terça-feira, 6 de novembro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Querida M.,
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Querida V,
Sei que nosso relacionamento era conturbado. Não tinhamos algo definido, e quando digo isso falo à respeito de tudo, sentimentos, relacionamento, vida. Sei também que sumi quando menos deveria te-lo feito. Não que você precisasse de mim, muito pelo contrário, ou que talvez tenha sofrido (aliás, você sofreu com minha ausência?). Mas minha ausência teve respostas, foi um cuidado armado, algo pensado. Eu não te contei, sei que fiz errado.
Porém, você havia me dito que as pessoas à sua volta estavam lhe pressionando para tomar alguma decisão sobre nós. Eu mesmo, odeio pressão. Não me pareceu justo continuar com algo forçado, botar seus sentimentos na linha de frente sem ter algo certo a ser trocado. Não me pareceu justo forçar algo que nós mesmos não ligávamos. Nosso relacionamento era fluído. Livre. Foi por isso que tomei um chá de sumiço, não queria te ver forçando uma barra que você não queria.
Vitória, essa é uma carta de desculpas, desculpas pela minha ausência, pela minha filha da putagem, desculpas pelas suas possíveis mágoas, por futuras dores. Mas é também uma carta amiga, que estende a mão, que compreende sua dor. É uma carta que pede trégua e ao mesmo tempo esclarecimento. Como se fosse um novo tempo. Não espero que você me desculpe, não espero uma resposta imediata, aliás, nem sei se espero coisa alguma. Talvez apenas que essa carta te dê a sensação de segurança, de algo passado a limpo, realmente não sei.
A verdade é que a vontade que eu tenho de te abraçar agora nunca fora tão forte. De dizer que vai ficar tudo bem. De esperar um possivel tapa na cara para ver se largo de ser tão cretina. De alguma forma, nunca quis tanto te fazer sorrir. Vai ver que é porque, em alguma hora, me identifiquei com sua dor. Que não me parece justo o teu sofrimento.
Se em algum momento você achar que pode, de alguma forma, contar comigo. Seja para discutir durante horas, para ficar em silencio, para me dar uma bofeteada na cara, simplesmente desabafar, minha casa estará livre para tomar um café em uma tarde calorosa. E se nesse momento você ainda tiver a sensação que deve ficar distante de mim, espero que de alguma forma esta carta tenha lhe ajudado. Nem que seja para você me xingar mais um pouco.
E de coração, eu espero melhoras. Esse capítulo da sua vida está encerrado, você tá sofrendo pra caralho agora, mas daqui há um tempo estará melhor. Você merece o melhor. Então erga sua cabeça e cate esse coração partido, coloque aquele batom vermelho e vá de novo à luta.
Desejo-lhe sorte,
Isabella.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Querida Carla,
segunda-feira, 9 de julho de 2012
ilusão
Mas o sol nunca chegará.
domingo, 8 de julho de 2012
Xeque-mate.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
...
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Projeto S.O.S. Cartas
Quanto tempo que não escrevo aqui, muito tempo mesmo. Estou voltando a escrever no blog e estou começando uma nova de literatura. Na verdade, estou apenas tentando voltar aquela que nestes últimos tempos anda um pouco esquecida. Sempre tive uma enorme vontade de poder receber uma carta, uma que não seja uma maldita cobrança. Algo que faça você sair da rotina e que possa te desligar um pouco desse mundo de informações. Porém isso não quer dizer que o blog vai acabar ou coisa parecida. Apenas um acréscimo ao nosso blog.
O "Projeto S.O.S. Cartas" será uma forma diferente de introduzir diferentes pessoas e diferentes formas de literatura ao nosso blog, portanto eu @RafinhaAfonso estarei respondendo e enviando cartas para quem estiver afim de receber. Caso alguém queira, é só enviar o nome completo, idade, CEP e endereço completo para o meu e-mail : rafaelafonso_2009@hotmail.com. Peço-lhes uma coisa, quando enviarem o e-mail coloquem o assunto como " Projeto S.O.S. Cartas ". Assim, ficaram melhor para poder identificar. Já tenho quatro pessoas que envio e respondem as minhas cartas.
Grato, @RafinhaAfonso
terça-feira, 29 de maio de 2012
Andreia.
Fenomeno do uso
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Vontade.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Madrugada.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
A menina dos olhos Parte 1
Eram dez horas da noite e ainda estava se maquiando, à espera do grande evento que acontecia na cidade. Mas não estava animada, na verdade, estava bastante insegura. Parece que estava prevendo que hoje aconteceria algo... e algo ruim.
Há três semanas conheceu uma menina especial. Beijos, abraços, caricias, conversas, risos. Estava em boas vibrações. Ela era bonita, inteligente, engraçada. As coisas andavam bem. Se encontravam muitas vezes durante a semana. Sonhava com ela. Pensava nela. Assim como ela também sonhava e pensava. Seu repertório musical estava mudando aos poucos para algo mais profundo, mais intenso, mais apaixonante. E aos poucos as barreiras que tinha, estavam afundando. Ela pediu para não se apaixonar, mas as coisas saíram de controle para ambas.A voz, a dança, mudaram para movimentos sutis, leves daqueles que deixava-se fluir com o vento, com o coração.
E ontem soube que ela conhecera uma amiga de amiga. Não seria grande coisa se essa menina não a tivesse flertado loucamente na noite passada, não seria grande coisa se não estivesse com ciumes. Era dificil admitir, quanto mais falar em voz alta o quanto ela estava gostando daquela menina bonita. Verdade que não tinham um relacionamento, verdade que não tinham um namoro, mas tinham algo, não qualquer tipo de algo, algo superficial ou industrializado. Tinham algo profundo, louco, macio que deliciava a cada instante que passava ao lado dela. Deixou de fazer trabalhos, deixou de descansar para estar junto dela, deixou-se de lado por um instante. E desse instante se fez a eternidade.
Não conseguia esconder o ciumes, a insegurança e a angustia que o simples ato de adicionar fez. Por que esse contato que ela tinha com essa menina era tão estranho, tão desconfiado. Havia malicia absoluta. E as horas que antes corriam tão rapido passavam tão devagar enquanto esperava sua carona chegar para ir ao tal evento. O nervosismo não conseguia se esconder. Disseram que estava paranoica, mas sabia, no fundo sabia. Um pressentimento, um sexto sentido, não se sabe.
Perguntava se faltava alguma coisa: Roupa especial, maquiagem, olhos determinados, sorriso simpatico, faltava algo? Ah sim, claro, quase se esquece do amor-próprio. Não pode faltar jamais.
E lá estava uma menina-mulher se maquiando em frente ao espelho, com sua melhor roupa, com seu melhor sorriso se maquiando para ir à um evento qualquer para encontrar por acaso uma menina não-qualquer no meio de uma multidão que não faria-lhe falta. Havia naquele espelho o reflexo de olheiras, de preocupação, de ansiedade, existia cansaço e ao mesmo tempo determinação, euforismo, agitação. Havia naquele espelho uma mulher que estava lutando para não sentir a dor de um coração partido e ao mesmo tempo uma menina que teimava em dizer que existia o amor.
Foi naquele momento que sua carona chegou, e naquele instante não saía de lá uma menina-mulher com medo de perder um amor, saía de lá uma guerreira atrás de suas conquistas.
A menina dos olhos Parte 2
Ela estava no meio da multidão, com amigos, bebidas, cigarros, ela estava rindo... parecia saber onde estava mas no fundo havia se perdido, sem saber que rumo tomar ou que caminho escolher, estava mergulhada em outro universo tentando juntar os pedaços dela que ali faltavam. Precisava encontra-la, precisava saber se estava tudo bem, queria acreditar que os pressentimentos eram alarme falso, era coisa de sua cabeça. Estava sufocada, sozinha. A cada pessoa que ia se juntar ao grupo a menina já se perguntava se não era ela e a cada rosto semelhante o coração já disparava. Dançava sozinha, uma dança pesada, lenta, forte, carregada de nostalgias, sua voz não saía, sua canção foi parando a cada verso, estava perdida nas estrofes, entre notas desconcertadas. O ambiente sumiu, não conseguia ficar em pé, queria se deitar no chão e ali ficar.
Fechou os olhos, se concentrou em voltar para o mundo real, aos poucos sentiu o cheiro do concreto, as risadas das pessoas, sentiu a musica que tocava, sentiu-se presa e quando acordou seus olhos encontraram os dela. O tempo parou e os segundos pareciam se tornar eternidades. Naquele momento não existiam pessoas, não existia musica, não existia chão. Existia dor. Se imaginou em um abismo e caindo aos poucos, chegou ao fim transformando as lembranças em realidades, sentimentos com racionalidade, fantasia em consciencia. Por que ao mesmo tempo que seus olhos se encontraram, os olhos também encontraram as mãos se soltando. Ela com outra. Respirou fundo, guardou a lágrima para depois e de menina-mulher voltou a ser guerreira.
Onde está a Tai?
Está ali com a Moara.
Com quem?
“A menina que você beijou se chama Moara, porra, Moara!” A menina levou um susto, houve exaltação. Tudo pareceu muito confuso e então virou um tiroteio. Ninguem ali sabia o que estava acontecendo, mas sabia a intensidade da cena. O tempo, tenso, começou a rodar devagar como se quisesse dar enfase aos detalhes que a memória depois tornaria a puxar. A guerreira então se encontrou com seu maior obstaculo. Você ultrapassa 500 barreiras e quer parar agora? Injusto. Infantil e extremamente desnecessário. Se cumprimentaram como se fossem velhas conhecidas que não se reconheciam. Olhar vazio, não sentia os toques, o dialogo parecia querer dizer algo que nem as duas sabia o significado enquanto isso a voz dela pesava em sua mente. Queria desabar, mas era forte.
Ta tudo bem?
Sim, só estou com dor... Estou sempre com dor quando você me vê, né?
A menina parecia procurar algum sentido naquela conversa, procurava em meio a olhares vazios um sinal, não encontrou. Então foi embora se despedindo seca, sem emoção. E vendo-a partir para longe não pode deixar de perguntar: o que está acontecendo? Ninguem soube responder, ninguem nem ao menos conseguiu digerir. Parecia então que aquela meia dúzia de pessoas viraram parte de um corpo só. E eles sentiram, não tão intenso quanto a menina, mas sentiram a dor de um coração partido.
Fingiu não acontecer nada, parecia não entender, até a hora que uma de suas amigas trouxe a noticia com convicção. Elas ficaram. E então tudo começou a fazer sentido, o soltar de mãos não foi por que eram grandes amigas e sim, por que eram amantes. Comecei a me perguntar por que deixei as coisas irem tão longe, tão fundo.
Você não ia me contar?!
Ia, mas mais tarde, não queria te ver assim.
Depois disso comecei a pensar em tudo. Desde o momento que a conheci até agora. “Se ela não se importa comigo a ponto de ficar com outra pessoa então por que soltar a mão? ” Remoía a pergunta e não encontrava resposta, não encontrava lógica. Prometi à mim mesma que não deixaria acontecer, que permaneceria forte, que colocaria mais e mais barreiras pra manter o sentimento distante e assim não sofrer. As lágrimas magoadas caíam junto com meus muros, me tornei vulneravel, frágil. Justo eu que fugi disso por tantos anos. Naquele momento não sabia em que pensar. Estava oca. Não senti o chão, as pessoas. Tudo que queria era entender em que momento perdi o controle. Parecia egoismo, podia até ser, mas porque deixei ela entrar na minha vida? Por que agora, dessa forma? As lágrimas não se continham. Um minuto de controle, um meio sorriso e lá estavam elas novamente, deixando claro mais uma vez que não adiantava negar. E se eu não tivesse dito “Gosto de você”, se tivesse parado antes mesmo de começar, se, se e se... Burra, estúpida. Não deixe que alguém entre em sua vida de novo, não sinta. É isso que acontece quando as pessoas se deixam levar. Me martirizava como se fosse resolver algo, como se a culpa fosse toda minha. Quis voltar atrás. Tarde demais.
Participação especial de Moara Ribeiro
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
E quando o carnaval passar...
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Conto de fadas.
Estávamos todos no bar, comendo, bebendo, rindo. Nada de especial, nada que pudesse ser o ponto alto da noite. Pudera, era quarta-feira. O bar nem estava tão cheio assim, para falar a verdade, tirando a nossa mesa, eram mais 4 ou talvez 5. Já estavamos à beira da embriaguez quando uma mulher se aproximou de mim. Olho com olho, o mundo parou. Arqueei as sobrancelhas para demonstrar minha confusão. Ela não era só uma mulher qualquer. Nunca é, não é mesmo? Por trás desses encontros aleatórios ( ou não ) sempre tinha uma história, na maioria das vezes, triste.
Essa história não era diferente, não tinha uma página só dela, não era um caso isolado, muito menos um capítulo a mais. Era igualzinha a todas as outras. Aconteceu que eu conheci essa mulher, aconteceu que eu a chamei para sair e … Aconteceu. Loucamente apaixonada por ela. Mas não, eu não era tão burra, ou será que fui? Provavel que tenha sido, mas meu orgulho não me deixaria confirmar isso. Um dia, pela manhã, estavamos na cama, acabando de acordar de uma noite de amor, estava tudo bem. Conversa normal, caricias normais, até o café era o mesmo. Quando o sorriso lindo dá lugar a seriedade perigosa. E então aquele conto de fadas começou a mudar.
- Renata, tenho que te contar algo. - não gostava quando a conversa começava por ai... - Eu queria te dizer isso há muito tempo... Só não conseguia por que você me faz um bem tão grande que eu não queria estragar tudo isso. Mas eu preciso te dizer. Não por que eu quero, por que sei que tudo o que fizesse agora vai para o ralo, mas... não ando sendo uma pessoa digna..
- O que? - interrompi – Fale logo, Andreia!
- … Eu tenho uma namorada.
O resto vocês já devem saber como foi, choro, gritaria, dor, chocolate, reclusa. Nem preciso dizer o quão mal fiquei, porra, eu me apaixonei por ela e nesse dia eu percebi que era tudo uma ilusão. Os corações partidos que lerem isso, devem imaginar a dor que senti. Mas passou um tempo, e ainda bem que o tempo é o melhor cumplice para ajudar a catar os restos do coração. Para ser exata, passou um mês.
E lá estava ela, na minha frente. Meu coração parecia explodir. Ficamos nos encarando, eu não conseguia dizer nada e parece que ela tampouco.
- Renata... - acho que ela não sabia bem como começar. Se fosse outra época eu acharia tudo isso muito engraçado. Mas eu estava curiosa e séria, como nunca estive na vida. Ela mexeu no cabelo com as mãos, meio que sem jeito. - ... Eu não consigo te esquecer, e cada segundo que estive longe de você parecia que tudo era um vazio. A sua falta me traz uma tristeza muito grande. Terminei com a minha namorada uma semana depois, não estou querendo te provar nada, mas é que eu não conseguia vê-la da mesma forma, o meu coração já não era mais dela. Eu sinto sua falta, e... eu poderia dizer que se eu voltasse atras sairia tudo diferente, mas ficaria pior. Não teria me encontrado com você, tampouco lhe beijado e aí, eu não descobriria o amor que sinto por você. Sim, eu te amo e sei que fiz merda sem tamanho, não estou pedindo um perdão, não estou pedindo uma chance, estou pedindo um recomeço e se você por acaso pudesse esquecer as dores que te provoquei e pudesse começar tudo de novo, eu faria do melhor jeito possível, por que agora eu tenho muito o que perder. E aí, você topa?
Não preciso dizer que a mesa toda estava muito quieta. Não preciso dizer que eu estava muito quieta. Não consegui processar o que ela dizia, não conseguia lembrar das palavras ou sequer que eu tinha um chão. Atitude inesperada, surpresas. Ela era mesmo uma caixa de bombons. As frases aos poucos iam caindo na minha mente, acho que demorei demais para esboçar alguma reação, ela fez uma cara triste e foi dando meia-volta. Meus amigos não pronunciaram palavra alguma, silêncio. Aquela era a mulher que eu estava apaixonada, ou melhor, que eu estava amando, indo embora na calçada com um semblante triste. Se eu ficasse lá, eu a perderia. Eu perderia uma parte feliz da minha vida. Entre prós e contras minhas mágoas estavam pesando demais naquela balança. Foi então que compreendi o que o tempo queria me dizer. Me levantei de súbito, me preparando para ir ao seu encontro quando um amigo me puxou pelo braço e me disse “Não acredito que vai atras dela! Ela te magoou muito” e retruquei no automático “A vida é curta demais para nos prendermos as magoas do passado.” puxei meu braço para perto de mim e sai correndo para alcança-la. A calçada nunca foi tão longa. Cheguei passando a mão em seu braço até chegar na mão, que apertei com carinho e não soltei. Dei um beijo na bochecha e sorri.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Antes de ir,
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
diferenças
Eu sempre fui uma pessoa que se interessava por festas. 23 anos. Loira. Estatura média. Cabelos curtos. Tatuagens? Sim. Piercings? Também. Podemos dizer que eu gostava de sentir a dor... Se eu acreditava em Deus? Não. No amor? Muito menos. Minha alma pertence ao mundo. Me considero livre na medida do possivel. Flexivel.
Mas essa não é a minha história. Não é sobre mim. Alias, não é SÓ sobre mim. Tem uma outra personagem principal. Uma que provavelmente, vocês leitores, vão gostar mais do que de mim. E digo isso por que eu gostaria mais dela do que de mim se eu fosse uma terceira pessoa. E sabem por que? Por que ela é uma pessoa apaixonante. Dos pés a cabeça, das moléculas à alma. E isso, e isso, meus caros... Me deixava cada vez mais louca por essa mulher.
Sempre uma pessoa caseira. 21 anos. Negra. Um pouco mais alta que a media. Cabelos cacheados. Meu corpo não tinha tatuagens ou piercings, não precisava disso. Se acreditava em Deus? Não. Se eu acreditava no amor? Com toda e absoluta certeza. Gosto das viagens mais loucas. Da natureza e era escrava de meus sonhos.
Eu não saberia dizer por que fui a balada nesse dia, acho que estava ficando um pouco cansada da solidão caseira. Quero dizer, se eu tivesse alguma companheira, a história seria outra. Perda de emprego, longe da familia, tava dificil de me sustentar emocionalmente para qualquer coisa. Eu precisava ficar bebada. Descontrolada. Louca. Também não sei por que fui nessa especificamente, tive um pressentimento que era essa que eu queria. Comecei tomando uns pileques até conseguir me soltar, me tornar selvagem dentro daquela floresta urbana. Música eletronica, mulheres bonitas. No começo dançava timidamente mas, depois que o alcool foi entrando, me senti liberta. Fui mesoltando aos poucos, deixando minha cabeça leve, curtindo a música, tomei umas cantadas aqui-e-acolá, mas nada que me interessasse muito. Eu não precisava de alguem para agora, precisava de alguem para o momento. Me julguem. Uma das minhas frases preferidas. Foi descrito por uma amiga minha. E ela seria mais ou menos assim “o gostar estar para o agora, como a paixão está para o momento e o amor está para o sempre”. Então, eu precisava de alguem para ser o meu momento ou talvez, o sempre. Mas isso não me impedia de tomar uns xavecos e dar uma paquerada.
Começo da noite. Bebi tudo o que tinha para beber. Me animei. Fui até a pista de dança e comecei a me desprender do mundo, fazia muito tempo que eu não ia nesse lugar, mas pelo visto, nada mudou. Mesmas pessoas, mesmo papo, mesma pegaçao, blá blá blá. Fui ao banheiro e quando voltei tinha uma garota nova -e digo nova por que ela era carne fresca naquela balada – tomando conta da pista de dança, me interessei. Mas antes de voltar, vou pegar logo essa menina que está me dando mole. Beijos, amassos, carinhos, numero de telefone – que eu por acaso nunca ligarei –. Corri para a pista para ver se a garota ainda estava por lá. Dei sorte. Entrei na pista dando tudo de mim, cheguei a ficar cara-a-cara com ela. Dançamos juntas algumas músicas, troca de olhares. Eu tava começando a fazer o jogo dela. E meu deus, como ela sabia seduzir uma mulher. Pela primeira vez na vida me ocorreu algo, eu estava com medo. Acho que os belos olhos apaixonantes da moça me deixava intimidada. Aquelas encaradas. Aquilo tudo me encantava. Eu precisava daquela mulher para mim.
Entrou uma mulher na pista de dança, era branca, de cabelos curtos, tatuagem e piercing, ela era linda. Não fazia meu tipo, mas era linda. Dançava frente-a-frente, me provocando... E como provocava bem! Mas esse jogo dava para duas, e guria, eu sou uma boa jogadora. Música indo e vindo, parecia que estavamos só nós duas na balada. Eu não sabia qual era a dela, mas estava me divertindo muitissimo, depois tenho que agradecer a moça por isso tudo. Dançamos juntas. Sorrimos. Trocamos olhares. Esse jogo tava ficando rotineiro sem nos tocarmos, vou dar uma sacudida.
Corpo dela junto ao meu. Peito com peito. Pernas perdendo o sentido por um instante. Que o seu Deus me ajude, mas nunca me senti assim antes! Não pude aguentar, tive que passar a mão nos braços dela. Pele macia. Passei os dedos pelos ombros, pelas curvas de seu corpo – até onde o respeito deixava –, passei a mão pelos cabelos dela. Pela face. Não existia mais ninguem na balada. Aquele jogo de erotismo estava me deixando nas alturas. Ela passou a mão pelo meu corpo também. Mexeu em meus cabelos, deu mais um belo sorriso, e em um ato ousado eu a beijei.
Fui me deixando levar pela situação, meu peito bateu mais forte e parecia que ia ser arrebentado para fora de meu corpo, ela me beijou, lábios finos. De repente nem música mais havia no ambiente, senti o coração dela acelerar. Passei a mão nela. Acabou o beijo, estava na hora de ir. Estava cansada, estava feliz. Perguntei seu nome, lhe disse o meu. Conversamos um pouco.
E ela me agradeceu por te-la feito feliz essa noite. Eu também estava, mas fingi que não. Não perguntei sua idade, nem onde morava, nem o telefone. PUTA QUE PARIU, COMO SOU BURRA!
Sonhei com ela.
Não consegui dormir pensando nela.
Não sei direito o que aconteceu ali.
Mas de uma coisa eu tenho certeza...
… Eu preciso encontra-la.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
mudanças
Toco nas paredes do quarto como se eles envelhecessem com o tempo, como se eles fossem ficando pequeno.
Talvez meu ninho esteja ficando pequeno mesmo para mim. Mas para onde irei? Não tenho casa, não tenho ninguém. Nada.
Malas arrumadas para um lugar que eu não saberia dizer. Passagens aereas para lugares que eu não conhecia. Será que estou indo acompanhada? Voo marcado como sentença de morte, por que parecia tudo tão triste?
Mudanças. Mudanças. Mudanças. Não gosto de mudanças. Parece que é assim, esse soneto de despedida clara mesmo que ainda não tão óbvia.
Cheguei ao aeroporto não sabia onde ir, não sabia para que ir. Estava desnorteada. Sem pressa, subi aos poucos no avião. Passageiros se arrumando em seus devidos assentos, crianças não sabendo o porquê de tudo isso. E o meu medo de voar ainda continuava intacto. Se eu tinha tanto medo assim de um lugar fora do chão, então por que eu comprei essa maldita passagem?
A chuva de perguntas não parecia cessar. O avião decolou. Dei uma cochilada rápida o suficiente para a aeromoça já me perguntar se eu queria água ou refrigerante. Mas minha senhora, será que não percebe o estado que eu cheguei? Será que não percebe que eu nem sei o que estou fazendo aqui? Era o que eu queria perguntar mas teimava em engolir. Aceitei uma água a contra-gosto.
Uma hora, duas horas... duas horas e meia de voo, e enfim desembarquei. Pessoas novas viajando para lugares com destinos feitos, familias, casais, amigos. Todos juntos. Desconhecidos que se entrelaçavam através de voos similares para lugares identicos, eu parecia sozinha, parecia perdida.
Esperei pela minha mala mesmo não querendo faze-lo, minha vontade era largar tudo e voltar para a minha casa, se é que eu ainda tinha uma casa, pelo tamanho da mala parecia que eu realmente iria me mudar.
Sai pelo portão de desembarque como se estivessem me abrindo um novo mundo.Tudo parecia tão novo... tão vivo. Tão...
Então a vi, ali, parada no meio da multidão, me aguardando ansiosamente. Foi ali que me lembrei para onde estava indo, a tristeza foi embora e um sorriso ia se abrindo aos poucos, meu novo lar, minha nova casa. Agora não parecia tudo tão solitário assim. Nos encaramos por um instante como se estivessemos tentando contruir nossa casa ali mesmo, era ela o meu lar. Me fiz em abraços apertados. Larguei minhas malas pelo chão frio do aeroporto, não queria larga-la.
Eu estava pronta para mudar.