terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Segunda parte do desejo

Do impossível o possível, a porta abriu-se.
Pensamentos vindo dos olhos da sutil realidade, transbordam sorrisos, sorrisos amanhecidos na simples canção tocada com os lábios da cigana mágica sobrevivente do submundo imaginário.
Tão doce como a vontade do mais, é de se lamber a boca...de chupa-la e mordisca-la.



preciso dizer que é minha escritora favorita nos ultimos tempos?pois é.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rachadura

Cansada de procurar um propósito,me escondo debaixo da superficie,me escondo entre as frestas do asfalto...as pequenas falhas da minha vida.
Incrível como consigo me acostumar a tudo,até mesmo essa dor...até mesmo essa cicatriz,peito aberto,coração morto a tiros.
Deitada,encolhida entre o mato,entre o verde, inconstancia da minha mente,esperando a hora que a chuva pudesse parar.
Vivendo meu próprio mundo,desejando que tudo parasse.
A cinza realidade estava estampada em meus frios olhos,
Desilusão.
O gosto amargo e ao mesmo tempo doce invadia meus lábios em tom de esperança,mas disto,eu já não precisava mais...disto,eu não queria mais.
movida nem mesmo com desejos,nem anseios,nem sonhos.
movida por dor,movida por máquinas.
As lágrimas que não ficaram ao meu lado,caíram de meu rosto e molhavam a terra úmida,
o som do silêncio era minha paz e minha guerra.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ingrid Cardozo

Em "Azar"


Adoro essa música, bebi um pouco mais de refrigerante e me levantei da cadeira. Peguei na mão do Danilo, não queria dançar sozinha.


- Vem Dadá, dança comigo?
- Não Ingrid, não dá. - Ele passou o braço sobre o ombro da sua namorada.
- Ok, vou sozinha então.


A pista de dança ainda estava um pouco vazia. O som desse música realmente mexe comigo, sinto meus braços movimentar-se, um súbito instinto de fazer as coisas mais loucas da minha vida cresce em meu peito. Ainda estou um pouco sem graça por estar sem os meus amigos nesta pista de dança. Fechei os olhos, simplesmente senti a música. Meu pé batia no chão conforme a melodia, meus lábios se moviam conforme a letra. Em instantes todo o meu corpo estava no ritmo.

"...Let's get glam, don't let the clothes wear you
Let's get glam, it's all in how you move
Let's get glam, don't let the clothes wear you
Let's get glam, it's all an attitude...
"


Abri meus olhos, a pista de dança estava lotada. Minha insegurança tinha sumido, estava com uma ótima auto-estima. O espaço de me mover estava diminuindo, alguém esbarrou em mim. Cai no chão. AI MEU DEUS! O meu vestido. Um enorme rasgo na lateral, meu salto quebrou. Isso não pode estar acontecendo. Todos ao meu redor pararam e me olharam, quando digo todos, são TODOS. Queria que tivesse um buraco, para eu colocar a minha cabeça. Estava aparecendo a minha calcinha, nunca na minha vida tive tanta vergonha. Tentei levantar-me. Foi em vão. Cai novamente, por causa do vestido. Podia ver algumas pessoas colocando a mão a boca para abafar os risinhos. Comecei a chorar, rapidamente o meu rosto estava sujo de maquiagem.


"...Let's get glam, don't let the clothes wear you
Let's get glam, it's all in how you move
Let's get glam, don't let the clothes wear you
Let's get glam, it's all an attitude...
"


Ninguém veio me ajudar, onde será que estão os meus amigos de verdade ? Alguém estendeu uma mão para mim, não faço a mínima idéia de quem seja. Apenas segurei. Queria sair dali o mais rápido possível. Uma toalha caiu sobre meus ombros. Enxuguei minhas lágrimas. Olhei para a pessoa que me estendeu a mão. Era o Danilo, e ela não estava sozinho. Todas as pessoas que eu esperava estavam lá. Me ajudando. Acho que eu encontrei verdadeiros amigos hoje. Mesmo com o rosto ainda manchado de maquiagem
e a minha cara de choro, estou feliz por ter os melhores amigos do mundo. Com um salto quebrado, vestido rasgado, meu rosto todo sujo e com uma toalha de banheiro em meu corpo nunca irei esquecer essa Formatura.


Ingrid Cardozo

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Refúgio 03

Meus anseios por entrar naquele velho banheiro se tornaram diários. Todavia que eu estava naquele maldito colégio eu pensava sobre o banheiro e a tal pessoa misteriosa que me respondia. As vezes,ficava noites sem dormir só imaginando quem poderia ser. Dia após dia eu subia aquela escada suja e maltratada para ver se tinha uma resposta,por menor que fosse,um sinal ou algo do tipo.
Estava certa de que fosse alguma garota,cada dia que passava eu me convencia mais disso.

Hoje é dia de prova,saí mais cedo,fui direto para o banheiro,a porta que estava emperrada abriu com dificuldade.O banheiro precisava mesmo de alguma reforma...Joguei minhas coisas em um canto e rapidamente peguei o canetão. Havia dias que a tal pessoa não escrevia nada. Sua última frase foi: "Acredite em seu coração, estou aqui para ajuda-la". E isso já faz um bom tempo,ainda estava lá a resposta solitária que eu deixei...fazia dias.Precisamente há duas semanas.

"Cadê você? Você não disse que ia me ajudar? Tudo isso foi uma mentira?"

Sim,eu estava com raiva. Essa pessoa me fez,de certa forma,acreditar nela. Eu tenho que desistir disso tudo...Não posso mais continuar a conversar com uma pessoa dessas,que eu nem sei se está me sacaneando ou não. Fui embora,deixando frases não respondidas e dúvidas. Essa pessoa não vai me responder,não adianta eu perder meu tempo aqui.

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Havia uma semana que eu não ia para aquele banheiro.E eu já estava tentando encontrar outra espécie de refúgio,mas....simplesmente não dava.Então,quando eu queria me isolar,eu ficava debaixo da árvore.E lá estava eu,andando apressada pelos corredores daquele colégio até chegar a minha querida árvore.Esbarrei em alguém,caí...meus livros voaram...olhei para o lado a menina também havia caído.Juntei meus livros e ajudei ela com os dela.

-Desculpa,juro que não te vi...estava pensando tão alto! - me desculpei meio sem jeito
-Ah,tudo bem,eu também não estava com cabeça.Tenho que ir,estou atrasada.

Ela correu e me deixou no meio do corredor,parada. Menina esquisita. Mas de alguma forma,eu gostei dela. E parece que ela deixou seu estojo...Tudo bem,depois eu entrego.Olhei minha mochila,o canetão estava lá...e por que não ir só mais uma vez naquele inóspito lugar e deixar mais uma marca? Realmente não havia problema nenhum.
Subi novamente as escadas. Parei em frente a porta, tinha algo errado. Droga! A porta estava toda envolvida em fitas amarelas tarjadas com uma cor preta.Uma enorme placa colada ao lado da porta dizia "Interditado". Isso não pode ser verdade. Arranquei as fitas da porta, abri a porta. O banheiro ainda continuava como eu tinha o deixado, cacos de espelhos espalhados no chão e a tinta da parede caindo. Joguei minha mochila de lado, e corri para o meu box. Com letras cursivas e arredondadas, estava a resposta do meu correspondente.

" Estou mais perto do que você imagina, desculpa a demora tive alguns problemas. As mudanças ja começaram, basta você perceber.E não,tudo é verdade.Nada de mentiras!"
12/09/10
Mal dava para ler, a sujeira estava cobrindo quase toda parte da resposta. Tive que limpar um pouco para poder enxergar. Tem uma data? Isso tem quase uma semana,como eu não vi isso? Deve ser a época que eu estive ausente deste lugar. Incrível como essa pessoa consegue me atingir assim. Bateram na porta do banheiro,me assustei.Corri para a porta,será que foi a pessoa?
Abri,não tinha ninguém. Silêncio. Pensei que era coisa da minha cabeça até pisar em um papel.

"O jogo começou"

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

imãs de geladeira [2]

voz tão doce
tua boca mil vezes ardente,insaciável
você sem luz,nua
meu infinito perfume frágil
dói olhar cada luar
morre meus beijos
teu sorriso cobre esperança
tenho medo e desejo
mas dentro me dizem dúvidas
serei sempre invisível
com meu rito disfarço o tempo
descubro durante dispersos olhares frios
saudades dos meus amores
matando a nossa existência
fico dizendo para ti,olhos azuis
vejo teu suspiro
gosto dos teus lábios
pergunto se é amor.

imãs de geladeira.

Esta despedida foi o instante da certeza
fazendo gesto suave sob a lua cheia
quero breve tristeza,generosa presença
respiro muito o mesmo mistério
um destino continuo em viagem
eu serei palavra,música,carícias,beleza
estranho choro,sumiu motivo
com profundos excessos
ouço querendo solidão
vi vozes enquanto danço segredos
sons perdidos de minhas paixões
então,apenas raiva

sábado, 4 de dezembro de 2010

Rafael Afonso

Em "Amizade"

Final de ano, último ano de escola. Festa de formatura aonde provavelmente eu não irei. Odeio festa com conhecidos, onde não posso ser realmente eu. Tenho que me privar de algumas coisas, simplesmente por ter "certas" pessoas. Parte-me o coração por ser a festa da MINHA formatura, onde se eu for não serei eu mesmo. Minhas amigas pedem a minha presença nesse dia, meus pais me pedem que compareça nessa data, mas o que eu quero não tem nenhum valor?

Falta apenas da um nó na minha gravata verde floresta que contrasta com meu terno preto. Na minha mente existe apenas uma pergunta: " Eu devo ir? ". Ainda estou indeciso, sentei na minha cama. Respirei um pouco, preciso pensar. Meu celular toca. Era a Luiza.

- Alô?
- Rafa, preciso de você aqui.
- Você esta chorando?
- Venha rápido.

Peguei o meu convite e algum dinheiro. Sai de casa o mais rápido possível. Tentei inúmeras vezes retornar a ligação da Luiza, precisava saber o motivo do seu choro. Droga! Ela não atende.
Cheguei na festa, estava tocando uma música lenta onde casais dançavam grudados. Procurei a Luiza por todos os cantos do salão. Onde será que ela se meteu? Adentrei entre os casais, passei por pessoas conhecidas e algumas que nunca tinha visto, mas nada da Luiza. Não estava sentada nas mesas, não estava no banheiro, não estava em nenhum lugar do salão. Meu telefone tocou outra vez, era ela.

- Venha aqui fora!
- Lui... - Ela desligou.

Tinha uma porta lateral no salão que dava acesso para uma varanda. A música lenta parou, os casais estavam desfazendo-se. Passei por eles e fui a ate a varanda. Lá estava ela, mas não estava sozinha. Estava com todos os meus melhores amigos. Luiza estava sentada, ao seu lado estava Isabela e Ana Clara. Atrás delas todos os outros Ela se levantou, correndo veio em minha direção.

- Você veio! - Sorriu para mim.
- Porque você estava chorando? - Olhei em seu olhos.Limpei uma lágrima.
- Minha formatura não seria a mesma sem o meu melhor amigo! - Abracei-a o mais forte possível.

Realmente encontrei um motivo para estar aqui.

- Você me concede uma dança? - Estendi a minha mão.
- Sim. - Sorrindo, colocou sua mão direita sobre a minha.
- Essa será a melhor noite da sua vida, Luiza! - Ela apertou de leve a minha mão, eu não poderia estar mais feliz, pois essa é a NOSSA festa de formatura.

@RafinhaAfonso

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Garganta

O Grito sai das minhas entranhas como uma espécie de monstro faminto.A dor é tanta que minhas cordas vocais acabam cedendo ao que não se pode.Mais um drink.Perdendo a consciência aos poucos,rezando para a sorte me proteger.Parece que é pouco...mas querida,eu disfarço muito bem.
A frieza é tudo o que eu posso fazer,tudo o que eu posso demonstrar.
Minha Garganta arranha e solta palavras que eu não gostaria de dizer.

Meu limite...é o meu limite.Tem horas que já não sou mais consciente,tudo o que vem,vem do coração.Culpe-me,eu não dou a minima.Esqueça-me,eu não dou a minima.Nada farei.

Agora não cabe mais a mim se importar contigo,por que você,você não se importa com nada que venha de mim...e não adianta,não adianta dizer essas palavras vazias.

Do fundo do poço,do fundo do meu corpo,do fundo da minha alma...do fundo e simplesmente do fundo de tudo o que vem de mim eu espero que você vá,e não volte.Mesmo que eu implore para que não.