ele tão alterado assim era muito engraçado. Na arquibancada tinha apenas algumas pessoas, elas estavam mais próximo do campo e eu estava em uma das ultimas. Não poderia identificar muito bem quem estava acompanhando os treinos mas notei que eram quatro pessoas, três garotas e um rapaz. Uma delas parecia-me muito familiar.

Era ela, não poderia imaginar que encontraria por aqui em um lugar tão remoto e inesperado. ela tinha me reconhecido e estava subindo as escadas para me encontrar. Tentei não parecer um pouco desleixado, arrumei os cabelos rapidamente com as mãos e ajeitei as minhas roupas. Sua pele morena ficava muito bonita contra aquele sol forte que a banhava, dava a ela um toque de uma beleza única. Sentou-se ao meu lado, ela trajava uma bermuda jeans e uma blusa branca tipo regata.

-Não esperava te encontrar aqui. Desde que te conheci, achei que era mais de ficar em casa lendo livros e não de esportes.

-Meu pai é o técnico do time, vim ver um treino dele. E você?

Ela apontou para um rapaz que estava correndo no meio do campo, sua pele era tão bonita quanto a dela, era alto e careca. Dava um charme, homens carecas. Ele usava um dos uniformes dedicados aos titulares. A conversa fluiu nesse ritmo, falamos de futebol e outras coisas. Não tocamos em nenhuma parte sobre aquele beijo, nem o que teria acontecido depois. Gostava de conversar com ela e tinha uma liberdade para me expressar. Mas não tinha coragem de contar o meu segredo para ela, mesmo que aquela situação me deixava muito favorável. O treino tinha acabado, seus amigos chamavam-a para irem embora. Nos despedimos, ainda faltava algum tempo para o almoço e pensei em ver meu pai. Era hora de ir ao vestiário.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sindrome da mao direita

Encontrei com aquela menina no meio do metro solitario, o ultimo da noite. Me lembro bem da sensacao que eu tive ao ve-la e do que aconteceu ao final. Estava parado lendo Poe, e ela estava ao som de alguma banda indie pouco explorada. Recordo-me bem que seu cheiro invadiu o vagao e seu sorriso invadiu meus pensamentos.
Timido sorri para ela, quando olhou para mim em tom de curiosidade. Timido, logo virei a cara. Senti um formigamento estranho na mao, uma vontade louca de dancar. Sai em minha estacao e perdi a menina de vista conforme o metro andava para longe de mim.

Dormi, acordei, trabalhei, voltei, dormi, acordei, trabalhei, voltei, dormi trabalhei voltei, dormi, acordei, trabalhei, trabalhei, voltei, fiquei acordado, trabalhei, fui ao parque, dancei, voltei, dormi, trabalhei, trabalhei, trabalhei, sonhei, acordei, voltei, dormi... dormi, dormi, dormi, dormi, sonhei.

Entao um dia, um dia, minha mao me acordou com um tapa na cara, me levantou, me fez tomar banho. Sem entender, tentava lutar, tentei, mas nada consegui, me fez engolir um pao inteiro com um café quente que me queimou os lábios. Saiu apressado, esbarrando nas pessoas. Tentei aplaca-lo, inciar um diálogo, mas tudo o que me dizia era para fazer silencio e seguir a vida. Tomamos chuva, gritei, tentei tomar o controle, mas ele parecia mto mais forte do que eu. Por fim, desisti.

Passou em uma floricultura, comprou uma rosa, e seguiu virando esquinas e atravessando ruas. Cheguei quase a ser atropelado o quanto parecia euforico. Depois de andar muito, pegamos um metro. Meu pé já impaciente comecou a bater no chao como forma de protesto. Meu estomago comecou a voar com varias borboletas no estomago, e eu sem entender que danca maluca era aquela.

Saímos do metro e na terceira rua à esquerda, demos de cara com um café, e ao longe pude ver suas intencoes, meus lábios abriram um sorriso, minhas pernas comecaram a dancar felizes, meus bracos, loucos afim de chegar logo, minha segunda mao a alcancou primeiro, a cutucou gentilmente, ela se virou e me viu parado.


Meu coracao fazia o ritmo louco, meu estomago com suas borboletas, minha respiracao ofegante, meu sorriso intenso, na minha mao uma rosa, entre os lábios escrito "o meu amor é teu".


domingo, 10 de março de 2013

DDeGG 6


FELIPE

O dia amanheceu um pouco calmo como de costume em manhãs de domingo. Tentei levantar da cama ja tem algumas horas, porém a preguiça parecia que tinha me acorrentado a minha cama e me selado em baixo das cobertas. Fiquei refletindo um pouco sobre o que tinha acontecido nesses dois ultimos dias. Parecia muita loucora, não, foi muita loucura. Definitivamente este foram os dias mais agitados da minha vida,  talvez eu tenha que mudar. Sair dessa mesmice, dessa rotina que se tornou a minha vida. Mas em primeiro lugar precisava superar essa paixonite pelo Samuel, apesar dela ser alimentada por tantos anos. Depois precisa arrumar novos amigos e definir um rumo pra minha vida. Estamos nas férias de verão e provavelmente ela vai acabar em alguns dias quando as aulas começarem. Meu celular tocou, eram dez horas. Tive um dos maiores confrontos da Terra, lutei contra as correntes e o selamento daqula vilã que tinha o codnome de preguiça. Arrebentei suas correntes, digamos assim que foi uma batalha bem árdua apenas para levantar da cama. Precisava vestir alguma roupa, desde de criança sempre dormia de cueca.

Tinha escovado meus dentes e desci as escadas. A casa continuava completamente silenciosa. Minha mãe estava trancafiada no escritorio, ela é escritora. Normalmente ele fica trancada lá por apenas três ou quatro horas por dia. A situação piora quando ela está perto do prazo de entregar um livro para uma editora, esquece de comer ou ao menos de dormir. Sempre tinha que estar monitorando ela, não queria que ela ficasse louca com aquilo. Ela também precisa viver um pouco fora daquele lugar. Porém meu pai era o oposto dela, enquanto ela estava em casa, meu pai estava sempre na rua. Nunca parava em casa, nem ao menos aos finais de semana. Ele é técnico do time da minha escola e ultimamente ele tem se dedicado muito para o campeonato de verão que estava por vir. Não tenho irmãos, nem parente que morasse proximo a minha casa. Então, minha casa estava sempre assim, silênciosa e com um clima de solidão. Preparei um café para dois, papai estava treinando com o time dele e minha mãe estava no escritorio.  Comi as minhas panquecas com mel na cobertura e levei o resto para a minha mãe. Quando abri a porta, ela parecia que não tinha visto muita comida, fiz ela fazer uma pausa na sua escrita. Obriguei ela à comer tudo, caso tivesse deixado por ali ela nem teria tocado naquelas panquecas. Disse que iria sair um pouco, caso algo ocorrece que me ligasse. Voltei para a cozinha , limpei a louça e peguei um tennis. Dei um beijo para a minha mãe e prometi voltar antes do almoço. Peguei o meu celular e sai de casa.

domingo, 3 de março de 2013

DDeGG 5


FELIPE

A volta pra casa foi um pouco mais tensa do que esperado. Cada um de um lado do carro, todos em silêncio e um clima pesado. Pelo que pude notar, Samuel não parava de fazer brincadeira com a garota que estava acompanhado e por infortunio ele acabou derramando refrigerante na roupa dela. A garota ainda resmungava alguma coisa muito baixo durante a viagem de volta para casa. Samuel tentou pedir desculpas, mas depois de um tem ele deve ter se cansado de ser rejeitado por ela e acabou desistindo. Flávia não disse nada após aquele beijo repentino e eu muito menos. Não queria comentar nada e nem sei ao certo se algum dos dois viram o nosso beijo. Samuel ligou o rádio e tentou sintonizar uma estação. Fora aquelas estações que falavam sobre política ou religião, nenhuma outra prestava. Aquilo deu um pouco mais de leveza no clima, porém não o tinha muito efeito. Ele desligou o radio e seguimos para casa em pleno silêncio.

Deixamos as garotas em casa, antes de sair Flavia tinha pedido o meu telefone. Ela tinha anotado no seu celular cor de rosa, por incrivel que pareça nunca tinha visto um daquele mdelo. Samuel me deixou em casa e antes de ele ir embora conversamos um pouco. Ele contou o fiasco que teria sido esse encontro e que nunca mais iria me colocar entra roubada dessa. Bom, assim eu espero. Ele foi embora e entrei em casa.

Tirei a minha roupa e joguei em cima da cadeira da mesa do computador. Escovei os dentes e deitei-me na cama. Não tinha noção de quantas horas eram, mas parecia ser muito tarde. Vai dar um pouco de trabalho tentar não comentar nada com meus pais amanhã. Minha mãe praticamente me empurrava para qualquer garota, literalmente qualquer garota. Meu pai sempre me perguntava se eu estava namorando, acho que ele sempre esperava uma resposta positiva de mim para comerçarmos a falar sobre mulheres e me ensinar alguma coisa sobre sexo. Meu celular tocou, ja estava quase pegando no sono quando ocorreu. Era uma mensagem dela. Da Flávia.

"Desculpe por hoje"

Respondi rápido e com poucas palavras, não queria parecer que estava interessado.

"Eu que peço desculpas, fui pego se surpresa."
Demorou um pouco e ela me respondeu.

"Gostei de você, boa noite."
"Boa noite" 
Foi a ultima coisa que respondi antes de cair no sono.