terça-feira, 9 de julho de 2013

a longa jornada da catarse

as vezes queria me entregar ao Sol e sumir nas águas do mar


as vezes queria que a terra me engolisse e que meu corpo desse lugar a vida.
 
as vezes queria que minha débil existencia desse lugar ao infinito
 
e que minha alma virasse uma estrela errante
 
de presente, daria meus olhos aos ventos para que pudessem ver
 
de presente, daria meu corpo para a mãe terra para que pudesse alimentar teus filhos
 
de presente, daria meu coração as aguas do rio para que pudesse acalma-lo

de presente, daria meu espírito a eterna vastidão do ser.


Me sinto completa e vazia
preenchida e rasa
e sigo seguindo sem rumo
cuidado comigo
posso cruzar teu caminho.

domingo, 26 de maio de 2013

Explicações de uma nota

fiquei, fiquei com ela...a beijei, a toquei, a abracei, mas de alguma forma tudo já não era mais o mesmo.

O sorriso não era tão bom
O beijo não era mais o mesmo
O toque tambem nao gostei
O cheiro nao me agradou
As piadas nao me fizeram rir
A vontade não foi de abraçar.

E fiquei um bocado de tempo tentando entender o porquê das coisas não serem mais as mesmas...

Até perceber (e tarde) que todas as lembranças que eu tinha não eram delas as que eu mais gostava.

Não era dela as melhores memórias do sorriso
Não era dela o sabores daqueles beijos
Não era dela a lembrança da pele que eu tinha
O cheiro nao passava nem perto...
Tambem não era dela as piadas que me faziam rir
A vontade de abraçar que eu tinha era de um outro alguem...


Alguem como você.

É dificil para mim, e realmente é, porque eu gosto de você e cada vez descubro que gosto mais.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A boneca de trapos de Maria

Que com tanto orgulho foi remendando com poemas, aflições e pequenos sonhos junto com um punhado de tecido. Costurava com maior atenção e com um amor que só alguém que se constrói a partir do próprio sofrimento poderia fazer. Amor próprio, diriam aqueles. Para ela se tratava apenas de amor.
(Re) fazer o seu próprio corpo não era uma tarefa fácil, mas era preciso. Afinal de contas todo tecido fica velho, sofrido e cansado. Era preciso um cuidado especial para enfeita-lo com novas cores, novos botões e experiencias jamais comprovadas. Alfinetou-se uma, duas, tres vezes até conseguir costurar o lugar certo e tapar o buraco que cada vez ficava mais profundo.

Para alguns, os velhos trapos, costurar-se a si mesmo era um ato desesperado, quase obsceno, entretanto de coragem, acima de tudo. Não é fácil ser outra boneca. O tempo passa, os tecidos não são mais da mesma cor, do mesmo agrado, da mesma mesmice. As vezes é preciso um jogo de cores diferentes, preto, branco, amarelo, com tons e texturas totalmente novas transformava a vida que tinha naquela boneca com um pouco mais de respeito, de alegria, de novas loucuras e sentimentos distintos. (Re) fazer-se era o ato de apaixonar-se, é amar acima de tudo, aquela que mais precisa ser amada. É como se morressemos aos poucos e revivessemos a cada novo conjunto de remendos.

Maria, poderia não ser uma boneca de fato. Maria poderia ser apenas mais uma criança brincando. Ou nem ter existido. Maria poderia ser eu, poderia ser você, poderia ser ninguem. Porém, a boneca de Maria somos todos nós que nos recompomos, nos (re) construimos, que morremos, e ainda vivos a cada dia. Então lembre-se, as vezes é preciso poemas, aflições e pequenos sonhos junto de um punhado de tecido (de preferencia novo) para que possamos amar, acima de tudo, nós mesmas.

domingo, 28 de abril de 2013

Coração Bebado

... que desalinhou o meu pensar. Coração enganado, que se apaixonou por uma moça e agora nao sai de mim essa tua vontade tola. Batimentos descompassados, loucos, intensos. Que me fazem perder a racionalidade, estou confusa e a culpa é sua que se apaixonar por qualquer uma que passa. Me escuta, me escuta de uma vez e deixa essa lata parada aí. Larga essa bebida barata, volta para casa que não aguento mais cuidar de ti.

A sobriedade do meu cérebro nada adianta se tu continuas a beber desenfreado. Nao importa o quanto pareça errado, eu continuarei a pensar pois dentro de mim transborda um cheiro torturante de alcool, minhas veias, minhas artérias estão cheias dessa droga que você insiste em usar. Não vê que sofro? Não vê que não consigo fazer mais nada além de me torturar? E esse sangue todo para onde vai?

Coração tolo que acredita em qualquer sorriso fofo. coração tolo que acredita em qualquer voz, em qualquer copo, em qualquer esquina. Deixe disso! Vamos voltar para casa.


... lá pelo menos ninguem oferece uma garrafa de falsos sentimentos.

domingo, 14 de abril de 2013

e que eu pare de uma vez por todas de te encontrar em minhas alucinações

Que na maioria das vezes você se foda. Que volte ao passado porque o presente nao te pertence.

Que na maioria das vezes você sofra. E que volte para onde meus sonhos nao chegam.


Parei a xicara de café na metade, o jornal no segundo paragrafo e meus desejos na metade da linha do bloco de notas. Eu penso em você mais vezes do que gostaria de pensar e acordo com seu nome ecoando em minha mente com o cheiro do seu perfume dentro de minha mente confusa.

Eu gostaria que isso acabasse e que o passado morresse de uma vez, mas ao inves disso ele retorna todas as noites para me desejar boa noite. Contorcendo diante da solidão, vivendo de insanidade paro no meio do chão gritando de dor e mágoa. Dou uma tragada do cigarro imaginando quando morreria de tanto sofrer. O amor te mata aos poucos e envena sua alma. Vivo assim, tentando te esquecer imaginando quando a toxina irá me levar para longe disso tudo.

Dancei e cansei de dançar essa melodia macabra que me assombra nos dias frios, assim como cansei de ouvir suas musicas prediletas, recitar seus melhores poemas e comer de suas receitas. Eu estava farta de me decompor em pequenos versos sem sentido e cambalear em becos sem saída.

Quisera eu, realmente, morrer de amores. Quisera eu, realmente, cair em delirios e esquecer da crua realidade que me amaldiçoa. Mas creio que talvez isso não seja possivel. O tempo nao para por você. Essa foi uma dura lição que aprendi quando me desmanchei em lágrimas perdidas em botecos sem nomes.


Mas a melhor das lições foi ter compreendido que o afeto por si só não basta, que a ferida por si só não fecha, e que o amor por si só não acaba.

e que eu pare de uma vez por todas de te encontrar em minhas alucinações

Que na maioria das vezes você se foda. Que volte ao passado porque o presente nao te pertence.

Que na maioria das vezes você sofra. E que volte para onde meus sonhos nao chegam.


Parei a xicara de café na metade, o jornal no segundo paragrafo e meus desejos na metade da linha do bloco de notas. Eu penso em você mais vezes do que gostaria de pensar e acordo com seu nome ecoando em minha mente com o cheiro do seu perfume dentro de minha mente confusa.

Eu gostaria que isso acabasse e que o passado morresse de uma vez, mas ao inves disso ele retorna todas as noites para me desejar boa noite. Contorcendo diante da solidão, vivendo de insanidade paro no meio do chão gritando de dor e mágoa. Dou uma tragada do cigarro imaginando quando morreria de tanto sofrer. O amor te mata aos poucos e envena sua alma. Vivo assim, tentando te esquecer imaginando quando a toxina irá me levar para longe disso tudo.

Dancei e cansei de dançar essa melodia macabra que me assombra nos dias frios, assim como cansei de ouvir suas musicas prediletas, recitar seus melhores poemas e comer de suas receitas. Eu estava farta de me decompor em pequenos versos sem sentido e cambalear em becos sem saída.

Quisera eu, realmente, morrer de amores. Quisera eu, realmente, cair em delirios e esquecer da crua realidade que me amaldiçoa. Mas creio que talvez isso não seja possivel. O tempo nao para por você. Essa foi uma dura lição que aprendi quando me desmanchei em lágrimas perdidas em botecos sem nomes.


Mais a melhor das lições foi ter compreendido que o afeto por si só não basta, que a ferida por si só não fecha, e que o amor por si só não acaba.

segunda-feira, 18 de março de 2013

A história da consciencia que sonhava com astros

Andava meio triste como se visse o mundo com apenas uma cor cinza. Andava pelas esquinas atras do novo e tudo o que encontrava era concreto. Em busca do abstrato sentir, cruzava a cidade todas as noites mas tudo o que encontrava eram definições tortas e firmes no chão.
  Um dia, cansado de tanta depeção e numeros frios, perambulou se rastejando na cidade onde não havia som nem poesia. Até dar de cara com um cachorro preto, branco e laranja. Surpreso por encontrar outro ser naquela cidade assombrada, primeiro temeu e depois, foi ao seu encontro. O cachorro apenas latiu e saiu correndo, foi seguindo por entre os becos, prédios e faixas de ciclistas. Correu e nao percebeu o coração batendo forte, correu sem sentir o cansaço das pernas, a noite virando dia. O cachorro latia, latia e quanto mais alto latia, mais parecia estar chegando onde queria. Foi entao que avistou um muro. Muro grande onde nao dava para ver o céu do outro lado, um muro concreto, frio onde se guardava as frustrações dos futuros suicidas. O cachorro parou em frente a uma porta grande que dizia "nao entre". Hesitante, ficou um tempo observando aquela rude companhia. Empurrou a porta com toda força do seu frágil ser. E foi entao que viu, se sentiu completo com tantas cores, com tantos passaros, com o ar fresco que ali passava, naquela floresta podíamos ouvir Drummond, Vinicius de moraes e Martha medeiros, podia ver paisagens de Frida Kahlo e Van Gogh, sentia, como se sentia ao terminar de ler uma poesia. Parecia que estava livre, tirou do peito aquele fio de prata que o prendia aquela cidade quadrada, correu até o céu e atravessou o mar feliz.

No plano terreno, uma pessoa morreu feliz por enxergar além do concreto frio.

domingo, 17 de março de 2013

DDeGG 7

FELIPE

Sentei em um banco da arquibancada, onde o sol não podia me ver naquele dia de calor. Tinha ido ver um dos treinos do meu pai com seu time. Aparentemente poderia dizer que estavam indo muito bem, porém não tinha muito experiência em futebol para julga-los. Papai gritava ordens, ficava vermelho e até dava alguns pulinhos enquanto movimentava os braços loucamente. Dei algumas risadas, ver ele tão alterado assim era muito engraçado. Na arquibancada tinha apenas algumas pessoas, elas estavam mais próximo do campo e eu estava em uma das ultimas. Não poderia identificar muito bem quem estava acompanhando os treinos mas notei que eram quatro pessoas, três garotas e um rapaz. Uma delas parecia-me muito familiar.

Era ela, não poderia imaginar que encontraria por aqui em um lugar tão remoto e inesperado. ela tinha me reconhecido e estava subindo as escadas para me encontrar. Tentei não parecer um pouco desleixado, arrumei os cabelos rapidamente com as mãos e ajeitei as minhas roupas. Sua pele morena ficava muito bonita contra aquele sol forte que a banhava, dava a ela um toque de uma beleza única. Sentou-se ao meu lado, ela trajava uma bermuda jeans e uma blusa branca tipo regata.

-Não esperava te encontrar aqui. Desde que te conheci, achei que era mais de ficar em casa lendo livros e não de esportes.

-Meu pai é o técnico do time, vim ver um treino dele. E você?

Ela apontou para um rapaz que estava correndo no meio do campo, sua pele era tão bonita quanto a dela, era alto e careca. Dava um charme, homens carecas. Ele usava um dos uniformes dedicados aos titulares. A conversa fluiu nesse ritmo, falamos de futebol e outras coisas. Não tocamos em nenhuma parte sobre aquele beijo, nem o que teria acontecido depois. Gostava de conversar com ela e tinha uma liberdade para me expressar. Mas não tinha coragem de contar o meu segredo para ela, mesmo que aquela situação me deixava muito favorável. O treino tinha acabado, seus amigos chamavam-a para irem embora. Nos despedimos, ainda faltava algum tempo para o almoço e pensei em ver meu pai. Era hora de ir ao vestiário.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sindrome da mao direita

Encontrei com aquela menina no meio do metro solitario, o ultimo da noite. Me lembro bem da sensacao que eu tive ao ve-la e do que aconteceu ao final. Estava parado lendo Poe, e ela estava ao som de alguma banda indie pouco explorada. Recordo-me bem que seu cheiro invadiu o vagao e seu sorriso invadiu meus pensamentos.
Timido sorri para ela, quando olhou para mim em tom de curiosidade. Timido, logo virei a cara. Senti um formigamento estranho na mao, uma vontade louca de dancar. Sai em minha estacao e perdi a menina de vista conforme o metro andava para longe de mim.

Dormi, acordei, trabalhei, voltei, dormi, acordei, trabalhei, voltei, dormi trabalhei voltei, dormi, acordei, trabalhei, trabalhei, voltei, fiquei acordado, trabalhei, fui ao parque, dancei, voltei, dormi, trabalhei, trabalhei, trabalhei, sonhei, acordei, voltei, dormi... dormi, dormi, dormi, dormi, sonhei.

Entao um dia, um dia, minha mao me acordou com um tapa na cara, me levantou, me fez tomar banho. Sem entender, tentava lutar, tentei, mas nada consegui, me fez engolir um pao inteiro com um café quente que me queimou os lábios. Saiu apressado, esbarrando nas pessoas. Tentei aplaca-lo, inciar um diálogo, mas tudo o que me dizia era para fazer silencio e seguir a vida. Tomamos chuva, gritei, tentei tomar o controle, mas ele parecia mto mais forte do que eu. Por fim, desisti.

Passou em uma floricultura, comprou uma rosa, e seguiu virando esquinas e atravessando ruas. Cheguei quase a ser atropelado o quanto parecia euforico. Depois de andar muito, pegamos um metro. Meu pé já impaciente comecou a bater no chao como forma de protesto. Meu estomago comecou a voar com varias borboletas no estomago, e eu sem entender que danca maluca era aquela.

Saímos do metro e na terceira rua à esquerda, demos de cara com um café, e ao longe pude ver suas intencoes, meus lábios abriram um sorriso, minhas pernas comecaram a dancar felizes, meus bracos, loucos afim de chegar logo, minha segunda mao a alcancou primeiro, a cutucou gentilmente, ela se virou e me viu parado.


Meu coracao fazia o ritmo louco, meu estomago com suas borboletas, minha respiracao ofegante, meu sorriso intenso, na minha mao uma rosa, entre os lábios escrito "o meu amor é teu".


domingo, 10 de março de 2013

DDeGG 6


FELIPE

O dia amanheceu um pouco calmo como de costume em manhãs de domingo. Tentei levantar da cama ja tem algumas horas, porém a preguiça parecia que tinha me acorrentado a minha cama e me selado em baixo das cobertas. Fiquei refletindo um pouco sobre o que tinha acontecido nesses dois ultimos dias. Parecia muita loucora, não, foi muita loucura. Definitivamente este foram os dias mais agitados da minha vida,  talvez eu tenha que mudar. Sair dessa mesmice, dessa rotina que se tornou a minha vida. Mas em primeiro lugar precisava superar essa paixonite pelo Samuel, apesar dela ser alimentada por tantos anos. Depois precisa arrumar novos amigos e definir um rumo pra minha vida. Estamos nas férias de verão e provavelmente ela vai acabar em alguns dias quando as aulas começarem. Meu celular tocou, eram dez horas. Tive um dos maiores confrontos da Terra, lutei contra as correntes e o selamento daqula vilã que tinha o codnome de preguiça. Arrebentei suas correntes, digamos assim que foi uma batalha bem árdua apenas para levantar da cama. Precisava vestir alguma roupa, desde de criança sempre dormia de cueca.

Tinha escovado meus dentes e desci as escadas. A casa continuava completamente silenciosa. Minha mãe estava trancafiada no escritorio, ela é escritora. Normalmente ele fica trancada lá por apenas três ou quatro horas por dia. A situação piora quando ela está perto do prazo de entregar um livro para uma editora, esquece de comer ou ao menos de dormir. Sempre tinha que estar monitorando ela, não queria que ela ficasse louca com aquilo. Ela também precisa viver um pouco fora daquele lugar. Porém meu pai era o oposto dela, enquanto ela estava em casa, meu pai estava sempre na rua. Nunca parava em casa, nem ao menos aos finais de semana. Ele é técnico do time da minha escola e ultimamente ele tem se dedicado muito para o campeonato de verão que estava por vir. Não tenho irmãos, nem parente que morasse proximo a minha casa. Então, minha casa estava sempre assim, silênciosa e com um clima de solidão. Preparei um café para dois, papai estava treinando com o time dele e minha mãe estava no escritorio.  Comi as minhas panquecas com mel na cobertura e levei o resto para a minha mãe. Quando abri a porta, ela parecia que não tinha visto muita comida, fiz ela fazer uma pausa na sua escrita. Obriguei ela à comer tudo, caso tivesse deixado por ali ela nem teria tocado naquelas panquecas. Disse que iria sair um pouco, caso algo ocorrece que me ligasse. Voltei para a cozinha , limpei a louça e peguei um tennis. Dei um beijo para a minha mãe e prometi voltar antes do almoço. Peguei o meu celular e sai de casa.

domingo, 3 de março de 2013

DDeGG 5


FELIPE

A volta pra casa foi um pouco mais tensa do que esperado. Cada um de um lado do carro, todos em silêncio e um clima pesado. Pelo que pude notar, Samuel não parava de fazer brincadeira com a garota que estava acompanhado e por infortunio ele acabou derramando refrigerante na roupa dela. A garota ainda resmungava alguma coisa muito baixo durante a viagem de volta para casa. Samuel tentou pedir desculpas, mas depois de um tem ele deve ter se cansado de ser rejeitado por ela e acabou desistindo. Flávia não disse nada após aquele beijo repentino e eu muito menos. Não queria comentar nada e nem sei ao certo se algum dos dois viram o nosso beijo. Samuel ligou o rádio e tentou sintonizar uma estação. Fora aquelas estações que falavam sobre política ou religião, nenhuma outra prestava. Aquilo deu um pouco mais de leveza no clima, porém não o tinha muito efeito. Ele desligou o radio e seguimos para casa em pleno silêncio.

Deixamos as garotas em casa, antes de sair Flavia tinha pedido o meu telefone. Ela tinha anotado no seu celular cor de rosa, por incrivel que pareça nunca tinha visto um daquele mdelo. Samuel me deixou em casa e antes de ele ir embora conversamos um pouco. Ele contou o fiasco que teria sido esse encontro e que nunca mais iria me colocar entra roubada dessa. Bom, assim eu espero. Ele foi embora e entrei em casa.

Tirei a minha roupa e joguei em cima da cadeira da mesa do computador. Escovei os dentes e deitei-me na cama. Não tinha noção de quantas horas eram, mas parecia ser muito tarde. Vai dar um pouco de trabalho tentar não comentar nada com meus pais amanhã. Minha mãe praticamente me empurrava para qualquer garota, literalmente qualquer garota. Meu pai sempre me perguntava se eu estava namorando, acho que ele sempre esperava uma resposta positiva de mim para comerçarmos a falar sobre mulheres e me ensinar alguma coisa sobre sexo. Meu celular tocou, ja estava quase pegando no sono quando ocorreu. Era uma mensagem dela. Da Flávia.

"Desculpe por hoje"

Respondi rápido e com poucas palavras, não queria parecer que estava interessado.

"Eu que peço desculpas, fui pego se surpresa."
Demorou um pouco e ela me respondeu.

"Gostei de você, boa noite."
"Boa noite" 
Foi a ultima coisa que respondi antes de cair no sono.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

DDeGG 4


FELIPE

Ansioso? Desesperado? Confuso? Não sei ao certo. Tentava por muitas vezes cancelar esse encontro, que parecia ser uma vingança do destino. Mas tudo foi em vão. Ele estava mais do que todos afim de ir. Parecia uma criança quando vê um pote enorme de sorvete e que pretende morre ali tomando. Parecia que estava na hora. Arrumei a camisa, penteiei o cabelo e passei um pouco mais de perfume. Nunca tinha exporto a minha sexualidade, nem ao menos dava a impressão que era gay. Minha consciência era clara. Sou homem e nada vai mudar isso. Desci as escadas e ele estava na sala com meus pais. Estava muito bonito, cabelos lisos e castanhos penteados e não desalinhados como sempre. Usava uma camiseta preta com algumas letras em outro idioma que não entendia muito bem, parecia ser alemão. Não sei ao certo. Calça jeans e tennis. No pescoço usava corrente de prata com um anel qualquer, também usava um. Usavamos sempre, desde de criança. Poderia ficar meio abobalhado com aquilo, mas para ele tinha outro significado. Significava melhores amigos. Juntei-me a eles, nos despedimos dos meus pais e saimos de casa.

Ela estava bonita, sim muito bonita. Não queria magoa-la, queria que fosse um bom encontro para ela. Seu nome era Flavia, tinha belos cabelos negros encaracolados e uma pela bonita como a noite. Uma negra encantadora, porém um pouco insegura. Sentia a sua insegurança em sua fala, no modo de se movimentar e no seu olhar. Esperava que esse encontro fosse muito pior do que poderia imaginar, mas depois de alguns minutos ao lado e bons papos com ela queria que fosse um bom encontro. Fomos ao cinema, todos os quatros. Eu com a Flávia e ele e seu par. No começo fiquei receioso com aquilo, ver ele se divertindo com ela. Parei e pensei um pouco, bloquiei ele da minha mente. Queria me divertir depois de tudo o que passei recentemente. Assim por acaso compramos ingressos para o mesmo filme. Não acreditava que era o mesmo filme que tinha visto na tv, porém uma versão mais recente. Tinha melhores efeitos visuais e sonoros e um elenco bem melhor. Compramos pipocas e refrigerantes. Estavamos pronto para o filme.

Não sei o porque mas acabamos um fileira atrás deles. Ficava um pouco incomodado vendo ele sussurrar no ouvido dela toda vez que o personagem principal falava uma frase impactante. Coloquei a mão no balde de pipoca quando senti a dela. As mãos de Flávia eram macias, fiquei sem graça e rapidamente recuei a mão. Como se fosse por reflexo olhei para ela. Minhas espectativas de diversão nesse encontro foi um pouco subestimada. Para uma garota insegura como ela nunca tinha pensado que ela me beijaria. Um beijo rápido, porém inesperado por mim. Recuei impulsivamente. Levantei o mais rápido possivel e sai da sala do cinema.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

DDeGG 3


FELIPE

Guardei todas as minhas coisas de acampamento e olhei-me no espelho. Estava sujo e parecia que tinha chorado a noite inteira, ainda tinha marcas de lágrimas em minha face que estavam contornadas por uma camada fina de sujeira. Precisava de um banho. Fui ao banheiro , tirei a roupa e liguei o chuveiro. A água caía em meus ombros, não estava gelada nem quente, esfreguei o meu corpo com muito sabão para ver se tirava toda aquela poeira. 

Secava meu cabelo com a toalha, estava com um apenas um short de cor azul marinho. Podia sentir o cheiro do sabonete ainda fresco em minha pele, sente na cama quando escutei a campainha. Desci as escadas e abri a porta. Era ele. Fiquei totalmente surpreso. Não esperava ver ele aqui e assim tão cedo.

Coloquei um pouco mais de refrigerante no copo dele, não tinhamos falado nada do que tinha acontecido. Apenas tinha feito aquelas gentilezas quando uma visita vem em sua casa. Ele  deu uns goles antes de começar a falar.


- O que aconteceu ontem com você?-Disse assim, na lata. Demorei um pouco antes de pensar no que responder, porém nem tive essa oportunidade.


- Te liguei varias vezes, por que não me atendeu? Sabe que pode me contar o que quiser, somos melhores amigos.-Ele disse. Tinha certeza que aquilo era pior do que inimigos, "melhores amigos".

-Desculpe, não estava com o meu celular. Então o que aconteceu ontem?-Foi a melhor desculpa que pode inventar.

-Cara, tinho muita coisa pra contar. Sabe aquela garota que estavamos olhando tinha um tempo? Então, ontem estava com ela.



Aquela sensação tinha voltado, aquela dor no peito em sabe que o cara que eu gostava estava afim de outra pessoa, sentia que queria por tudo pra fora. Que tinha que dizer o que eu realmente sentia sobre ele e tudo, mas não podia. Enquanto ele falava da noite maravilhosa que tinha tido com aquela garota eu ficava calado, apenas tentando não estragar tudo. Pensava que tinha que seguir em frente, sou mais forte pra resistir a dor que a maioria das pessoas ( pelo menos na frente das pessoas, me negava mostrar fraqueza em frente delas). Bebericava o meu refrigerante, quando ele disse que mais tarde teriamos um encontro. Encontro duplo na realidade, Não pude me conter, deixei escapar boa parte do liquido que ainda não tinha engolido na parede. Como assim encontro duplo?

domingo, 10 de fevereiro de 2013

DDeGG 2


FELIPE

Acordei meio diferente, não era uma sensação normal depois de tudo o que tinha passado e ainda estava passando. Parecia uma grande onda de emoções que submergia meu coração, porém nenhuma dessas emoções era de tristeza. Fiquei pensando em como aquilo teria acontecido e como não pude perceber. Parecia que não queria enxergar que apesar de tudo, ele era apenas um amigo e que em minha cabecinha oca ele era mais do que isso. Esta manhã estava linda, sem nuvens e um grande azul celeste acima das árvores. Com os braços cruzados atrás da minha cabeça, ouvia mo som da natureza e refletia deitado no meu colchonete.

Senti uma pequena vibração em meio as cobertas, era meu celular. Era meu pai, finalmente alguém sentiu a minha falta naquela manhã. Atendi, tentando disfarçar o maximo a voz de sono naquela manhã de sábado. Ele perguntava onde estaria suas coisas de tecnico, afinal ele era tecnico do time de futebol da minha escola. Isso pode parecer muito estranho ter seu pai na sua escola, porém tinha alguns beneficios. Não fazia ideia onde ele tinha colocados seus objetos de treino, e assim rapidamente desligou. Doce ilusão, realmente parecia que alguém teria sentido a minha falta em casa. Não estava triste por isso, tinha me acostumado com a ausencia dos meus pais desde os meus nove anos. Leventei, ao meu redor apenas as cinzas da fogueira fazia companhia entre as árvores. Estava na hora de desfazer acampamento e voltar a encarar a verdade. Apenas com uma única coisa em mente,e eu repetia varias vezes. EU PRECISO SEGUIR EM FRENTE.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

DDeGG 1

FELIPE


        Suas chamas dançavam freneticamente naquela noite, onde a luz do luar despertava uma sensação singular. Coloquei mais uma salsicha espetada em um graveto em meio as chamas, enquanto me ajeitava sobre o meu colchonete. Não tinha mais ninguém, apenas eu. Poderia dizer que estava tudo bem, porem não estava. Sentia-me sozinho, complemente despedaçado.

        Lágrimas escorriam pela minha face, soluços vinham com enorme facilidade. Sentia uma dor no peito, com se ele estivesse aberto e insetos circulassem dentro dele. Lembrar do que aconteceu apenas fazia a dor aumentar. Tive uma ideia nessa manhã. Peguei um colchonete, algumas tralhas de acampamento e entrei no meio da floresta. Precisava de um lugar onde ninguém pudesse me ver chorrando ou ao menos nessas condições. Agora, quando a noite estaria no seu ápice  a luz da fogueira banhava a minha tristeza eu poderia dizer que o tempo ajeitaria as coisas se acalmarem, mas não tinha certeza.

        Um aroma? Talvez, na verdade um cheiro de queimado entrava por minhas narinas fazendo o rio de lagrimas pararem quase que instantaneamente. Minha salsicha virou carvão, retirei o graveto de perto do fogo e joguei o mais longe possível. Os soluços pareciam ter sumido, uma luz em meio as cobertas do meu colchonete chamavam a minha atenção. Era o meu celular, ele estava no silencioso. Era outra ligação. Não era da minha família ou de nenhum dos meus amigos. Era ele. Aquele que um dia me fez tão feliz e que hoje faz o meu peito doer todas as vezes que tento respirar. Rejeitei. Com essa ligação, eram no total de quarenta e duas. Coloquei-o de lado, deitei e sem perceber estava dormindo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A gata da rua numero 1210

  A gata que estava no sofá continuava a me encarar com aqueles verdes olhos penetrantes. Todas as vezes que eu me deparava com a felina no meio do meu caminho, meu dia parecia se tornar interessante e, de forma curiosa, vivido. Me assustava a forma como me apeguei ao animal que as vezes parecia ter alma e ora, quando parava muito tempo para admira-la, tinha a impressao que até mesmo ser mais humana do que eu. Me compreendia em meio ao silencio confortante sem que eu precisasse fazer coisa alguma.

Até hoje me pergunto como entrou na minha vida e eu nao vi, quando dei por mim a gata de rua estava toda empoleirada no meu travesseiro, dormindo e sonhando com coisas que sequer passariam na minha cabeça. Meu coração mole nao teve coragem de tira-la. Todo domingo a tarde me encontrava com a gata que se esfregava querendo aconchego, esperava me sentar naquele sofá branco no canto da sala, para se aninhar no meio de minhas pernas e ali permanecermos horas a fio.

  Nao tinha o costume de ve-la, apesar de me fazer falta. Nossos encontros eram sempre quando meu trabalho nao exigia tanto de minha carne, longe dela sentia meu peito um fundo buraco cujo o tampo nao dava para substituir. Felina egoísta gostava do meu tempo - livre ou nao - voltado todo a ela, e eu nao me importava, nós duas deitadas vendo um programa qualquer naquela televisão que nem ao menos prestavamos atenção. Encolhidas diante de um ambiente que a fala nao fazia falta. Passando a mao na cabeca do ser que pouco compreendia e com meus olhos encontrando os dela permanecemos nesse ritual durante um tempo que nao fazia pretensao de contar, estava frio, estavamos enroladas nas cobertas. Quando de subito, por amor ou impulso (ainda nao sei bem qual dos dois) a beijei.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A dama, o valete e o tempo


A dama foi envenenada e nada se pode fazer,
não foi minha, não foi sua, culpa de quem?

Nao soube guiar seu destino, se deixou levar pelos ventos que apontavam um norte que não existia. Em palavras sussurradas em um quarto mal iluminado recitava que apenas o amor pode salvar uma vida. Ironico é, que horas depois, a dama havia morrido e a tal salvacao não aconteceu. Ofereceram o cálice com a promessa de que um mundo novo ela iria ver. Agora a dama só encara o vazio e o silencio de uma eternidade escolhida por ela mesma.
A mulher nobre não teria chegado a esse ponto se ao menos tivessem avisado a ela que a sinceridade já era o suficiente, menina ambiciosa não se contentou com a felicidade e com a falsa verdade alucinou. O vinho, seco como o coração de quem bebe, foi aberto por maos amigas que riam de piadas mal vistas e jogavam o liquido preto e corpulento como se fosse uma aventura inedita. “é um barato novo, você vai gostar” diziam. A fuga da realidade nunca foi tao almejada pelos cegos bardos que ali viviam.
E você, Valete, que tanto perdeu seu tempo olhando seus próprios jardins, o que queres tanto com um cadaver apodrecido? O que tem de tao belo em um amor tao funesto? Por acaso achas que salvará tua rainha? Ela não comeu uma macã envenenada, ela é que estava podre e não é com um beijo que voltará a vida. O tempo foi o ajudante daqueles que não tinham boas intencoes, o relógio não parou depois da meia-noite e nenhum sapato de cristal foi encontrado. O conto de fadas acabou.